18. Country Tears

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C O L L I N

Nós devíamos ser menos ingênuos em acreditar que o arco-íris nos agraciaria para sempre. Deveríamos saber que, cedo ou tarde, as nuvens escuras voltariam a pairar sobre nossas cabeças.

A tempestade começou naquela tarde, um par de dias após o passeio na cachoeira. Era um dia que Camille havia chamado de "passe-livre", no qual todos os alunos eram liberados mais cedo, o que significava que não havia treinos ou atividades durante a tarde. Acontecia algumas vezes durante o ano, Camille havia explicado, durante as semanas de provas para que ninguém ficasse sobrecarregado. Assim, nós havíamos chegado cedo em casa e nos acomodado na mesa de jantar com nossos deveres de casa e outros materiais de estudo.

Nolan havia sido o primeiro a se retirar. Ele havia fechado seu caderno e murmurado algo antes de subir as escadas. Eu sabia que ele provavelmente voltaria depois de um tempo, mas por hora parecia ter se cansado da interação social, mesmo que ela estivesse bastante restrita.

Camille e eu havíamos conversado sobre nossa prova de Química do dia seguinte e Theo havia mostrado para Rowan sua redação para uma de suas aulas, que havia lhe rendido um elogio de nosso irmão mais velho. Tudo estava sob controle.

Nolan voltou uma hora mais tarde, quando basicamente já havíamos acabado nossas tarefas. Camille havia desaparecido em seu quarto e nós ficamos para trás, juntando nossas coisas.

— Rowan? — Theo chamou timidamente ao lado de nosso irmão, que virou a cabeça para olhá-lo — Cami me disse que nós podíamos ir ver os cavalos esse fim de semana. Eu posso?

— É sério? — Nolan virou-se para Theo de maneira acusatória antes mesmo que Rowan pudesse responder nosso irmão.

— Me deixe em paz. — Theo resmungou inquieto. Ele claramente já estava ansioso esperando a reação de Rowan, não queria ter que lidar com Nolan também. Nolan, entretanto, apenas teve sua irritação aumentada.

— Por que você quer ir com ela? — Nolan basicamente cuspiu as palavras, raiva evidente em sua voz — Ela é só uma garota privilegiada e mimada. Ela não tem pai, ela é surda e ainda assim age como se tivesse acima de toda a merda do mundo, porra, é patético.

Não era a primeira vez que eu ouvia Nolan falar coisas ríspidas assim, mas ele fazer isso com Camille me pegou desprevenido, pois tanto Rowan como eu achávamos que ele estava se aclimatando à ela, até mesmo fazendo progresso em termos de relacionamento. Isso agora, entretanto, era um retrocesso total e, mais do que isso, Nolan havia escolhido a pior maneira possível para ser grosseiro sobre ela.

Um minúsculo movimento no canto do meu olho me fez virar a cabeça e eu congelei quando vi Camille ali, parada na soleira da porta, assim como meus irmãos o fizeram. Ela claramente havia ouvido as palavras cruéis de Nolan, uma vez que ela se encolheu e seus olhos brilharam com lágrimas.

Porra, ela ia chorar.

Camille, a garota que estava sorrindo o tempo todo. A garota que era como um anjo gentil no meio de qualquer situação.

Nolan a havia feito chorar.

Camille não disse nada. Ela não gritou ou tentou discutir com meu irmão, sequer proferiu qualquer xingamento ou crueldade de volta. Ela apenas apertou seus lábios juntos, deu as costas e saiu tão silenciosamente quanto havia aparecido, com os ombros encolhidos, sem dúvidas ferida pelas palavras de Nolan e deixando todos nós estáticos no lugar.

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