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Carolina👑

Puxo o cobertor para cobrir a cabeça, o sol entrando pela janela me incomoda.

Viro para o lado e noto que estou sozinha, Eduardo já saiu de casa.

Não me surpreende mais acordar sozinha, meu marido costuma sair bem cedo para trabalhar, as vezes chega tarde também. Toda a rotina como um membro da polícia faz ele ter uns plantões malucos.

Fora que nos últimos meses ele está encarregado de um novo caso que tá consumindo muito tempo dele, posso sentir o quão estressado ele está com tudo isso. Eduardo sempre se doa em todos os casos, ele mergulha de cabeça e as vezes isso prejudica ele e quem está a sua volta.

Levanto da cama depois de enrolar o máximo possível, quando desço para a cozinha o café já está na mesa. Márcia, a moça que trabalha aqui em casa é muito eficiente, considero ela uma amiga.

Márcia: Bom dia, senhora Avelar.

Bom, não é como se ela também me considere uma amiga. Mas está parte a minha carência costuma ignorar.

Carol: Já pedi para me chamar só de Carol quando estamos a sós, Márcia.- tomo um gole do café - Isso aqui está divino- pisco para ela.

Não sei o que essa mulher faz com o café, mas isso é uma maravilha e eu simplesmente viveria a base disso. Meio que sou dependente de cafeína.

Márcia: Quais seus planos para hoje? O senhor Avelar avisou que não virá para o almoço.

Carol: Hoje é dia de mercado, vou às compras com você- dou um sorriso e ela faz careta.

Márcia: Posso muito bem fazer as compras sozinha. Você devia sair com suas amigas.

Hmm, que amigas?

A dona Márcia não me aguenta mais, só não me manda a merda porque não quer ser demitida.

Não que eu fosse demiti-la, eu iria merecer o xingão.

Carol: É, eu sei que você pode fazer as compras sozinha - dou um sorriso amarelo.

Márcia: A senhora é jovem e cheia de vida, deve fazer algo mais interessante que ir fazer compras com uma velha. Você mal sai de casa, está até pálida.

Carol: Saio com o Eduardo sempre.- me apresso em me defender.

Márcia: Jantar com os colegas de trabalho dele não é a melhor forma de se divertir. Devia dar um volta pelo shopping, ir ao cinema, almoçar em algum lugar diferente, ir à praia...

Carol: Vou parecer uma idiota indo sozinha no cinema. Virar aquele meme de liberdade ou solidão.

Márcia: Eu tenho um sobrinho que tem quase a mesma idade que a sua e não para em casa.

Carol: Acha que eu devo ser mais como seu sobrinho?- pergunto interessada.

Márcia: Misericórdia- ela faz o sinal da cruz- Melhor continuar com seu jeitinho isolado.  Aquele menino não é de Deus.

Carol: Então agora você gosta do meu jeitinho isolado?

Márcia: Não, acho muito extremo. Mas não vira uma cópia do meu menino, ia ser uma confusão, senhor Avelar teria um infarto.

No final das contas a dona Márcia ficou com pena de mim e me levou para o mercado, me senti uma criança e não uma adulta de  26 anos.

Acho que tenho que seguir os conselhos dela e ir no shopping, nem que seja para comprar um par de meias.

Crime PerfeitoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora