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                                  Carolina👑

Ok, eu até admito que no começo eu gostava de estar nessa casa, era tranquilo e solitário de um jeito bom.

Mas agora é meio desconfortável. Passo o meu tempo sozinha pensando que a qualquer momento o dono da casa vai voltar, e quando ele está aqui me sinto um inseto incômodo.

Coloco o pó de café no coador e jogo a água quente, pelo menos o meu café eu posso tomar.

Estou tão concentrada no meu café que nem sinto o corpo alto e sem camisa se aproximar de mim.

É o suficiente para me desestabilizar e me fazer derrubar tudo. Café, caneca, garrafa ....

Carol: Droga - choramingo quando um pouco do café já passado cai no meu pé.

Ret: Que merda!- ele puxa uma cadeira.

Carol: Eu vou limpar tudo e posso substituir  caneca. Eu cuido disso rapidinho... só.... Posso limpar.

Ret: Senta aí, daqui a pouco pisa nos cacos.- ele me puxa pelo braço me fazendo sentar.- Tudo certo aí ou tu se queimou?

Carol: Eu to bem, só tenho que limpar  essa bagunça que eu fiz.

Ret: Deixa que eu limpo isso, só sobe e pega uma sandália.

Que isso? Cadê  o sermão sobre ser descuidada?

Fico encarnando o rosto dele sem saber como reagir.

Ret: Teu pé tá vermelho, certeza que tá tudo certo? - só concordo e ele se vira e agacha para pegar os cacos da porcelana.

Ainda desconfiada de toda situação me levanto e vou atrás de um chinelo, quando eu volto para a cozinha o Ret já está passando pano no chão.

Carol: Vou passar café agora, só que vou tomar mais cuidado.

Ret: Desconfio que faz uns 5 anos que tu não passa um café sozinha. Tinha alguém que passava pra ti, não tinha?

Carol: Tinha uma senhora que fazia as refeições para a gente, mas eu sei passar café. Isso aqui foi um acidente, você apareceu do nada eu eu me assustei.

Ret: Claro, já sei que tu fica muito nervosa perto de mim. Mas sabes que não precisa.

Carol: É o que você diz.... - sussurro.

Ret: O que?

Carol: Nada não.

Acabo passando café novamente e infelizmente o Ret espera para tomar uma caneca.

Ret: Tenho uma irmã- ele começa a falar do nada- O nome dela é Larissa, tem uma idade próxima a tua, 23 anos. Sempre encrenqueira. Tens irmão Carolina?

Carol: Sou filha única.- o que é uma tristeza, sempre quis um irmão ou irmã.

Ret: Quem é irmão mais velho sempre se vê na obrigação de cuidar do caçula. Não tem algo que eu não faria pela mimada da Larissa - ele vira o celular na minha direção, a tela está acessa em uma foto de uma mulher muito linda.

Carol: Uau, ela é linda. Não se parece nada com você.

Ret: Vou fingir que não escutei tu me chamando de feio.

Carol: Eu não te chamei de feio, você sabe que não é feio.

Ret: Sei? - ele abre um sorriso convencido.

Carol: Vamos voltar a falar da sua irmã. O que acha?

Ele desce o olhar pelo meu corpo e volta a me olhar nos olhos. Não gostei do sorrisinho que ele deu.

Ret: Acho que se quiser continuar usando minhas camisas brancas vou ter que te levar para comprar uns sutiãs.

Aí meu Deus!

Cruzo os braços tentando esconder os meus seios.

Carol: Seria muito cavalheiro da sua parte se olhasse apenas no meu rosto.- um rosto que com toda certeza do mundo está muito vermelho agora.

Ret: Pô loirinha, eu tenho cara de cavalheiro? Não precisa ficar com os braços cruzados, eu já vi e sei fingir naturalidade.

Carol: Você faz o VG parecer um príncipe - ele gargalha.

Ret: Meio precipitando, o VG sempre é considerado o pior.

Carol: Vamos voltar a falar da sua irmã. Não sei se percebe mais estou implorando- ele sorri, mas graças da Deus volta ao assunto inicial.

Ret: A Larissa sempre foi muito cabeça quente, se metia em confusão pra caralho, e claro, por ser minha irmã era um alvo, por isso coloquei um dos meus para ficar de olho nela sempre. Claro que ela não aceitou isso de boa. Aqui dentro eu até não ligava se ela dava uns perdidos no Ryan ou no Luan, mas lá no asfalto ou em outra comunidade eu não queria ela sozinha, só que ela foi teimosa.

Carol: Ela saiu sem te avisar e despistou os meninos que ficavam de olho nela- deduzo e o Ret acena em concordância.

Ret: É, só que alguém viu ela saindo e esse alguém era um informante da polícia. Sabe, eu sempre achei que se alguém fosse usar minha irmã contra mim ia ser alguma outra facção, alguém envolvido. Então isso foi um golpe tanto, quebrou as minhas pernas.

Carol: Um policial usou a sua irmã contra você?- Nossa, por essa eu não esperava.

Ret: O seu marido usou.- O que?

Carol: Não....

Ret: Não tem ideia das coisas que ele disse que ia fazer com ela se eu não me entregasse, as fotos que ele me enviou. São coisas que eu nunca vou esquecer, coisas que eu jamais falaria que faria contigo.

Carol: Não, o Eduardo não é assim.

Ret: O que  ele é um bom marido? - concordo - Sério? - ele se altera - Você se controla pra comer, se controla pra falar e acha que eu não notei teu medo quando virou o café? Como se a qualquer momento alguém fosse gritar e te xingar por um simples acidente. Você é uma mentirosa, uma que mente tanto que chega acreditar nas mentiras. Se é que realmente acredita nas mentiras ou só acha mais fácil acreditar.

Fico em silêncio, incapaz de formular uma resposta.

Ret: Você é a boneca dele, ele bota pra dormir, alimenta e fode quando tem vontade. Nada mais, nada menos que uma boneca manipulável.

Fico encarando ele sem dizer nada, apenas sentindo as lágrimas silenciosas descendo pelo meu rosto.

Ret: Impossível tu ser tão sonsa. Duvido que aquele cara encha a boca que nem tu pra falar que casou por amor.

Crime PerfeitoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora