[05] Lilium éternel

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"Eu sei de que maneira pródiga a alma empresta
Juramentos à língua quando o sangue arde."
— William Shakespeare

"— William Shakespeare

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devaneios por _emmagrant

#DomineTeuMestre 🥀

Quando a primeira gota de sangue desceu por minha garganta, meu corpo foi ao chão. O barulho oco no assoalho não foi de longe o mais alto, pois assim que senti o líquido descer por minha garganta, eu gritei. Gritei de arranhar os músculos da garganta e ao mesmo tempo, agarrei meu pescoço, afundando a unha na carne conforme a estranha queimação crescia dentro de mim.

Conseguia sentir em cada veia o veneno se espalhar, preenchendo as células com o líquido gélido e altamente doloroso. Meus músculos atrofiaram em protesto. Sentia o calor queimar de dentro para fora, incinerando cada tripa minha.

Na total inconsciência, puxei o tecido de minha camisa, querendo afastar qualquer item que viesse a me transmitir calor. Foi assim que os meus dedos rasgaram o tecido, também foi assim que minhas unhas raspavam contra o meu peito. Era o total desespero que assombrou-me em arrancar toda a queimação que vinha de dentro do meu corpo.

Naquelas horas havia esquecido como respirar, meu coração não sabia mais como bombear o sangue e o meu cérebro falhou em distinguir o que era real ou ilusão. Porém, durante os momentos em que senti o abraço frio e acalentador da morte, pude ver entre os borrões cobertos das lágrimas dolorosas, o rosto retorcido daquele que proporcionará-me tal dor.

"Laisse moi entrer, Jeongguk..." (Deixe-me entrar)

Os sussurros dele voltavam ecoar por toda a minha cabeça. Algumas vezes ouvia seu chiar acalentador, assim como as mães fazem para seus filhos entre seus braços quando estes choram de fome.

E diante dos segundos em que meus pulmões pararam, no exato momento em que meu coração parou de zunir em meus ouvidos como um enxame de abelhas, naquele exato ato em que perdi a consciência, pude encontrar a escuridão me trazendo ao seu seio e me alimentando como um bom filho esfomeado.

A agarrei com afinco, necessitado de uma resposta para entender o que significava estar entre os braços da própria extinção.

Quando meus pelos eriçaram-se com o toque sutil dos lábios da penosa, acordei de supetão. Meus olhos que não fecharam-se por nenhum segundo, ainda mantinham-se abertos, brilharam em milhares de cores, uma explosão fascinante do novo mundo iluminava minha retina. Não havia aspirado ar para dentro do peito em nenhum momento, contudo parecia-me perfeitamente viável continuar no conforto daquele marasmo às minhas narinas.

Os cantos daquele quarto pareciam ter criado vida, algo que jamais pude observar em todos os meus anos vivendo na mesma casa. Estiquei-me, erguendo o braço ao máximo que conseguia para sem muitos movimentos bruscos, preocupava-me em alcançar as pequenas partículas de poeira que dançavam bem diante de mim.

DRINK FROM ME ༌ JIKOOKOnde histórias criam vida. Descubra agora