Capítulo 86

116 31 14
                                    

O médico deslizava com a ajuda de um gel um aparelho sobre o meu ventre. Eu tentava conter a emoção, mas não conseguia. Era o meu bebê, o primeiro de um amor tão incrível, improvável, bonito e inesquecível.

- papais... É só um bebê. - ele disse sorridente. - está bem formado, olhem aqui.

Era uma imagem preto e branco, mas ele tentava nos mostrar a nossa criança.

- está muito bem sentado na casa dele. - o médico dizia isso e Rodolffo tocava a minha testa. - está tudo bem mamãe, só indico que não coma muito sal, nem muito açúcar, tente se alimentar bem e cuide do emocional. As mulheres grávidas devem manter uma certa tranquilidade para evitar surpresas desagradáveis.

- eu vou cuidar dela Doutor. Pode deixar. - Rodolffo me deu um beijo na testa.

- namorar a sua esposa também faz parte do processo. Não precisam se privar. Muitos casais acham que é proibido, mas não é a verdade. Enquanto tiverem vontade podem fazer.

Senti minhas bochechas queimarem e Rodolffo apenas sorriu.

Saímos do consultório tão leves e com a receita apenas de vitaminas que eu devo tomar. Estava tudo muito bem.

- e aí... Como vai meu neto? - mainha perguntou.

- está ótimo mainha. Crescendo.

- ah... Que graça. - ela respondeu.

- graças a Deus que tudo vai bem querida. - minha sogra disse segurando as minhas mãos.

Não conseguia acreditar totalmente em Vera. E ultimamente ela andava me mimando. Eu a aceitava por amor a Rodolffo e também por que não tínhamos outras alternativas no momento. Não se tratava de odiá-la, simplesmente não conseguia confiar totalmente nela.

- tá tudo bem mamãe. Vocês pretendem fazer alguma coisa antes de voltarmos?

- não filho.

- eu quero ir num lugar com Juliette, mas não vou demorar.

Rodolffo saiu segurando a minha mão e entramos no carro depressa.

- onde vamos?

- agradecer a Deus por tamanha benção. - ele disse com o olhar cheio de lágrimas.

Paramos diante de uma igreja e eu me senti em dúvida sobre entrar.

- o quê foi meu amor? - ele me perguntou com um olhar terno.

- não deveríamos entrar... Vivemos em pecado.

- mas somos abençoados, só os que Deus permite trazem novas vidas ao mundo. Ele nos deu um filho para provar que o nosso amor é frutífero e eu quero agradecer a ele nesse templo.

Lhe dei a mão e juntos entramos na igreja. Não fomos notados por outras pessoas e rezamos juntos.

- obrigado meu pai por me proporcionar a realização de um sonho. Era algo adormecido na minha alma, mas o senhor não deixou que ele morresse. "Muitos são os planos no coração do homem, mas o que prevalece é o propósito do SENHOR." Obrigado por me dá um amor e uma família.

Eu não conseguia conter as lágrimas.

- se for da sua vontade, me permita casar com ela antes da chegada do meu bebê. Não quero mais viver em pecado, quero ter a minha família mais junto a ti.

Ele fez o sinal da cruz e beijou minha mão.

- tenho fé que vamos conseguir casar antes do nascimento. - ele me falou olhando nos olhos.

- é tudo que mais quero.

Saímos da igreja e voltamos para buscar nossas mães.

...

Uruaçu, Fazenda dos Rios.

Eu estava no estábulo dos animais com Ernesto e estávamos caminhando para a casa.

- quer dizer que o quê eu vi hoje não foi miragem? - interroguei Ernesto.

- Juarez... Não conte a Vera.

- eu não vou contar. Mas fale... Dormiu com a mãe de minha nora?

- foi... E agora não sei o quê vai ser. - ele disse um pouco triste.

- por que não sabe?

- ela é uma mulher difícil. Mas eu tô gostando dela.

- boa sorte. Vai precisar. - eu disse rindo.

- ela é diferente das mulheres que eu já me envolvi. Mas ela não vai revelar isso a ninguém.

- eu também não vou revelar... Tenha fé que sou bom com segredos.

- obrigado cunhado.

- conta comigo.

Íamos entrando na área externa da casa quando uma espingarda foi apontada no meu rosto.

- e aí véi... Cadê a minha noiva?

Olhei bem para o rosto do homem que me ameaçava e o reconheci.

- Antônio...

...

Amor no improvável Onde histórias criam vida. Descubra agora