Forty Four | 44.

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CALÍOPE MARINO

Disquei seu número mais uma vez, torcendo para que ele atendesse. Mais uma tentativa falha. Eu sabia que Killian não estava bem, e minha preocupação crescia a cada ligação não respondida.

Decidi ir até o quarto dele novamente, ignorando a sensação de invasão que me consumia. A porta estava entreaberta, como antes, e eu entrei devagar, encontrando o quarto mergulhado na penumbra.

Meu olhar percorreu o quarto, buscando por qualquer sinal dele. