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Ret🤬

Nossa, ela acabou de pifar meu cérebro que já não era dos melhores.

Só que ao mesmo tempo uma parte de mim quer saber a verdade por trás da história, mesmo que isso me queimei alguns neurônios.

Ret: Tu se casou por amor, mas não amor ao teu marido? Nossa tu vai ter que me explicar isso, nem tenta negar. Sei lá, leva como uma das regras do sequestro.

Carol: Sabe, eu era a filha da empregada mais os pais do Eduardo nunca me viram desse jeito, me tratavam como a sobrinha preferida. Pagaram pelos meus estudos, me proporcionaram do bom e do melhor. Eles apoiaram demais minha mãe na minha criação.

Estranho, os pais daquele imbecil parecem de boa. Será que ele é a única fruta podre no pé?

Carol: Ele eram pessoas incríveis, não tem como definir em palavras.

É disso que eu tô falando, de amor, o olho dela tá brilhando falando deles, mas não brilhou quando ela falou do marido. O cara que ela escolheu passar o resto da vida e ter filhos.

Carol: A senhora Avelar lamentava que eu fosse tão mais nova que o Eduardo, porque eu seria a nora perfeita. Ela era uma segunda mãe pra mim, descobrir o câncer dela foi uma facada, em mim e no filho dela.

Ret: Hmm, ela queria você como nora...

Carol: Ela nunca me impôs nada e nem tentou tirar vantagem da doença. Ela fez quimioterapia e usou de todos os métodos que o dinheiro podia pagar, ela melhorou, bom aparentou melhorar, mas o câncer aumentou de tamanho e não era possível realizar outra cirurgia, o corpo dela não ia aguentar naquele momento, iam adiar e ela simples disse que não queria mais, que deixaria o destino tomar conta da situação.

Ret: O que foi que você fez?

Carol: Eduardo e eu acabamos nos aproximando por cuidarmos da mãe dele. Com o passar dos dias eu percebi que ele tinha uma certa atração por mim, e sempre que estávamos juntos a Íris ficava animada mesmo abatida por conta da doença. Eu ficava muito tempo com o Eduardo porque cuidávamos da Íris , ele acabou entendendo de outra maneira.

Ret: Deixa eu adivinhar, tu não cortou ele e as coisas fugiram do controle, certo?

Carol: Um dia eu subi para visitar ela e o Eduardo já estava lá, acabei escutando a conversa. Ele confessou gostar muito de mim, ela até entregou pra ele o anel da família, para um dia ele me pedir em casamento. Eu me deixei envolver pela relação com o Eduardo, assim que a íris partisse as coisas voltariam ao normal, era temporário.

Ela me olha nervosa, acho que ainda sem entender porque realmente está me contando isso.

Carol: Mas tudo ficou uma loucura, foi rápido demais. O médico deu 6 meses de vida para a Íris, ela voltou pra casa e todos sabíamos que ela ia morrer, o senhor Avelar, minha mãe, o Eduardo e eu queríamos fazer de tudo para vê-la feliz, pra que os últimos momentos dela fossem incríveis. Foi assim que eu acabei casando. Casei uma semana antes dela morrer.

Ret: Se só se casou por causa dela porque passou 5 anos assim e não pediu o divórcio?

Carol: Os pais do Eduardo eram completamente apaixonados um pelo outro, era um amor tão lindo, eles eram a vida um do outro. Senhor Avelar começou a beber, ele saia, ia para bares, passava a noite toda fora. Teve um dia que ele ficou tão mal que o dono do bar ligou para a mansão pedindo para buscar ele, Eduardo não estava em casa e quem foi até o bar foi a minha mãe. Voltando pra casa aconteceu um acidente, não conseguiriam achar o culpado, mas o carro capotou e eu também perdi os dois.

Ret: Isso aconteceu quanto tempo depois da Íris morrer?

Carol: Uma semana.

Mas que história fodida é essa?

Ela queimou o único pedaço do meu cérebro que ainda funcionava.

Ret: Não voltasse a falar do divórcio?

Carol: Não me parecia certo- ela da de ombros- e com o passar do tempo eu me acostumei a ser esposa do Eduardo. Não fazia mais sentido pensar em me separar, ele é família que me restou.

Bom, não acho que as pessoas devam só se acostumar com um casamento, acho que tem que ser bem mais que isso.

Ret: Tu ama ele?

Carol: Claro!- ela me olha como seu eu tivesse feito uma pergunta muito estúpida.

Ret: Não tô falando de amor que tu sente pela família e por um amigo, tô falando de amar como teu marido .

Carol: Olha, já te contei o que você queria saber. Bom, não devia ter te contado algo que você pode muito bem manipular e tentar m usar contra mim.

Ret: Tu não é minha inimiga, não vou usar nada contra ti.

Carol: Você tem família além dos meninos e da Larissa?

Ret: Não, perdi minha mãe na infância e meu pai em uma invasão. - ela acena concordando e fica me olhando.

Carol: Vou fazer uma pergunta e gostaria de receber uma resposta verdadeira. Por que não me liberou ainda? Achei que ia ser uma troca limpa.

Ret: Me colocaram em um carro pra transferência e teu marido tava lá, ele atirou nos colegas e jogou a culpa pra cima de mim . Tô sendo acusado da morte de polícias, isso não é uma coisa fácil de ter na ficha criminal.

Carol: Eu...hmm, não sabia que ele fazia coisas ilegais.

Ret: Acredito em ti.

Carol: Acredita? - ela pergunta tão indignada que até me tira uma risada- Quer dizer, que bom, afinal estou falando a verdade.

Ret: Vou continuar na linha da sinceridade e vou te dizer uma coisa. Tu pergunta sobre quando vai embora, mas o comportamento a vontade faz parecer que tu não quer sair daqui.

Carol: Isso não é verdade. Mas se fosse seria óbvio que estou com algum problema mental, afinal se sentir confortável em um sequestro é loucura.

Ret: Seria um comportamento razoável se tu se sentisse presa na tua própria casa. Talvez seja a primeira vez em 5 anos que tu esteja sentindo a sensação de ser livre, e olha que tu presa em uma uma casa.

Carol: Sabe, você disse que eu sou muito diferente do que imaginou, também me sinto assim quando se trata de você. Não parece tão ruim quanto eu imaginei, pelo menos não em relação a mim.- ela da um pequeno sorriso pra mim.

Crime PerfeitoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora