6. Country Confidant

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R O W A N

Aos poucos, nós fomos encontrando nosso novo normal, mesmo que normal não fosse uma palavra que me agradasse. Nós aprendemos a rotina da casa, conhecemos melhor Elena e acompanhar Camille na escola e pela propriedade. Ela havia nos mostrado cada centímetro de terra: as pousadas, os cultivos, o estábulo e o curral onde ficavam outros animais menores como algumas galinhas e cabras. Era óbvio que ela adorava aquele lugar e queria que nos sentíssemos confortáveis ali. Eu sabia que ela havia ensinado outras trilhas para Collin caso ele quisesse correr sozinho e dito para Theo que ele podia ir ver a estufa quando quisesse depois do interesse que meu irmão havia demonstrado na primeira vez que estivemos lá. 

Ela era uma presença constante, mas se tornava mais relaxada conforme ganhávamos independência ali e, mesmo sem isso, ela nunca havia sido... demais. Camille de alguma forma havia sido capaz de estar por perto e até mesmo nos incluir em seu círculo de amigos sem parecer exagerada ou forçada. Ela parecia simplesmente genunína e, quanto mais eu tentava enxergar qualquer coisa por trás disso, qualquer malícia por trás de sua gentileza, mais perdido eu me sentia pois não encontrava nada.

Naquela quinta-feira, a escola estava começando a ficar agitada com os ânimos para o dia seguinte, que era um dia de jogo. Camille e os outros não estavam mentindo quando disseram que o futebol era uma força motriz aqui e, embora eu e meus irmãos nunca tivéssemos praticado nenhum esporte em muito tempo, ser um espectador era fácil, principalmente em um ambiente como aquele. No almoço, aquele era o último assunto possível. 

Gabby estava discutindo com Nick, Nash e Sage sobre quem marcaria o primeiro touchdown do jogo, enquanto Bray e Asher estavam falando sobre o treino. Julie, que era a única não envolvida em nenhum dos esportes, assim como nós, estava surpreendentemente discutindo sobre música com Collin, tentando ensiná-lo tudo que ele aparentemente precisava saber sobre country. De todos, ele era o mais aberto de nós quatro, o que mais interagia e sem dúvidas o mais fácil de se conversar.

Quando o sinal tocou e todos começaram a juntar suas coisas, eu notei quando Camille deixou um livro de fora de sua mochila, esquecendo-o para trás. 

— Camille. — chamei, confuso e desconfiado quando ela nem sequer se mexeu, nenhuma reação à minha voz, continuando a mexer em sua mochila. Sua fachada boazinha estava escorregando e agora ela iria começar a jogar jogos conosco? — Camille. — chamei de novo, mas obtendo o mesmo resultado.

Irritado por ser ignorado, eu estava prestes a chamá-la pela terceira vez, quando uma mão tocou meu ombro.

— Ela não está ouvindo você. — Asher disse ao meu lado, seus olhos olhando nos meus enquanto ele me explicava — Às vezes, ela fica sobrecarregada e precisa fazer algumas pausas de audição, então ela tira o aparelho auditivo. Dificilmente ela vai te ouvir sem ele. Não é de propósito.

Subitamente envergonhado por ter pensado logo o pior, por ter me amargado diante do primeiro possível empecilho, eu encolhi os ombros, reconhecendo derrota. Parecia que eu estava fazendo isso muito recentemente, sempre esperando o pior das pessoas e das situações e me surpreendendo positivamente.

— Eu não sabia. — disse em tom de desculpas.

— Eu sei que não. — Asher acenou com a cabeça, compreensivo — Apenas seja paciente. Nós estamos aqui à anos, já sabemos como ela faz as coisas, vocês ainda não. E isso é novo para ela também.

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