Capítulo 5

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Quando tomei distância daquele bar, senti a mão forte me segurar pelo braço. Era o Antônio me forçando a parar.

- para com isso Juliette... Deixa de ser criança. - ele falou me segurando com força.

- criança? - perguntei indignada. - Você me trai publicamente e eu sou criança.

- e você quer que eu viva como? Eu tenho 25 anos... Estou no auge dos hormônios. Um homem precisa suprir suas necessidades e você não quer fazer isso comigo. Aí fica magoada por uma coisa a toa dessas. - ele fazia pouco caso do acontecimento.

- a quanto tempo faz isso com essas mulheres?

- a Juliette... É sério?

- como eu me enganei... Foi falta de aviso? Não! Todos me avisaram, mas eu estava cega.

- não é verdade... Sou doido por você coisinha. - ele tentou tocar no meu rosto.

- me solta seu mentiroso. - me desvinculei dele. - nunca mais chega perto de mim.

- você é doida por mim. Não dou uma semana e você volta a usar isso aqui. - ele falou fazendo alusão a aliança.

- eu sou é doida do juízo e só isso explica essa ilusão em cima de você. Falso.

Eu estava tomada pela ira e cheguei em casa mais rápido que o habitual.

- e aí filha? Como foi no centro?

- cadê o meu vestido mainha?

- oxe... Vai mexer em vestido essa hora? Tá em cima do guarda roupa.

Fui na cozinha e busquei uma faca... Uma faca afiada e também um banquinho.

Subi no banquinho e catei o vestido de cima do guarda-roupa. Simplesmente rasguei cada parte que era possível ser rasgada.

- valei-me Deus. Juliette do céu... Menina tu tá doida?

- acabou mainha... Acabou e nunca mais quero que fale de Antônio para mim, ouvisse?

- Jesus do céu... - ela estava abismada.

- ele era o pior entre todos os piores, mas ainda bem que descobri a tempo.

...

Casa do padre João.

Batidas na porta.

- quem será essa hora?

Era o Emílio, funcionário da igreja.

- padre João por nossa senhora, Juliette terminou o noivado. - o rapaz disse numa felicidade só.

- não me diga? Deus age na hora certa. Me conte mais.

Emílio contou tudo e a fofoca corria solta na cidade.

- padre... O senhor é muito amigo dela... Será que agora não poderia falar um pouco de mim pra ela? - me perguntou envergonhado Emílio.

O jovem rapaz nutria uma paixão por Juliette e isso fez o padre Rodolffo sorri diante da proposta.

- vou ver Emílio. - disse tentando controlar o riso.

O rapaz foi embora e o padre Rodolffo começou a falar.

- aqui o povo é meio rápido... - ele disse num tom divertido.

- Emílio gosta da moça dos tempos de escola... Mas sabe como é...

- ela não quer...

- não.

- mas quem sabe... Ela agora está desiludida. Esse rapaz parece ser bom. De Deus ao menos é... - padre Rodolffo falou em tom sugestivo.

- ela não vai querer... Coitada da minha menina. - disse sentindo o peso das palavras. - gosto muito dela.

- o sentimento deve ser recíproco.

- a Juliette não tem muitos familiares, seu pai faleceu e sempre mantivemos uma ligação desde a infância. Ela já me pediu inúmeras vezes para que eu não fosse embora.

- ela foi na igreja hoje.  Atrás do senhor... - ele me disse com um olhar um pouco desconfiado.

- e te encontrou no meu lugar... Aposto que ela ficou surpresa.

- e desapontada...

- e você?

- eu? O quê tem?

- acho que vocês podem ser amigos... Assim me sinto mais tranquilo com a partida.

- não sei... - ele sorriu fraco. - ela não gostou muito das coisas que eu lhe falei e talvez o nosso encontro tenha sido repentino demais.

- confio na sua honestidade e sei que poderão ser bons amigos. Se eu fui como um pai, será tu um irmão mais velho.

- se Deus quiser.

Nosso padre deu um sorriso fraco e logo foi se recolher. Não entendi se ele não havia gostado da Juliette ou se tinha outro motivo por trás daquele semblante abatido. Mas uma coisa era certa, com a minha saída daqui ele assumiria o meu papel e função, então que Deus o orientasse ao melhor.

...

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