FRONTEIRA - Gerson Santos

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Gerson havia dito que iríamos sair do chalé às oito e ponto para ser entregue ao dono porém ele saiu pela manhã cedinho dizendo voltar logo e até agora nada. Já se passava das dez, ligava para ele mas ele não atendia, as mensagens chegavam no seu celular e também não respondia.

Tava começando a ficar preocupada.

Estava conversando com Camilla por vídeo chamada sobre tudo o que tem acontecido aqui.

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-- amiga calma, ele chega nestante -- ela disse vendo que estava apreensiva olhando pela janela

-- já faz muito tempo Cami, ele disse que seria rapidinho

-- as vezes foi algum problema de trânsito, vocês tão no Rio de Janeiro, o que mais tem aí é isso.

-- pode ser -- falei tentando me dá por vencida mas ainda estava preocupada -- mas enfim, tem conversado com o Arrasca?

-- porque eu conversaria com ele, Mi? O nosso relacionamento acabou e ponto

-- mas ele continua amigo do Thiago

-- do Thiago não meu

Solto um riso encarando a mulher revirar os olhos

-- vocês ainda vão voltar

-- por favor vamos esquecer isso.

-- impossível

-- se você não ficar tocando no nome dele toda hora será bem possível

Ouço a barulho de carro sendo estacionado e me levanto percebendo que Gerson havia chegado

-- ele chegou

-- eu disse que chegaria nestante, você é muito nervosa.

Gerson abre a porta e pulo no seu colo o abraçando, cheiro o seu pescoço.
Como eu amo esse homem.

-- tá tudo bem, mô?

-- senti saudades

-- eu só saí por duas horas -- ele disse rindo envolvendo seus braços na minha cintura

-- fiquei preocupada, você disse que seria rápido

-- e foi mô, não demorei tanto.

-- demorou sim -- beijo o seu pescoço o que o fez arrepiar

-- eu ainda tô aqui -- Camilla disse no telefone.

Gerson me coloca no chão e toma o celular da minha mão

-- eai, Cami

-- oi Gerson, a Mi tava quase desmaiando de nervoso

-- isso tudo é amor? -- ele questionou divertido e sorrir tímida

-- com certeza é! Porque demorou tanto? Ela tava quase chorando

-- também não é assim amiga -- falei me defendendo e eles riem

-- Cami, vou desligar rapidinho depois ela te conta tudo tá? -- ele disse sorrindo simpático

Tudo o que?
Que sorriso lindo

-- tá bom, aproveitam aí -- ela piscou desligando a ligação

📴

Gerson me entrega o celular e só então noto que na sua mão esquerda tinha uma pasta preta.

-- tudo o que?

-- eu demorei porque eu estava conversando com o dono do Chalé sobre uma possível venda e olha só, eles venderam o chalé para gente!

Arregalo os olhos e fico com a boca aperta surpresa. Eu sei que estou apegada a esse lugar por tudo o que vivemos e que não queria sair daqui mas comprar? Ele não precisava fazer isso por mim.

-- que? Gerson! Meu Deus, não precisava disso

-- claro que sim, você ficou apegada.

-- mas...você é incrível -- pulei no seu colo e ele envolve seus braços na minha cintura novamente -- foi muito caro?

-- um milhaozinho só -- ele disse divertido

-- você é louco? Não devia ter comprado!

-- louco por você. -- beijou o meu pescoço e solto um suspiro -- eu coloquei no seu nome.

Nesse instante o meu sorriso morre e desço do seu colo o encarando sério.

-- não, Gerson. Não posso aceitar isso, amor.

-- claro que pode

-- amor, não.

-- Azedinha, não vamos discutir isso.

-- eu não posso aceitar o chalé

-- considere como um presente antecipado de aniversário de namoro

-- não, Gerson.

-- Azedinha, por favor. Fiz isso de coração porque é importante para gente, para você. Finalmente conseguiu se libertar dos seus traumas e foi aqui nesse lugar, merece ter ele para sempre com você. -- ele disse me entregando a pasta com os documentos -- não precisa ficar preocupada que eu não quero nada em troca, quer dizer...se você puder me dá o seu amor para sempre em troca eu aceito.

Puxo ele para um beijo, minha língua junto com a sua me causa arrepios na espinha. Seu gosto de menta era tão delicioso. Ele era muito delicioso.

Vou andando de costas sem interromper o beijo até bater na cama, a gente foi se deitando junto com ele por cima de mim. Coloco a pasta em cima do colchão aumentado o ritmo, uma mão vai até a minha coxa e faz carinho, enquanto a outra segura os meus cabelos.

-- melhor parar, você tá com cólica -- ele ressaltou grudando as nossas testas com a respiração ofegante.

-- você tá certo

Concordei puxando o ar, ele sai de cima do meu corpo e me sento na cama do seu lado.

-- então -- ele concordou a garganta passando a mão na barba -- você aceitou?

-- sim, obrigada -- sorrir largamente dando um selinho rápido nele -- mas a gente vai ter que ir hoje ainda né?

-- sim, tô com saudades dos meus filhos e também preciso voltar pro CT me reapresentar e despedir do Éverton

-- aí nem me lembre disse que dói no meu coração -- falei me levantando e pegando minhas mochilas que já estavam arrumadas

-- ele, à família toda vai fazer muita falta -- ele disse pegando a sua mochila e com a pasta nas mãos

Concordo cabisbaixa saindo do chalé e trancando a porta assim que ele sai. Beijo a chave levemente me sentindo imensamente feliz e grata a Deus por tudo o que vivi aqui.

Foi incrível.
Ele é incrível.

Deus e o meu pretinho.