Capítulo 20

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Capítulo 13 - Halloween

De todas as possibilidades para o fim de uma noite de Halloween, a que eu menos esperava era: ficar presa na salinha do zelador com meu amigo claustrofóbico.

Por causa da Spooky Party, o diretor anunciou que as aulas desta sexta-feira serão encerradas ao meio-dia. A escola está toda decorada para o evento, desde as salas e corredores,até o banheiro, que foi o lugar que mais me deu arrepios e sustos graças às manchas e pedidos de socorro escritos com "sangue" nos espelhos e portas.

Os estudantes da minha sala não param de conversar sobre quem vai levar quem para a festa e que tipo de fantasia vão usar. Escolher qual fantasia eu usaria foi o de menos. O problema foi convencer Bernardo a me acompanhar, porque não queria passar medo sozinha. Mas, depois de dias de negociação (e um tiquinho de chantagem emocional), ele aceitou vir.

- Vai usar que fantasia? – é a primeira coisa que eu pergunto, quando encontro ele guardando alguns livros em seu armário.

- Vou usar qualquer roupa mesmo – Bernardo fecha a porta, feliz pelo fim das aulas de hoje.

- Ah, deixa disso! – cutuco suas costelas – a gente tem que aproveitar!

- Tá...

- Se quiser, te empresto a capa que eu comprei. Usar a cartola e as luvas que sua mãe me emprestou já está de bom tamanho pra mim – sorrio.

- Não precisa – ele fala, enquanto saímos pelo portão da frente e seguimos o restante dos outros alunos – vou me virar. Acho que eu ainda tenho alguma coisa no meu guarda-roupa.

- Ok!

Depois de alguns minutos, chegamos em casa. Vou para meu quarto, repetindo minha rotina: colocar meu uniforme para lavar, por uma roupa bem folgada e me preparar para fazer os resumos das aulas de dia.

Quando estou terminando de separar os livros que vou usar para estudar, Bernardo bate na porta:

- Meu pai tá te chamando pra almoçar.

- Ok! Já vou – separo as canetas que mais gosto de usar e as coloco no meu porta-lápis.

- Você não vai estudar hoje, não, né? – seu tom de voz mostra que ele está um pouco desapontado – a gente tinha combinado de jogar videogame...

- A gente vai, eu só queria revisar a aula de hoje, só uma horinha!

- Não acha que você estuda demais?

Parando para pensar, eu realmente estudo todo santo dia, até mesmo nos finais de semana.

- É que prometi aos meus pais que estudaria o máximo que eu pudesse... – explico - Cambridge tem um sistema de ensino muito bom e disse que faria meu melhor.

- Ah, mas é só por hoje! – Bernardo pede, tentando imitar o olhar que Gumball faz quando quer atenção.

Revezo o olhar entre ele e a escrivaninha, me sentindo desconfortável pelo silêncio depois desse pedido. "Se a gente combinou...".

- Tudo bem, então! – sorrio e o provoco – segunda-feira a gente estuda em dobro!

***

Depois do almoço, Bernardo e eu vamos para a sala, onde ele conecta os cabos do videogame e configura a televisão. Me sento no chão e como outro biscoito "caveiroso" (tradução minha para "skulliest"), nome que Bonnie deu para a bolacha em formato de esqueleto, decorada com glacê branco, que ela e Riley fizeram com ajuda de Jaqueline.

Bernardo senta-se ao meu lado e me entrega um joystick. Me lembro de jogar com meu irmão, quando éramos mais novos. Jogávamos "Marko Kart" todo domingo. Sorrio por causa da nostalgia. "Que saudades daquele chato!".

Clarice, que não é, LispectorDove le storie prendono vita. Scoprilo ora