𝚝𝚠𝚎𝚗𝚝𝚢 𝚝𝚠𝚘

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Era impossível saber quantos minutos tinham se passado. Talvez fossem até horas já. Seus olhos ardiam de tanto que as lágrimas insistiam em cair. Seu estômago roncando lhe lembrava que você ainda não tinha comido praticamente nada, mas não teria nenhuma coragem de descer para pegar alguma coisa.

Seu celular tinha ficado lá em baixo, então a única esperança de conseguir ligar para Kazutora e pedir para ele lhe socorrer já tinha ido embora fazia muito tempo. Você não se importava de ficar ali, sentada, até que a noite chegasse e você pudesse ir embora. Nem sabia como voltaria para a cidade sem estragar o final de semana do Hanemiya. Tudo estava indo tão bem até pouco tempo atrás. É claro que alguma coisa tinha que dar errado. Nada dava certo por muito tempo com você.

Somente quando o seu corpo não tinha mais líquido para chorar, as lágrimas cessaram. Mas você ainda ficou sentada, com a cabeça entre os joelhos, pensando, refletindo. Tudo parecia demais. Você só conseguia pensar em voltar para casa. Não para a casa de Kazutora, mas para a sua casa que você deixou para trás depois do término com Kisaki. Queria ficar sozinha. Queria esquecer tudo. Queria nunca ter se apaixonado por alguém que estava muito além do seu alcance.

Foi quando uma batida na porta fez o seu coração dar um salto repentino. Não podia ser Keisuke de jeito nenhum. Não queria que ele lhe visse assim. Não sabia nem o que falaria quando ele perguntasse o que aconteceu. Não estava preparada para ter essa conversa. Também não podia ser Kazutora. Ele surtaria, explodiria e deixaria que o senso super protetor dele falasse mais alto do que qualquer coisa.

— [Nome]? — Mas, a voz que atravessou pela frecha da porta não era de nenhum deles — Posso entrar? — Mitsuya completou, mas, depois de longos segundos, quando não teve nenhuma resposta, falou de novo — Vou entrar, beleza? Por favor, esteja vestida.

Aquilo conseguiu arrancar um pequeno, minúsculo, sorriso dos seus lábios. Não reclamou quando a porta começou a ser aberta, tão devagar que deveriam ter se passados minutos até que você conseguisse ver o cabelo platinado e a expressão de assustado no rosto dele, quando viu o seu estado.

— Porra, o que aconteceu? — Mesmo que estivesse indo devagar antes, ele não demorou em se ajoelhar ao seu lado e colocar uma mão em seu ombro, analisando o seu rosto inchado por causa das horas de choro — [Nome], o que foi? — Ele repetiu, quando você não respondeu da primeira vez.

— Não foi nada.

Sabia que isso não ia colar, e só perdeu tempo arriscando.

— Eu vou chamar o Kazutora.

Mas, antes que ele pudesse se levantar, você segurou a barra da camisa dele.

— Não chama ele, por favor.

O platinado soltou um suspiro alto, mas não tentou de novo. Ao invés disso, para sua surpresa, ele se sentou ao seu lado e encostou a cabeça na parede, fechando levemente os olhos. Você sabia que ele estava cogitando se era melhor escutar você ou ir correndo chamar o amigo. O Hanemiya com certeza ficaria muito puto se soubesse que você estava sentada chorando no chão do banheiro e Mitsuya não contasse nada para ele.

— Pelo menos me diz o que aconteceu, então.

Você deixou que sua cabeça encostasse em um dos seus joelhos. Não sabia como começaria essa conversa. Na verdade, se fosse a você de alguns dias atrás, nem iria querer falar sobre isso, principalmente com um amigo de Kazutora. Mas você e Mitsuya tinham se aproximado tanto nos últimos dias e falar sobre seus problemas pareceu algo tão natural agora, que você não se importou muito.

Pareceu quase natural quando você começou a contar a história. Desde a parte que conheceu elas e as duas pareciam super simpáticas; falou sobre como o clima mudou depois que descobriram que você e Baji namoravam; contou que descobriu que uma dessas já tinha ficado com ele; e, por fim, disse detalhe por detalhe da conversa que ouviu entre as duas.

✓ 𝐓𝐑𝐄𝐀𝐓 𝐘𝐎𝐔 𝐁𝐄𝐓𝐓𝐄𝐑 - 𝚔𝚎𝚒𝚜𝚞𝚔𝚎 𝚋𝚊𝚓𝚒Where stories live. Discover now