pessoas ajudam pessoas

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Era tão estranho pensar que há dois dias Heloísa não dormia, quando uma boa noite de sono era essencial para o sucesso de sua profissão. A verdade é que não conseguia grudar os olhos, se deitasse a única coisa que seria capaz de ver era Stenio ao seu lado, no banho, por incrível que pareça, era o cheiro dele que a invadia. Seu quarto virou um terreno perigoso.

E nessas horas as lágrimas corriam livre, e isso sim não seria útil.

Ela lia alguns inquéritos, casos onde o nome de Hernandez era citado. Ela sabia que já tinha escutado, investigado, esse cliente não lhe era estranho. Sempre sua vida profissional cruzando com a de Stenio, e dessa vez ela não tinha uma vontade de se vingar do marido, na verdade, só queria trazê-lo para casa com segurança, independente de que lado Stenio saiu dessa história.

— Caso das joias... eu sabia... só ele tinha a localização desse cofre... — foi então que Heloísa pensou melhor e levou a mão para o rosto. — E a merda do Stenio, certeza.

Rapidamente pegou o telefone e mandou mensagem para Laís. Ela sabia que a mulher também estava acordada para tentar ajudar o máximo que desse. Solicitou com pressão todos os e-mails que Stenio trocou com o cliente, até os que ela achasse irrelevante. Queria tudo. Para Stenio ter sido sequestrado com Hernandez, a única resposta seriam os 'sócios' do mafioso estarem atrás da localização do cofre. O que lhe levava a segunda hipótese: Hernandez poderia estar morto, e a solução do mistério seria Stenio.

Ele sim poderia estar vivo, eles não conseguiriam nada sem Stenio.

— Vó? — ouviu a voz de Maria, encontrando a menina aos pés do batente da sala de jantar.

Drika veio dormir com ela em sua casa, enquanto Creusa ia para Vila Isabel por conta de Brisa. Helô tirou os óculos, soltou os cabelos.

— Oi, meu bem. Perdeu o sono?

— Sim, o que a senhora está fazendo? — a menina perguntou, se aproximando.

A delegada juntou os papéis com medo de Maria ver em algum lugar o nome de Stenio.

— Só trabalhando, mas já acabei, vamos deitar?

Rapidamente, Heloísa conseguiu distrair a menina, a guiando para seu quarto. Maria subiu na cama, esperando a avó vir. A delegada não conseguia evitar o sentimento de derrota por mais uma noite não conseguir ter o que queria: Stenio de volta. Deitou na cama, apagou a luz do abajur, sentiu Maria se acomodar nela.

— Estou com saudade do vovô. — ouviu a voz dela, e instintivamente a abraçou.

Não queria nunca que alguma coisa acontecesse com sua pequena. Nem que a ideia de um mundo ruim chegasse perto dela tão cedo.

— Ele já volta. — não sabia se dizia isso para a menina ou para si mesma.

Sim, Stenio voltaria, nem que a sua vida dependesse disso.

No dia seguinte colocou a neta na cama da mãe e saiu de casa cedo. Chegou na delegacia já com os e-mails de Stenio no seu computador e Yone lhe esperando.

— Tenho algumas novidades.

— Boas, eu espero. — Helô falou logo, deixando a bolsa na cadeira e se aproximando da mesa da amiga.

— Consegui umas imagens do aeroporto no dia em que o Stenio embarcou, olha isso aqui, ele não estava sozinho.

Heloísa prestou atenção nas imagens, não eram bem nítidas, mas dava para ver Stenio com uma pequena mala de mão, muito provavelmente já tendo despachado a mala maior. Ele usava uma camisa preta e calça caqui, e olhava o tempo todo para o relógio, nervoso. Logo, uma mulher loira se aproxima dele, o cumprimenta, ela também tinha uma bolsa de viagem. A delegada se aproxima mais da tela, focando o olhar, até que se afasta repentinamente.

Chão de Giz Where stories live. Discover now