Fim de Uma Era...

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     * Como assim não vou poder ir pra sua casa, Ric? A ligação já durava uns 20 minutos e nenhum dos 02 jovens haviam chegado a nenhum acordo sobre algo aparentemente tão simples.

     _ É o que estou tentando lhe explicar. A gente já tinha combinado que eu ia ter uma conversa bem séria com o garoto e só amanhã é que a gente vai se encontrar. Esqueceu que o velho só volta na segunda-feira?

     * Claro que não esqueci. Mas você deve ter esquecido que nós dois começamos isso juntos e até hoje eu praticamente não trisquei ainda nessa puta nojenta que você arranjou pra atazanar minha vida.

     Essa conversa cheia de intensidade e cobranças por parte de um ciumento Saulo, se deu por volta das 17h00 da tarde. Ricardo queria terminar logo essa conversa que de nada adiantaria e esperar sua putinha que não tardaria a chegar. Só que o sol foi embora e o garoto não apareceu.

     Ricardo deu um tempo pra ver se ele chegava cheio de explicações e ele simplesmente não apareceu. O belo herdeiro não aguentou mais esperar e se dirigiu até  a Vila dos Empregados, na parte leste da Paraíso, pensando encontrar o garoto e trazê-lo pra sua casa nem que fosse arrastado. 

     Ele passou pela empregada, que tinha vindo dizer que o jantar já estava pronto e se ele queria que fosse servido...

     _ Não quero comer porra nenhuma. 

     Ele saiu pela porta e a fechou com uma batida muito forte. Uma olhada na direção da porteira aberta foi dada e uma decisão ele tomou.

     _ Você vai se arrepender de não ter cumprido com sua palavra, sua putinha idiota.

     Ele saiu na caminhonete em disparada e assim que passou da porteira tomou o caminho da Vila dos Empregados. Ele logo venceu a distância, que geralmente levava uns 15 minutos numa boa velocidade e de longe ele viu as 10 casas dos empregados mais antigos e de confiança do seu pai. Algumas casas estavam com as luzes das varandas e salas acesas, e sem se importar com nada desceu do carro com muita determinação. Ele sabia que o Capataz morava na casa de numero 08, e que a mesma ficava lá na parte baixa do terreno, diante de um dos pastos onde os cavalos geralmente corriam livremente todos os dias. O estranho foi não ver uma alma sequer em canto nenhum da localidade. Finalmente chegou diante da casa e para sua surpresa tanto Jeremias como sua esposa Marinalva estavam na varanda e logo se levantaram ao vê-lo parar diante da casa...

     _ Aconteceu alguma coisa, seu Ricardo? Perguntou Jeremias realmente interessado.

     _ Que eu saiba ainda não, Jeremias. Eu vim só pegar o Bruninho. Você pode chama-lo pra mim... É que eu estou com muita pressa.

     _ Ele não tá aqui não, seu Ricardo. Falou Marinalva.

     _ Ele não tá aqui? Mais ele não tinha vindo passar o final de semana com vocês dois? Ricardo parecia incrédulo diante da fala da mulher.

     _ Ele disse que ia pra casa da madrinha dele...

     _ E VOCÊ NÃO É A MADRINHA DELE NÃO?

     _ É a madrinha da crisma, senhor. A mulher se retraiu diante da raiva do filho do patrão.

     _ Onde essa tal madrinha da crisma mora?

     _ Lá no Baixio dos Moura. A finada Dalva inclusive foi a madrinha da menina dela.

     Ricardo mentalmente localizou o lugar e bufou de puro ódio e frustração. O Baixio do Moura era um lugar alagado e mais lembrava um pântano. Quem quisesse chegar no Baixio tinha que pegar a porra de uma balsa. Só que a tal balsa só vinha pra Brilhante uma única vez por dia de manhã bem cedo e voltava pro Baixio no final da tarde.

Olho Por OlhoWhere stories live. Discover now