[04] Sang de la bête

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"Apenas desejo a tranquilidade
e o descanso, que são os bens
que os mais poderosos reis da terra
não podem conceder a quem
os não pode tomar
pelas suas próprias mãos"
— René Descartes

"Apenas desejo a tranquilidade e o descanso, que são os bens que os mais poderosos reis da terra não podem conceder a quem os não pode tomar pelas suas próprias mãos"— René Descartes

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devaneios por _emmagrant

#DomineTeuMestre 🥀

Minha garganta já ardia em razão da saliva engolida pesadamente; sentia cada gotícula de suor escorrendo por minha testa, fazendo os fios grudarem ali. Estava em uma luta interna, tentando controlar-me para não abocanhar a pele branquinha e, aparentemente, apetitosa, diante dos meus olhos. Era como instigar um lobo selvagem faminto com um bom pedaço de carne sangrenta.

O demônio de olhos carminados aproximou-se, deixava emanar uma estranha onda de dominação sobre o meu corpo. Instigava-me a mordê-lo, devorá-lo, sugar cada gota de seu sangue; fazia isto com palavras sussurradas aos cantos de minha cabeça.

"Morda-o, Jeon..." — proferiu risonho.

Fechei os olhos tão fortemente que podia os sentir explodir em meu rosto. Tinha a certeza de que estava a ponto de enlouquecer, pois jurava que havia sentido o hálito gélido do demônio próximo ao meu cangote, contudo, quando abri os olhos ele estava bem à minha frente.

Seus joelhos agora estavam sobre o assoalho de madeira, a íris avermelhada percorria cada parte do meu rosto contorcido em agonia; contorcido em resistência para não cair em seu canto de sereia.

Meu coração batia tão forte que podia ouvi-lo além da minha respiração ofegante e o bater de meus dentes. Em um bater mais forte deles, meu lábio inferior foi fisgado, arrancando a pele fina dali e dando o gosto amargo do meu sangue em minha boca.

Os lábios carnudos do moreno abriram-se; aspirou com petência todo o ar que passava entre nós. Seus olhos pequenos fecharam-se e sua cabeça fez concordância com toda a sua faceta. Quando voltou a olhar-me, o vermelho de seus olhos parecia mais vivo, queimando em brasa.

Seus caninos pontiagudos apareceram no momento em que agarrou seu sorriso com os dentes. O estranho frio na espinha da noite em que o encontrei voltou-me a assolar.

— Cheiro de lírios... — sussurrou com a voz alterada, ao mesmo tempo em que trouxe sua boca próxima a minha.

A arrastou contra meus lábios suavemente, capturando o pouco do sangue que brotava do pequeno ferimento. De supetão, tive meus cabelos agarrados pela destra do demônio, puxando o couro cabeludo com brutalidade e fazendo-me gemer de dor. Tal ato havia sido feito para que meu pescoço ficasse exposto. Meus pelos eriçaram-se ao ter as presas afiadas deslizando pela epiderme. As minhas pernas já falhavam, então tive que agarrá-lo pelas vestes.

— Je veux boire de toi, Jeongguk. (Eu quero beber de você)

Sua canhota agarrou-me pela cintura, aglutinando nossos corpos em um encaixe perfeito de suas coxas entre as minhas. Um gemido involuntário saiu de minha boca assim que sua língua percorreu por minha garganta, passando sobre o pomo-de-adão até chegar ao meu queixo.

A minha respiração ficava cada vez mais descompassada, fazendo-me perder o ar por alguns segundos e obrigando-me a abrir a boca para capturar um pouco do oxigênio do cômodo abafado. Graças a mão do demônio, pude ver novamente seu rosto, e assim presenciei a verdadeira face da besta bebedora de sangue. As veias ao redor de todo os olhos completamente vermelhos, a pele branca e endurecida como mármore; seus lábios haviam ficado da mesma cor pálida.

