cuidar de você

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A notícia chegou rápido na casa de Heloísa. Drika lhe ligou imediatamente quando desligou a ligação com Laís, perguntando se era verdade mesmo. Helô só sabia rir do outro lado da linha, uma risada de alívio, aquela que só se dá depois de uma prova difícil, uma maratona, ou quando você salva o homem que você ama da morte. 

O homem que ela amava. 

A constatação era dolorosa, porque toda vez ela se lembrava do jeito que Stenio saiu de sua casa naquele dia, lhe vinha junto a lembrança de que ele não sentia mais o mesmo. 

— Levaram ele para o hospital. — Yone falou, desligando o telefone. 

Stenio não podia ir para o hospital de jeito nenhum, com toda certeza outros membros da máfia estariam atrás dele, jamais que o homem estaria seguro enquanto ficasse na Espanha. 

— Não, hospital não. 

— Mas Helô, ele precisa de cuidados. — Laís falou, se aproximando da delegada. 

A advogada tinha ido para a delegacia assim que ficaram sabendo da recuperação de Stenio, queria estar perto caso precisassem de alguma coisa. 

— Ele vai ter todos esses cuidados aqui. — ela falou ansiosa.

— A gente nem sabe como ele está realmente, não sabemos se ele aguenta uma viagem desse porte todo quebrado. 

— Aluguem aqueles aviões de transporte médico, vocês tem dinheiro para isso. 

— Helô... 

— Esquece, eu sei como ele é mão de vaca, deixa que eu pago se for preciso. — Heloísa falou nervosa, pegando o celular para ligar para a gerente do banco. 

Não, não é como se ela tivesse esse dinheiro todo dando sopa no banco, mas ela faria o empréstimo que fosse para ter ele de volta em segurança. Nem que pagasse pelo resto da vida, que desse seu apartamento como garantia ou qualquer coisa. 

— Não é isso, Helô. — Laís falou rapidamente. — A gente paga, só precisamos ter certeza que ele aguenta a viagem, pode deixar que eu organizo isso. 

Heloísa olhou para as duas mulheres, estava sem jeito, estava exausta. Precisava de um banho longo, sais relaxantes, qualquer coisa que preparasse seu corpo para o que estava por vir. Ela já viu muitas vítimas de sequestro, mas nenhuma era Stenio. Ele não era feito para isso. 

Ele era feito para o amor da cabeça aos pés. 

— Eu vou para casa então. Yone, qualquer novidade, por favor, me ligue na hora. 

O abraço que Creusa lhe deu quando chegou em casa foi revigorante, foi um alívio. Não tinha lágrima para derramar, temia estar seca, mas o peito estava leve, e pensava que pela primeira vez poderia dormir a noite toda. Ao menos com um calmante ela tinha certeza. 

— A senhora falou com ele?

— Não, ele está apagado, estão cuidando dele no hospital. 

— E ele vai ficar aonde, Dona Helô? Ele não pode ficar sozinho, não. 

— É claro que não vai ficar sozinho, ele vai ficar aqui. 

— Gostei de ver, mãe. — Helô ouviu a voz de Drika saindo do quarto. 

A mulher veio lhe abraçar com força, respirando aliviada, agradecendo por Helô não ter desistido, como se ela fosse capaz de fazer algo assim. 

Ela jamais desistiria de Stenio. 

Organizar sua casa para recebê-lo não demorou muito. Contatou um amigo médico, pediu que ele ficasse de prontidão no aeroporto para quando Stenio chegasse. Laís lhe passou o horário que o avião chegaria, demoraria ainda três dias para ele estar no Brasil, os médicos espanhóis pediram esse tempo ao menos para garantir a reidratação do advogado e uma limpeza das lesões, além de medidas de prevenção para trombose e todas as outras complicações de uma viagem longa. 

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