[00] PROLOGUE: PARFUM DE LYS

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✢ Prólogo: Perfume de Lírios ✢

— Poderia ficar uma existência toda só olhando para você... — Olhei-o de baixo, mas pude captar os seus olhos quase revirando de êxtase, até um gemido baixinho ele soltou entre os seus lábios maltratados. Jiminnie era um exímio apreciador de juras de amor, colocando-o como o centro do universo daquele que o teria para si, como costumava dizer: suas palavras são mais deleitosas que o seu próprio sexo. Puxei-o pelo braço, com certa brutalidade, um ato que ele não tinha me ordenado a fazer, o trouxe até mim e voltei a sussurrar com os lábios colados nos seus: — E ainda acharia pouco tempo.

Nossos narizes roçaram um no outro, entre os seus lábios, o seu odor saiu e invadiu as minhas narinas, quase me fazendo rosnar pela gana que tinha em querer cravar meus dentes nele. A única vez que pude sentir o gosto do seu sangue foi durante a minha transformação; ele permitir que eu bebesse dele era um ato proibido nas leis dos imortais. Sobre isso, leu o que se passava em minha mente e rebateu:

— Quando um de nós se permite deixar que outro se delicie com o seu sangue, sabe que aquele será seu para todo o sempre.

— Eu já sou seu desde o primeiro dia em que nos encontramos, Jiminnie.

A minha declaração fez com que suspirasse trêmulo, e seus olhos piscassem rapidamente. Mais uma das frases de que ele gostava de ouvir sobre juras de amor proibido. Quando voltou a me olhar, fez um ato que iria contra todos os preceitos do seu clã, seu pescoço tombou para o lado, seus cabelos dourados que costumavam cair sobre a sua nuca foram suavemente afastados por sua mão destra. Era a permissão para que eu fizesse o que tanto desejava.

Nous serons l'un pour l'autre pour toujours (seremos um do outro para sempre) — disse, como se estivesse selando o nosso próprio pacto íntimo, que apenas aquelas quatro paredes eram testemunhas.

Fui até a curva do seu pescoço, fechando os olhos quando seu sangue exalou ainda mais seu cheiro entorpecedor. Sem hesitar mais, afundei meus dentes ali, ouvindo o estalar da sua derme durante o ato, o líquido, que rapidamente inundou a minha boca, me fez gemer de puro prazer contra a pele de Jiminnie, me levando em segundos para além de qualquer ápice sexual. A cada golada que dava de seu sangue, minha garganta pinicava, estava explodindo em êxtase de pura excitação.

Sua perna fez com que minha pélvis batesse contra a sua, mostrando que ter seu sangue drenado pelos meus lábios atiçava a sua libido como de uma besta sendo provocada pela carne. Quando me afastei, retirando forças que nem sabia que poderia ter, seus olhos estavam entorpecidos por uma essência única, algo que nunca tinha presenciado antes. Ele aparentava estar mais humano e vivo, e eu jurava que tinha escutado as batidas surdas do seu coração e que as suas sardas estavam levemente coradas por sua pele quente. Era assim que ele também me via? Cheio de uma volúpia que dominava o âmago.

— Você é perfeito, Jiminnie... Como um anjo...

— Que aprisiona um diabo dentro de si... — disse, concluindo a minha fala.

Aquele fato não era mentira. E com os anos, aprendi a conviver com os dois lados daquele imortal, me atraindo ainda mais por cada uma das suas facetas. A besta endiabrada que vivia adormecida dentro dele parecia alimentar-se daqueles nossos atos. Como eu adorava aquele demônio dentro dele, consumindo cada parte de mim, me dragando para os seus mistérios e caminhos nunca desbravados. Tudo isso era escondido por uma pele de cordeiro, um rosto angelical e um sorriso frouxo para capturar os menos desavisados. Ele era perfeito em cada parte dos seus defeitos, era todo o meu culto por sua existência, toda aquela demonstração nata de adoração por todo o seu ser. Era o mais narcisista que havia conhecido. E como eu amava o seu jeito de ser.

DRINK FROM ME ༌ JIKOOKWhere stories live. Discover now