17. Country Gold

133 18 6
                                    

R O W A N

O cheiro parecido com algo recém-saído do forno foi o que me guiou para a cozinha naquela manhã. Eu sabia que o dia começava cedo aqui, de modo que Elena e talvez Camille já estariam acordadas, mas eu não estava preparado para encontrar o que parecia ser um grande esquema de preparo de comida acontecendo.

Camille estava de pé diante da grande ilha da cozinha, ainda vestindo seu pijama lilás e branco, porém trabalhando a todo vapor, montado uma quantidade enorme de sanduíches bem recheados. Havia todo o tipo de coisa espalhada ao redor: duas formas de muffins que ainda pareciam quentes, frutas e algo que parecia ser uma torta salgada.

— Bom dia, Rowan. — ela sorriu quando me viu — Ignore a bagunça, por favor. A mesa do café ainda está posta.

— O que é tudo isso? — perguntei antes que pudesse me conter, a curiosidade me vencendo.

— Nosso almoço de hoje. Ou parte dele. O pessoal também está levando outras coisas. — ela respondeu.

Quando Camille havia nos contado sobre o plano de dia na cachoeira, eu não havia imaginado que era um esquema tão... grandioso. Eu deveria ter percebido que levar tantas pessoas para o que era quase que uma excursão exigia algum planejamento e preparo. Felizmente, Camille parecia uma expert.

— Você precisa de ajuda? — perguntei de maneira polida.

— Não se preocupe, tome café antes de qualquer coisa. — ela me disse. Ainda assim, eu não me senti confortável em me sentar para tomar café da manhã enquanto ela trabalhava, mesmo sabendo que ela realmente não se importava. Assim, eu enchi uma xícara de café e a levei até a ilha, me posicionando para começar a montar os sanduíches também.

— Rowan. — Camille chamou suavemente, como quem dizia que eu realmente não precisava fazer aquilo, mas eu apenas balancei a cabeça, escolhendo puxar assunto ao invés disso, algo que eu não tinha o hábito de fazer, mas que parecia natural naquela manhã:

— Esse infinito de lanches significa que nós estamos prestes a fazer uma longa jornada? — perguntei. Eu ainda não sabia muito bem o que esperar, já que com certeza nunca havia feito algo assim, um passeio ao ar livre, agora com direito à piquenique aparentemente.

Na verdade, eu não sabia o que esperar da maioria das situações que envolvessem esse grupo de amigos, embora estivesse aos poucos ficando mais acostumado. Os almoços de domingo e as tardes com os caras estavam se tornando familiares e eu secretamente admitia que estava ficando afeiçoado a esses momentos. Antes de vir para West Valley, eu não me lembrava da última vez que havia tido essas interações com amigos, ou se sequer havia tido isso alguma vez na vida.

— São uns quinze minutos de carro e mais uma caminhada razoável, mas é tranquilo, você vai ver. — Camille disse — Mas todos nós vamos estar famintos e já que a única outra opção é literalmente caçar nossa comida, é sempre bom estar bem preparado.

— Você gosta de cozinhar? — perguntei, quase franzindo a testa em seguida, sem saber o que havia dado em mim. Eu não era tagarela desse jeito, não puxava conversa fiada ou sentia a necessidade de preencher silêncios com palavras muitas vezes desnecessárias como várias pessoas faziam. A presença tranquila e simpática de Camille, entretanto, parecia estar fazendo isso aflorar em mim.

Ela sorriu diante da minha pergunta.

— Gosto. — ela respondeu — Eu gosto principalmente dos doces, na verdade. Se você ver um bolo fresco nessa casa, significa que eu tinha tempo livre para matar.

Where We BelongWhere stories live. Discover now