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                                   Carolina👑

Parece que eu tentei engolir uma pedra e ela ficou presa na garganta.

Carol: Vão me deixar falar com o Eduardo?  Por quê? - pergunto desconfiada.

VG: Ele precisa de uma prova de vida, acha que a gente manipulou as fotos.

Ret: Cuidado com o que tu vai dizer pra ele, não irrita a gente.

Viro o meu olhar na direção dele.

"Você é a boneca dele, ele bota pra dormir, alimenta e fode quando tem vontade. Nada mais, nada menos que uma boneca manipulável."

Como deixei alguém que nem conheço fazer com que eu sinta tão mal.

Carol: Acredite ou não, vou seguir as instruções para ir embora o mais rápido possível.

Todo aquele sentimento de conforto que eu sentia aqui se foi, eu só quero ir embora.

Prefiro lidar com os demônios que já conheço.

Souza: Pode ligar Raponzel, mas tem que deixar no alto pra gente escutar.

Pego o telefone e digito o número do Eduardo, ele me atende no quarto toque.

Eduardo: Alô?

Carol: Oi...

Eduardo: Carolina? - o barulho de fundo me faz notar que ele acabou de levantar, deve estar no escritório- Você tá bem? Tocaram  em você.

Carol: Eu tô bem, só quero ir pra casa. Quero sumir daqui.

Eduardo: Sabe me dizer onde você tá?

Carol: É uma casa normal, eu fui vendada.

Eduardo: Eu vou resolver isso, você vai voltar pra nossa casa segura e gente vai ter aquele encontro com a assistente social. Confia em mim, Carolina. Vai dar tudo certo, é questão de tempo até as coisas voltaram ao normal.

Assistente?

Meu Deus, ele mudou de ideia?

A gente vai entrar de cabeça no processo de adoção?

Carol: Eu...- o celular é arrancado da minha mão pelo Ret e ele simplesmente desliga a ligação- O que?

Ret: Seu tempo acabou. Ele queria uma prova de que tu tá vida e ele já teve.

Dos três esse aí é o pior. Homem chato e muito amargurado.

                                        [...]

Eu segui todas as regras que foram ditas.

Mas depois da ligação de hoje não pude evitar, dar uma olhadinha lá fora.

Abro só um pouquinho da cortina e espio o lado de fora.  Sem dúvidas estou no Complexo, mas como nunca estive aqui não vou conseguir passar uma localização.

O mais fácil seria fugir, mas as chances de eu encontrar a saída são mínimas. Aí no  lugar de ser uma prisioneira eu serei uma idiota perdida.

Sabe aquela sensação de que você está sendo vigiada?

Olho por cima do ombro e vejo o Ret encostado na parede com os braços cruzados me observando .

Mas ele nem se mexe, não grita e nem corre para me tirar da janela.

Fecho a cortina e me viro por completo para ficar de frente para ele.

Ret: Tu quer adotar uma criança.

Carol: O que?

Ret: É casada a 5 anos, não tem filho e o babaca mencionou  a assistente social.

Carol: Isso não é da sua conta.

Ret: Ele só falou aquilo para te manter sobre controle.

Carol: Você está fazendo suposições. Essa criança é algo que eu quero a muito tempo.

Ret: E ele queria?- não respondo- Não, ele não queria e agora do nada ele te disse isso.

Carol: Fica quieto.

Ret: Ele falou pra te manter sobre controle. Pra ter certeza que tu não vai dar uma de X9 e dizer coisas que prejudique ele. Seu marido é um filho da puta com você.

Carol: É, você já deixou isso claro. Ele me alimenta e fode quando quer.

Ret: Sabe o que eu acho graça? - ele se afasta da parede e da alguns passos na minha direção- Tu ficou puta com que eu falei, mas passa a mão na cabeça do cara que faz isso contigo. - engulo em seco- Tu tá com  ele por dinheiro?

Carol: Não sou interesseira.

Ret: As vezes não é interesse e sim necessidade.

Carol: Não tem nada relacionado ao dinheiro dele.

Ret: Então me explica, como alguém que nem tu acaba casada com um homem daqueles?

Carol: Alguém como eu?

Ret: Cá entre nós tu é um mulherão e o Souza disse que tu é gente boa.

Ele desce o olhar lentamente por todo meu corpo me fazendo sentir uma inquietação estranha.

Ele está sem camisa como no outro dia, mas é a primeira vez que olho de verdade para ele, não estou tão nervosa quanto da primeira vez.

Meu olhar se demora nas diversas tatuagens, mas o que realmente chama minha atenção são as manchas arroxeadas nas costelas. Parecem antigas, como se o tempo estivesse apagando elas.

Ret: Ganhei os roxos quando fui preso- ele diz ao notar que esteva encarando.

Carol: Como?- subo o olhar encarando fixamente os olhos.

Ret: Digamos que você é casada com uma cara muito agressivo. Mas você sabe disso, não sabe?

Carol: Está insinuando que ele me bate? Isso nunca aconteceu.

Ret: Não disse que ele te bate, só que é agressivo. E isso tu não vai poder refutar.

Carol: O que você quer? - me aproximo já de saco cheio- É o único que está o tempo todo tentando o tempo todo me por contra o Eduardo .

Ret: Sou o único que cresceu com a mãe tendo um relacionamento abusivo, então sei do que estou falando.

Carol: Você pode só me manter aqui como moeda  de troca e me ignorar? Olha eu mudei de ideia eu nem ligo de tropeçar em calcinhas na casa do Souza.

Ret: Eu já disse que tu não vai sair dessa casa. E eu não sou tão ruim assim como colega de casa. Tu não precisa me ver como um inimigo e não precisa fazer a sua estadia na minha casa ser um inferno. As coisas que eu falo sobre o merda do teu marido não é pra por tu contra ele.

Carol: Ah não?

Ret: Não, falo porque não tem ninguém perto de ti pra abrir teu olho. - não sou capaz de responder, só fico olhando para ele- e lembra que tu não pode ficar de bobeira na janela.

Carol: Você vai me deixar ir embora em algum momento, né?

Ret: Te prometo que tu vai ser livre. - aceno satisfeita com a resposta- E espero que em algum momento seja livre em todos sentidos possíveis.

Crime PerfeitoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora