três

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➢ ANY GABRIELLY

— Que cara idiota — disse Nour depois que eu contei tudo o que aconteceu na aula de ontem.

Nós duas estávamos agora no corredor, esperando dar a hora para gente ir para nossas aulas. Agora eu tive tempo para falar com Nour, ontem eu estava ocupada organizando meus matérias de artes, eu sou um tanto quanto perfeccionista.

— Eu não gostei da maneira que ele falou da garota, eu tive que intervir — eu disse.

— E você não está errada, a gente tem que colocar esses filhos da puta no lugar deles — disse Nour irritada.

Depois de um tempo ali conversando, deu a hora da minha aula então me despedi da Nour e fui para minha sala. Quando estava quase chegando, fui parada por uma garota, uma garota muito bonita.

— Você é a Any? — perguntou a garota simpática.

— Sou, porque? — perguntei confusa.

— Eu sou Kayla, eu descobri que você me defendeu e fiquei imensamente grata por isso. Você é uma garota incrível — ela disse sorrindo.

— Acho que qualquer uma faria isso — eu disse dando um meio sorriso.

— Pode ter certeza que não, ainda mais quando se trata do Luke, aquele cara é doido — ela disse e eu engoli em seco — Mas enfim, para te agradecer, eu vim te convidar a ir para minha festa de aniversário de vinte anos, pode levar quem quiser —

— Obrigada, mas eu não gosto muito de festas — eu disse sincera.

— Mas da minha você vai, olha esse é meu número — disse me entregando um papel com um número — Me manda mensagem mais tarde e se precisar, pode contar comigo —

E Kayla saiu andando pelo corredor me deixando parada com um pedaço de papel com seu número. Fui convidada para uma festa de uma garota que, aparentemente parece ser a popular, quem diria que uma popular iria reparar minha existência.

Eu deixei esses pensamentos de lado e entrei na sala, não demorou muito para a aula começar e a professora nos disse para fazer um desenho que representasse um sentimento, um desenho que você olhe e já saiba qual sentimento aquele desenho quer dizer.

Eu resolvi desenhar o sentimento da tristeza, então tive a ideia de desenhar um palhaço se olhando no espelho, onde fora do espelho ele esteja sorrindo aparentando estar feliz e dentro do espelho, mostre a realidade, mostre ele chorando e triste.

Isso é o que acontece com a maioria das pessoas, elas vestem uma máscara onde fingem estar felizes, mas na realidade estão destruídas.

Eu sabia que desenhar esse desenho iria demorar mais que uma aula, sempre demora os desenhos. Eu amo desenhar, é o que eu mais gosto na minha vida, isso é a minha paixão. O caderno de artes para mim é como se fosse o diário, eu me expresso em desenhos o que eu não consigo dizer em palavras.

Nem percebi quando a aula acabou, estava tão concentrada com meu desenho que só fui perceber quando vi as pessoas se levantarem e saírem da sala. Eu não demorei para levantar e sair também.

Quando estava no corredor indo em direção ao refeitório, senti alguém tomar meu caderno de minhas mãos e quando me virei para ver o que estava acontecendo, era Luke quem tinha pegado.

— Vamos ver o que a virgenzinha tem aqui — disse ele abrindo o meu caderno. Eu corei com a palavra que ele me chamou e pelas pessoas que começaram a olhar para gente.

— Me devolve — eu disse chegando perto dele para pegar meu caderno, mas ele me empurrou com força, me fazendo cair no chão.

— Isso aqui é tudo lixo — ele disse rindo e rasgou as folhas do meu caderno jogando no chão, enquanto eu sentia as lágrimas brotarem nos meus olhos por conta da humilhação. E dizem que na faculdade as pessoas são mais maduras.

Eu conseguia ver as pessoas em volta olhando para nós, algumas segurando o riso, outras olhando como se Luke fosse um idiota e outras me olhando com pena, e mesmo assim, ninguém fazia nada.

Eu peguei rapidamente as folhas no chão, não querendo perder nenhum dos meus desenhos. Eu amo meus desenhos e não gosto quando eu perco algum.

