Capítulo 93

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Quando vi meu genro chegar para conversar com Juliette, eu fui saindo de fininho de dentro do quarto. Encontrei Juarez no caminho e me alegrei que ele tenha voltado pra casa.

Fiz saída da casa e fui caminhar pelo campo. Eu me sentia sem um rumo e era ciente que minha filha e seu marido não tem nenhuma obrigação de me sustentar e tão pouco a esse bebê que eu espero.

Me escorei junto de uma grande árvore, de copa volumosa, e fiquei ali por minutos completamente sozinha. Eu estava feliz no íntimo por que era o meu segundo filho e mesmo com a idade um pouco avançada, eu queria poder viver o tempo suficiente de criar mais uma criança.

Eu olhava para o horizonte e querendo ou não, existia em mim o temor pelo amanhã. O quê seria de mim agora?

- Fátima... - ergui minha vista e vi Ernesto junto a mim.

- oi Ernesto.

- posso sentar aqui?

- pode.

Ele sentou do meu lado e ficamos em silêncio por um tempo, até que ele tomou a iniciativa de falar.

- eu te esperei ontem e não foi... - sua voz parecia um pouco triste. - o quê houve?

- dormi cedo e não consegui ir.

- e hoje? Pode ir me ver hoje?

- Ernesto eu acho que estamos fazendo uma loucura.

- mas não é bom pra você? Por que pra mim é bom.

- nunca me comportei assim...

- e isso importa? Pra mim não... Fátima eu quero saber se tem vontade de ficar comigo?

- mas... - eu tentei falar.

- ficar no sentido total da palavra. Eu sei que teme a reação de Juliette, mas podemos explicar. Dizer que aconteceu. Somos viúvos e livres, podemos aproveitar os anos de vida que nos restam juntos. Você e eu... Podemos viajar e curtir a vida, aproveitar o aconchego dos braços um do outro. Estamos cansados da solidão. Você perdeu seu marido muito jovem, criou sua filha sozinha, mas hoje ela é mulher feita, não precisa mais de ti... Eu perdi a minha esposa e o meu filho no parto, não tenho ninguém e acho isso tão ruim.

Eu não respondi de imediato, mas tive que respirar fundo para lhe revelar o quê se passava.

- eu estou grávida Ernesto. Esperando um filho seu.

Ele me olhou assustado e abanou a cabeça.

- grávida? - ele perguntou com um jeito incrédulo.

- sim. Eu acredito que estou com um mês e alguns dias, mas eu sei que é gravidez. Não sou novata nisso. E mais uma vez eu sinto a história se repetir na minha vida.

- Fátima eu achei que uma mulher na sua idade... Não teria perigo. Não está enganada?

- não acho que é engano...

Ernesto passou a mão nos cabelos e depois segurou a minha mão.

- me responde se quer estar comigo... Se quer criar essa criança junto a mim...

- me responde uma coisa: e se um dia descobrir que só sente por mim pena?

- pena? Eu senti pena de você quando te vi nas ruas. Mas depois eu senti muita raiva e depois muita atração. E agora...

- agora?

- eu sinto que quero viver o resto da vida com você e ser pai de verdade dessa criança que espera. Quero essa família que Deus está me dando mais uma vez...

- eu também quero. Quero muito.

Ernesto me abraçou e depois demos um beijo carinhoso.

...

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