21. Country Brothers

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R O W A N

Fazia tempo que eu não tinha um pesadelo.

Eu acordei no meio da madrugada ensopado de suor e tremendo da cabeça aos pés. Felizmente, eu havia sido silencioso, então não havia acordado Collin, que ainda dormia pacificamente em sua cama. Ele não precisava me ver assim.

Deveria imaginar que meu momento com Camille desencadearia reações em minha mente, reabriria algumas feridas, ou melhor, me lembraria que elas nunca haviam cicatrizado completamente. Ter pesadelos e flashbacks não era inesperado depois de remoer o assunto.

Olhando para o relógio na mesa de cabeceira, eu bufei. Eram quase cinco da manhã, de modo que eu sabia que seria incapaz de voltar a dormir. Não era novidade; eu dificilmente conseguia fechar os olhos de novo depois de pesadelos assim. Talvez essa fosse a única coisa boa da época em que escapulíamos durante a madrugada: o fato de que eu não podia ser assombrado em meu sono se simplesmente não dormisse.

Devagar, eu afastei as cobertas e sai da cama, tomando cuidado para pisar nas tábuas certas e não fazer barulho com a prática de anos. Eu me vesti e saí do quarto de maneira silenciosa para não perturbar Collin, mesmo que eu não soubesse exatamente onde estava indo. Esse era um dos muitos malefícios de estar constantemente em uma casa nova: você não tinha o privilégio de encontrar e escolher um refúgio, um cantinho para chamar de seu, onde ninguém mais te incomodaria. Eu sentia falta desse reconforto, mesmo que todos nós fossemos bons em nos esconder.

A casa toda ainda estava adormecida, mas mesmo assim eu passei direto pela cozinha e fui para o lado de fora como se precisasse desesperadamente do ar puro. Eu desci os degraus da varanda e rumei até um dos bancos do quintal, embaixo de uma árvore. O céu estava naquele tom de azul que dizia que ainda era noite, mas que o sol apareceria em breve. Sentado ali, com a brisa soprando contra minha pele suada, eu sentia como se conseguisse respirar um pouco melhor e isso me acalmou.

Mas acalmar o pânico pós pesadelo apenas dava espaço para que outros sentimentos se intensificassem.

Eu sempre sentia raiva de mim mesmo quando sonhava com minha mãe.

Sentia raiva porque eu nunca sonhava com ela brincando conosco, preparando o jantar ou nos colocando na cama. Eu nunca sonhava com ela sorrindo e dizendo que nos amava.

Não, eu sempre sonhava com o momento em que eu havia entrado em seu quarto naquela noite para descobrir que ela havia partido. Ficava preso em um pesadelo no qual a única coisa que eu via era seu corpo pálido e sem vida. Na cena na qual meu eu de dez anos havia se aproximado para tocá-la apenas para confirmar o que já sabia.

E eu odiava que minha mente revivesse isso ao invés das boas memórias que eu tinha dela. Eu queria me lembrar de Carina Houston como a mulher gentil que ela era, como a mãe determinada que ela foi.

Um movimento à minha esquerda chamou minha atenção e eu fiquei minha visão para ver Nolan se aproximando. Meu irmão mais novo estava usando uma calça de moletom e um casaco também, mesmo que estivesse longe de estar frio. Suas mãos estavam enfiadas nos bolsos e seu cabelo estava bagunçado, como se ele tivesse acabado de sair da cama.

— Eu vi você pela janela. — ele disse.

— Não consegue dormir? — perguntei para ele, que balançou a cabeça negativamente. Seus ombros estavam encolhidos, como se ele estivesse se recolhendo para dentro de si mesmo, o que me preocupou.

Eu indiquei com a cabeça para o espaço vago ao meu lado e Nolan se sentou, puxando as pernas para cima e passando os braços ao redor dos joelhos. Algo estava errado, eu sabia disso.

Where We BelongWhere stories live. Discover now