trinta e nove

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ANY G

Consegui convencer Bailey a vir, usando a desculpa que papai e mamãe querem falar com ele.

O problema, é que menti para Bailey e meu pais não sabem que ele virá.

Estava terminando de me arrumar, quando escutei uma batida na porta. Fui em direção a mesma e abri, vendo Noah muito bem vestido.

Ele estava lindo.

— Pensei que já tivesse se acostumado com minha beleza. — ele disse divertido e eu revirei os olhos.

— Você é bem convencido.

— E você gosta. — disse pegando na minha cintura e me beijando.

Quando o ar faltou e nos separamos, ele olhou mais atentamente para mim.

— Você está muito linda. — ele disse me fazendo sorrir boba. — Já terminou de se arrumar?

— Sim, só falta colocar o sapato. — disse pegando o sapato no guarda roupa e vestindo o mesmo. — Agora pronto, vamos.

Andamos até seu carro estacionado perto do dormitório. Noah começou a dirigir até a casa dos meus pais e eu sentia o nervosismo me consumir.

E se eu piorar a relação deles com Bailey?

E se Bailey ficar zangado comigo?

E se eles me envergonharem perto do Noah?

São tantos "e se..." Que me deixa louca.

A ansiedade está fazendo eu pensar em várias paranóias, algumas quase impossíveis de acontecer.

— Você está bem? — uma voz me tirou dos meus pensamentos.

A mão do Noah foi a minha perna, que percebi que balançava freneticamente, como sempre fica quando estou ansiosa.

— Sim. — disse e vi ele virar o rosto para me olhar, mas rapidamente voltou a olhar a estrada.

— Você não me parece bem.

— Eu só estou um pouco ansiosa. — murmurei virando minha cabeça e olhando a estrada pela janela.

— Vai correr tudo bem, você vai ver. — disse me encorajando.

Olhei para seu rosto e ele sorriu em minha direção, eu retribui o sorriso, que era um pequeno sorriso.

Não demorou muito para o carro estacionar em frente a casa dos meus pais. Suspirei descendo do carro, com Noah me acompanhando.

Andamos até a porta da entrada e bati na porta três vezes, depois esperei ela abrir.

Quem abriu a porta foi minha mãe, que me deu um abraço apertado e depois olhou Noah, o cumprimentando alegremente.

Minha mãe nos disse para ficarmos na sala, enquanto ela terminava o jantar.

— Ah, pai, esse é Noah, Noah, esse é meu pai. — apresentei os dois quando meu pai apareceu na sala.

Meu pai o analisou atentamente, como se o avaliasse e eu sabia que ele fazia exatamente isso.

— Você me lembra meu filho, com essas tatuagens de mar... — ele foi interrompido pela voz da minha mãe nos chamando para jantar.

Óbvio que ela não queria que ele disse o que ia dizer, exatamente por saber que o pai de Noah tem dinheiro. E isso me enoja.

Eu sei que ela pensa exatamente a mesma coisa, mas só não diz pelo motivo mais fútil.

Noah sabia o que meu pai iria dizer, eu sei que soube, mas ele preferiu ignorar e eu agradeço por isso.

Escutamos uma batida na porta, fazendo minha mãe franzir o cenho.

— Está esperando alguém? — perguntou ao meu pai e ele negou.

Okay, agora estou ainda mais ansiosa do que antes, se é que é possível.

— Eu atendo. — disse dando um sorriso nervoso.

Andei até a porta a abrindo, vendo meu irmão parado ali.

— Any. — ele disse me abraçando e eu retribui o abraço.

Não vejo ele desde o "acidente" que ele sofreu e foi parar no hospital.

— Pai, mãe. — ele disse quando se separou do meu abraço e encarou meus pais, que estavam surpresos.

— O que ele faz aqui? — perguntou meu pai bravo e Bailey fez uma expressão de confusão pelo tom que meu pai usou.

— Você não disse que eles me queriam aqui? — me perguntou e eu fiquei ainda mais nervosa.

— Então... — minha fala foi interrompida pela voz do meu pai.

— Eu não quero você na minha casa, saia daqui. — meu pai veio na direção do eu irmão e ele me olhou irritado.

Não o culpo.

— Desculpa, pensei que já tinham reparado na merda que fizeram. — disse Bailey dando uns passos para trás.

— A única merda que fizemos foi ter tido você. — disse meu pai e vi a tristeza passar no olhar do meu irmão, que logo foi substituída por raiva.

— Dizem cristãos do bem, mas se desprezam o próprio filho, imagino o que fazem com os outros. — disse Bailey.

— Você não é meu filho, não quando se transformou nisso. — disse apontando para as tatuagens do meu irmão.

— O que tem de errado nas tatuagens? — perguntou Noah, que até agora estava quieto.

— Não se envolva em assuntos de família. — disse meu pai irritado.

— Não é assunto de família, porque da mesma forma que você não me considera seu filho, eu não te considero como pai. — disse Bailey com uma expressão magoada e isso estava me magoando também. — E nem você. — disse olhando para minha mãe, que estava com os olhos marejados.

Acho que apesar de tudo, talvez minha mãe ainda ama Bailey.

— Não fala isso, meu filho. — disse minha mãe já chorando.

— Filho? Você ouviu o que ele disse. Vai embora da minha casa. — disse meu pai indignado apontando para a saída.

— Espera gente, vamos conversar. — eu disse enquanto via o olhar de todos em mim.

— Foi você que chamou ele, não foi, Any? Não sabe que esse... Esse moleque não é mais família. — disse meu pai apontando para Bailey com desprezo.

— Pai, ele é seu filho, mãe... — disse esperançosa olhando para mim mãe.

— Tudo bem, Any, você tentou. — disse Bailey saindo de casa.

Eu ia atrás dele, mas senti uma mão no meu braço me impedindo de continuar.

— Deixa ele Any, ele quem fez essa escolha. — disse meu pai e eu o olhei irritada.

— Você é o culpado disso, e você também. — disse apontando para minha mãe. — Ele o filho de vocês e estão sendo preconceituosos e infantis, só pelo fato dele ter feito algumas tatuagens e...

— Eu o avisei Any, eu disse a ele que se ele escolhesse ser um tatuador marginal, nunca mais iria voltar a ser meu filho. — disse meu pai me interrompendo.

— Eu tenho vergonha de ser a filha de vocês. — disse saindo da casa dos meus pais, escutando eles me chamarem e Noah também estava me chamando.

Percebi que Bailey já havia ido embora quando olhei para a rua. Estava andando rápido e só queria ficar sozinha.

As lágrimas brotaram nos meus olhos e eu mordi o lábio, controlando o choro. Continuei andando, escutando de longe as vozes deles me chamando, mas não voltei.

Quando atravessei a rua, foi tudo rápido demais. Vi a luz do farol de um carro, enquanto escutava uma buzina e o grito da minha mãe.

Não vi mais nada no momento em que o carro bateu contra meu corpo, me levando ao chão, enquanto sentia uma dor horrível e tudo ficar preto.

I Want You ⁿᵒᵃⁿʸWhere stories live. Discover now