10. Country Boys

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COLLIN

Quando Camille nos chamou naquela manhã, com um pequeno sorriso enigmático em seu rosto, a última coisa que eu esperava era que os três irmãos McKinley, Asher e Nash estivessem nos esperando do lado de fora, apressando-nos para ir com eles. Para onde era uma incógnita, mas eles continuaram insistindo até que Rowan, Nolan e eu estávamos bufando mas entrando na Dodge Ram de Bray. Nash, Nick e Sage estavam sentados na caçamba como se fosse a coisa mais natural do mundo, deixando exatos três lugares para nós no banco de trás, como se fosse uma cortesia. Talvez porque eles soubessem que a relutância teria se transformado em um absoluto "não" se nós tivéssemos que sentar no lugar deles.

O fato de que todos os rapazes estavam usando botas e chapéus enquanto basicamente nos sequestravam certamente era o presságio de algo e, honestamente, um pouco assustador. Bray virou o volante, guiando-nos para fora da propriedade Weston enquanto Nick se virou para trás parecendo completamente contente e tranquilo, como se fosse mais um dia normal. 

— O que nós estamos fazendo exatamente? — eu perguntei, igualmente intrigado e tenso. Eu não gostava de surpresas e meus irmãos menos ainda, de modo que nosso humor contrastava com o dos outros.

—  Vocês vão ver. — Nick disse simplesmente — Mas vocês são dos nossos agora, o que significa estar aqui.

—  Por que eles sempre falam como se fosse uma seita ou algo assim? — Nolan perguntou com acidez, claramente desgostoso. Mas ainda assim, ele havia vindo. Ninguém realmente o havia obrigado, ele havia escolhido nos seguir. Da mesma forma, sua própria vontade o havia levado para o time de beisebol, algo que havia me surpreendido em partes. Nolan mantinha seus verdadeiros desejos e gostos enterrados, algo que ele provavelmente havia aprendido com Rowan e eu. Nós dois entretanto, apesar da cautela, ainda estávamos mais abertos às experiências conforme sentíamos que estávamos com tudo sob controle, que estávamos tão seguros quanto podíamos.

Além disso, não era difícil seguir aquele grupo. Era sempre acolhedor, sempre convidativo, e as vezes eu precisava me lembrar de não relaxar completamente, me lembrar de quem eu era. Collin Houston, órfão, recém saído do reformatório, detentor de uma vida tão volátil quanto poderia ser. Ficar confortável era perigoso, mesmo que fosse extremamente tentador.

Bray dirigiu até o que eu sabia ser a propriedade de sua família e todos saíram da caminhonete, o que não nos deixou escolha a não ser segui-los. Alguns metros depois, eu fiquei ainda mais intrigado quando paramos diante de quadriciclos parados próximos ao celeiro.

—  Bem-vindos ao lado divertido da vida na fazenda. — Nash bateu no meu ombro, praticamente pulando de animação. Ele se sentou na parte de trás de um dos veículos, de costas para o assunto principal, parecendo mais do que pronto para qualquer que fosse a aventura planejada — Vamos lá!

—  Eles vão nos matar e jogar os corpos no meio do nada. — Nolan sussurrou.

—  Dramático. — Sage, ouvindo o comentário, revirou os olhos — Você vai morder sua língua.

—  Nós checamos as cercas uma vez por semana, damos a volta por todas as propriedades — Bray explicou — Não é uma tarefa para tanta gente, mas nós fazemos isso ser legal.

— É o nosso momento dos garotos, mas vocês tem que vir para saber porquê. — Nash disse, gesticulando ao redor, incentivando-nos a de fato aceitar o convite que estava sendo estendido. A mensagem era clara: eles estavam dispostos a criar um vínculo conosco que ia além da conexão com Camille; eles queriam sua própria.

A patética verdade era, meus irmãos e eu nunca tivemos amigos além de nós mesmos,  absolutamente ninguém de fora desde que entramos para o sistema. Primeiro, porque não tínhamos uma constância de endereço para manter qualquer vínculo que pudesse ser criado e, segundo, porque de repente parecia que o mundo de todas as outras crianças era distante demais do nosso para haver uma conexão. Quando crianças, ninguém entendia porque não sorriamos mais, porque não podíamos andar de bicicleta depois da escola ou qualquer outra coisa. Quando mais velhos, essa confusão e diferença se tornou crueldade até que eu e meus irmãos chegamos ao ponto do entorpecimento. Ninguém mais importava a não ser a gente. Havíamos desistido a muito de qualquer outra coisa.

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