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-- por favor para -- disse no meio do choro  agoniada

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-- por favor para -- disse no meio do choro agoniada

Marcus estava com um cinto me batendo pelada, ele bati em todas as partes do meu corpo. Ele tinha prazer em me machucar.

-- seja forte, meu amor -- ele disse aumentando me batendo de forma mais violenta nas minhas costas.

Eu estava cheia de sangue, aquele porão ou seja lá o que fosse estava com muito sangue meu, comida espalhada que ele colocava no chão para eu comer.

Feito um cachorro.

Na verdade, bem pior.

Eu não sabia mais dizer ao certo quantas vezes ele já me estrupou, só sei que estou vivendo os piores dias da minha vida.

As vezes eu preferia que ele me matasse do que continuar me torturando...mas ele tinha prazer por isso.

Era notável no seu olhar sombrio e vazio que sempre me deixava com medo

Gerson era tão carinhoso comigo, sempre me tratou bem e sempre me perguntou se podia ou não tocar em tal parte do meu corpo. Cuidou de mim e me respeitou em todos os momentos em que passei ao seu lado.

Temia que ele acreditasse naquela carta e desistir de me procurar, temia viver a vida inteira dessa forma até a minha morte sem nunca mais o vê-lo na minha vida.

Eu estou com tanto medo

Também estou muito preocupada com o Miguel, com certeza está sentindo a minha falta e chorando por mim todas as noites, talvez esteja sem entender o que está acontecendo mas se sentindo mal de alguma forma. Porque era assim eu me sentia, não podia vê-lo mas sentia a sensação de como ele estava.

Coisa mãe e filho.
Coisa que nós somos.

Talvez eu morra hoje aqui mas eu espero que pelo menos o Gerson possa me enterrar de uma forma digna, também espero que ele encontre alguém que o dê muito amor porque ele merece somente coisas boas, que o Miguel cresça saudável juntamente com a Giovanna, que eles sejam uma família muito feliz.

Meu próprio sangue espirra no meu rosto a cada cintelada que ele me dá, a dor vai aumentando cada vez mais e o meu corpo sensível e frágil parece não aguentar.

Aliás, quem aguentaria?

Eu não sei como um dia fui apaixonada por esse homem, como me deixei levar pelas palavras bonitas e nenhuma atitude legal. Como algum dia o amei tanto que o peito doía. Eu me sentia burra e inútil tanto quanto ele, me sentia culpada e com nojo de mim mesma.

Mas isso na verdade, era a realidade da maioria da mulheres brasileiras desse país, somos assediadas, estrupadas, agredidas, violentadas todos os dias

É claro, sempre somos mortas também.

Eu apenas queria vê o meu Miguel novamente junto com o Gerson e a Giovanna, os meus amigos, todos que querem o meu bem.

Nem que fosse a última vez.

Queria sentir os toques de Gerson mais uma vez, o seu abraço, o seu beijo e o seu cheiro. Queria ter ele comigo em todos os momentos de uma vida inteira.

Porque afinal,
Somente Gerson Santos
Cruzou a fronteira.

Porque afinal, Somente Gerson SantosCruzou a fronteira

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FRONTEIRA - Gerson Santos Where stories live. Discover now