— O que pensa que está fazendo, babaca? — disse uma voz e vi que era Kayla chegando e batendo com força contra o peito do Luke.

— Olha só, a puta veio ajudar a putinha — disse Luke rindo, mas a faculdade inteira ficou em silêncio no momento em que escutamos o barulho de um estalo. Kayla bateu nele.

— Acha que eu tenho medo de você? — perguntou Kayla irritada.

— Deveria — disse ele segurando seu pulso com força — A gente se vê por aí — disse e então soltou o pulso dela e depois jogou meu caderno contra mim.

Eu rapidamente peguei todas minhas coisas no chão, enquanto escutava de longe Kayla gritando algo como "vocês não tem mais o que fazer?" Mas eu não estava com cabeça para pensar no que estava acontecendo ao redor de mim, eu só queria sumir.

— Any, está tudo bem? — me perguntou Kayla se abaixando ao meu lado e me ajudando a pegar meus desenhos. Eu só concordei com a cabeça.

— E-u... Obrigada — eu disse sem saber o que falar direito.

— Eu disse que você pode contar comigo, mas você deveria se afastar do Luke, dizem que todo ano ele acha alguém para perturbar, mas eu vou fazer de tudo para essa pessoa não ser você — ela me disse com preocupação.

— Eu vou para meu dormitório — eu disse, pois a única coisa que eu queria agora, era sumir.

➢ NOAH URREA

— Soube o que aconteceu? — disse Alex chegando do meu lado.

— O que? — perguntei sem ânimo.

— Luke destruiu o caderno daquela menina lá que você ficou admirando — Alex disse e eu franzi o cenho.

— Da Any? — perguntei confuso.

— Deve ser — disse dando de ombros — Acho que ela que vai ser seu brinquedinho esse ano, todo ano ele arruma alguém pra... — não deixei Alex terminar e me levantei da mesa do refeitório onde estava sentado rapidamente.

Eu continuei andando procurando o Luke pela faculdade, cada momento que passava sentia meu sangue ferver nas minhas veias. Não vou deixar Luke machucar Any, não vou deixar ninguém machucar Any.

Eu avistei Luke no final de um corredor com seus amigos, eu apertei minhas mãos em punhos e andei até ele, enquanto ouvia Alex gritar para mim não fazer nenhuma besteira, mas já era tarde.

Agarrei no colarinho do Alex e aproximei meu rosto do dele o olhando com raiva — Fiquei sabendo que destruiu um caderno hoje, acho que agora eu vou destruir sua cara — eu disse e não deu tempo dele responder, meu punho bateu com força contra seu nariz.

Eu não dei tempo para ele, o socando mais uma vez no seu rosto, mas ele me devolveu o soco o que me fez dar uns passos para trás. Mas o seu soco só alimentou minha raiva.

— Que porra é essa Noah? — perguntou Alex irritado.

— Você vai ficar bem longe da Any — eu disse com a respiração acelerada.

— Eu sei que ela é gostosa, mas vale a pena bater nos outros por causa de uma virgenzinha que nem deve fazer nada direito? — disse e isso foi a gota de água pra mim.

Eu dei mais um soco com força no seu rosto, o soco foi tão forte que ele caiu no chão perdemos o equilíbrio. Eu comecei a chutar sua barriga repetidas vezes, até alguém me segurar por trás, tentando me fazer parar.

— Relaxa Noah, ele está desmaiado, você vai matar ele — disse e percebi ser Alex.

Quando olhei de volta para Luke, ele estava desacordado no chão, com o rosto sujo de sangue. Eu vi a faculdade me olhar aterrorizados, mas não surpresos. Eles sabem o que acontece com quem mexe comigo.

Meu olhar parou em alguém, que não estava diferente das outras pessoas e estava me olhando com medo. Any estava ali, assustada.

Eu normalmente gosto de ver as pessoas com medo de mim, mas eu não quero que Any tenha medo de mim. Ela é única pessoa que eu não quero que me olhe desse jeito.

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