Tal cena fez-me tomar impulso para longe dele, e então suas mãos soltaram-me rapidamente. Arrastei-me ainda tendo seus olhos acompanhando-me. Sua cabeça negava meu ato de rebeldia e o mesmo sorriso satisfatório foi dado, aprovando meu ato de luta contra sua dominação.

O acastanhado ergueu-se para caminhar até mim, e o desespero dominou-me. De repente meus olhos ardiam com as lágrimas que brotavam dali. Um grito abafado foi dado por mim assim que minhas costas bateram com um som oco na parede. Levantei-me arrastando o tecido da camisa por ali, tendo de repuxar de cada linho as farpas da madeira.

— Sentes medo do teu futuro, mon cher (meu querido)? — perguntou sarcástico enquanto tomava o rumo até mim. E assim que chegou bateu fortemente sua palma na parede próximo ao meu rosto. Tive o reflexo de fechar os olhos e encolher-me como um filhote assustado. — És adorable quando demonstras medo... Deixa-me ainda mais excitado para devorá-lo... — Foi dizendo ao passo em que aproximava seus lábios da minha orelha, e ali sussurrou: — Deves ser délicieux (delicioso) ouvi-lo gemer enquanto lhe fodo... Petit (pequeno).

Tentei afastá-lo com outro empurrão, porém, desta vez, parecia uma estátua de mármore, não movendo um centímetro de sua postura, nem mesmo com a grande força que eu havia feito.

Sua destra agarrou meus pulsos com rapidez, apertando os ossos contra seus dedos. Ergueu ambos meus braços até o topo da minha cabeça, assim impedindo-me de lutar. Seus lábios deram um leve estalar contra a pele do meu pescoço antes de seus dentes rasgarem a minha carne e permitirem que o sangue transbordasse pela fenda.

Quando pensei em debater-me contra seu corpo, ele jogou seu peito contra o meu, travou-me com seu joelho entre as minhas pernas e agarrou com a sua canhota livre o meu maxilar. Os movimentos que tentava proferir para libertar-me de suas mãos em meus pulsos pareciam inúteis.

Era uma luta em vão.

Estava lutando contra o meu grande desejo da morte.

Mas afinal, não era exatamente isto o que desejava?

Não havia pedido para encontrar o demônio novamente para que ele drenasse meu sangue até a última gota? Ou apenas queria poder ter essa sensação indescritível de dominação sob mim, como na primeira noite em que nos encontramos?

"Morda-o... Morda-o..." — sussurrava mais uma vez em minha cabeça a doce voz do demônio.

Meus olhos pareciam ter o dobro do peso normal, assim como todo o meu corpo, e graças ao moreno, não tive meu encontro ao chão, impedindo-me de cair arrastando-o comigo. Pude sentir com a aproximação o estranho calor, antes não emanado por ele. O respirar fundo inflou os pulmões do outro quando seus caninos soltaram meu pescoço e a cena repetida de seus lábios manchados com o meu sangue preencheram meus olhos.

Diferente da primeira vez, não pareceu-me tão aterrorizante. Era como uma obra-de-arte pintada através da minha percepção holística. Quando dei ouvidos a estranha besta sussurrante, bem lá no fundo consegui entender o porquê de ter o caminho cruzado com o dele: estávamos ligados desde àquela noite.

Uma parte de mim aceitava aquele demônio como pertencente do meu ser, como meu mestre. E outra lutava contra todas essas minhas certezas. Contudo, nada fez-me lutar contra a vontade latente de agarrá-lo com os dentes em seu pescoço — nem mesmo as mãos dele me impediram, até haviam soltando-me para facilitar a ação.

E totalmente dominado por um instinto animalesco, instigado por um risada ao fundo da minha cabeça e ajudado pelas unhas afiadas do vampiro, tive minha boca inundada pelo sabor mais doce e extasiante que já senti:

O sangue da besta de olhos carminados.


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Demorei pra postar? Demorei, mas eu sou uma bratzinha e faço o que quero da minha vida. Amo vocês tá bom? 🤰

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DRINK FROM ME ༌ JIKOOKWhere stories live. Discover now