maria

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Helô ajudava Creusa a limpar os armários enquanto seu telefone estava no viva voz com Drika em um eterno monólogo sobre como era difícil criar uma filha sem um suporte familiar. A delegada tinha sincera vontade de rir, mas há tempos não provocava uma briga com ela e gostaria de manter assim pelo bem do relacionamento das duas. Creusa pediu o produto para passar nas divisórias de dentro enquanto Helô separava as roupas para doação.

— Drika, só me diga o dia que você chega e o horário, foi para isso que eu te liguei, não foi?

— Credo, mãe! Eu estou aqui abrindo meu coração. — a mulher reclamou.

Poderiam passar anos e Drika sempre seria manhosa assim, por anos achou que pudesse ser culpa de Stenio, mas cada dia mais colocava o peso nos genes já que Maria era assim também.

— E não se preocupe com a nossa chegada, papai vai nos buscar no aeroporto.

Heloísa revirou os olhos. Claro, sempre o pai do ano. Onde ele estava para ouvir essa garota abrir o coração?

— Sempre seu pai, não é? — Helô falou com um toque de ciúme na voz. — Por que não pediu para mim antes?

— Porque você está sempre trabalhando, sempre na delegacia.

— Entendi, entendi, vai com seu pai então.

Heloísa desligou o telefone nervosa. Não gostava de admitir, mas a relação de Stenio com Drika sempre foi uma questão para ela, porque o ex-marido sempre ganhava, porque ele sempre tinha carisma, porque ele sempre foi o melhor. Sempre foi muito errado, mas ele sempre teve o colo que Drika por vezes precisou e ela não soube dar.

— Credo, Dona Helô, precisa falar assim com a menina?

— E comigo, Creusa? Ninguém se preocupa comigo não, só quando o caldo engrossa.

Assim que terminou de falar, o seu telefone voltou a tocar. Heloísa mostrou a tela para Creusa e a mulher riu.

— Fala, Drika. — atendeu sem muito humor, mas logo que ouviu a voz da neta, sua feição mudou.

— Oi, vovó!

Stenio corria na orla, checando vez ou outra o seu relógio para ver meta de distância. Pelo tanto que Moretti já estava ofegante era claro que já estavam batendo o necessário. Decidiu diminuir um pouco a velocidade para pararem perto da barraca que costumavam comprar água de coco. Tinha começado esse estilo de vida mais saudável com Helô, e era algo que gostava de levar em sua vida ainda, ajudou bastante em suas dores de coluna e dores de cabeça.

— Em uma dessas você ainda me mata. — Moretti reclamou, pedindo uma água com gás para o garçom.

— É para ver se você para de viver de cachaça e passa a se cuidar, daqui a pouco está todo acabado e a Guida está ai, toda bonitona.

Moretti revirou os olhos, mas logo sorriu, sabendo como provocar o amigo.

— Sabe quem continua bem gostosa? A Helô.

O empresário tinha certeza de que se a visão de Stenio fosse uma arma a laser, já estaria bem frito aqui na praia. Nunca viu a feição do advogado mudar tão rápido. Por anos gostou de provocar sobre a Helô, até ver que depois de um tempo Stenio passou a ser neutro quanto a isso. Agora, queria ver o homem ficar uma fera era falar como Helô continuava, de fato, gostosa.

— Você tá maluco? É da mãe da minha filha que você está falando, avó da minha neta. — Stenio falou sério, grosso.

Moretti riu, como sempre fazia por não conseguir nada a sério, inclusive esse divórcio ridículo.

Chão de Giz Where stories live. Discover now