No dia seguinte...
Era mais uma manhã de trabalho e graças a Deus hoje já era sexta-feira. Hoje não tinha aula de reforço, então teria a tarde livre para ajudar mainha nos serviços dela.
Era horário de intervalo e eu nem saí da sala.
- senhorita Juliette. É para ti... - Juvenal, o inspetor, me entregou um pequeno embrulho com um docinho dentro e junto dele, tinha um pequeno bilhete.
"Já tenho saudades... Vem me ver hoje? Se não puder vir, deixa a janela aberta pra mim."
Senti o coração palpitar. Estava vivendo a coisa mais louca da minha vida, mas hoje não teria como vê-lo. Minha mãe desconfiaria. Então só me restava a opção da janela, mas se mainha acordasse? Se formos pegos antes da hora?
Passei o dia inteiro pensando nisso. Indecisa sobre fazer ou não fazer o quê ele me pediu.
- mainha queria ir ver Camila... Posso ir?
- hoje não Juliette. Já tem andando demais. Camila também pode vir aqui.
- não sei por que está me prendendo agora.
- por que está mentindo para mim. E não gosto que minta.
- não estou mentindo. A senhora está paranóica.
Mainha tinha uma espécie de radar... Sempre foi assim. Isso já não me importava, eu abriria a janela e talvez fugiria com ele, para termos um tempo a sós.
O dia passou se arrastando, mas finalmente a noite caiu.
...
Casa do padre.
- onde vai Rodolffo? - meu pai curioso me perguntou.
- não vou responder. Sabe da resposta.
- já deu entrada no seu afastamento?
- enviei hoje o telegrama ao bispo.
- não deveria esperar um pouco mais para ser que visitar a moça na calada da noite? Não estão muito acelerados?
- não vamos fazer nada... Calma.
- estou vendo que sua mãe vai ter um ataque.
- ataque por quê?
- ora por quê? Não vou nem dizer... Palavra tem poder. Cuide-se. Seja invisível. Pense na moça.
- eu sei pai.
Sai de casa pelos fundos, usava uma capa preta com capuz e óbvio que eu teria cuidado em não aparecer. Eu teria que ser apenas uma sombra na noite.
...
Eu estava vigilante no sono de mainha e mantinha a porta do meu quarto fechada. Imagina se ela pega um homem no meu quarto? Era capaz dela acordar toda a Piancó.
Ter consciência de que o quê eu fazia era errado, eu tinha. Mas mesmo sendo errado, não desejava evitar. Eu estava devidamente vestida e ele só viria me dá um beijo, seria só isso, depois ele iria embora.
Meu coração disparou quando uma pedrinha fez barulho no teto. Eu sabia que era ele.
Abri a janela, fiz um aceno para que me visse ali e vi que ele estava quase indo para o outro lado.
Quis falar assim que o vi, mas ele colocou o dedo nos meus lábios e eu me afastei para que ele pudesse entrar.
Assim que estava de pé dentro do meu quarto, ele segurou minha nuca com uma das mãos enquanto me escorava numa parede.
- que saudade... - ele disse num sussurro antes de me beijar.
O beijo começou delicado, mas logo passou a ser um beijo mais profundo e intenso, que fizeram minhas pernas ficarem bambas.
Da minha boca, sua boca saiu para o meu queixo e logo depois para o meu pescoço, enquanto seu corpo amassava o meu contra a parede.
Senti que ele estava passando um pouco dos limites quando sua boca parou na curva do meu colo. Mas não tive tempo de externar, por que mainha foi mais rápida.
- Juliette... Abra essa porta.
...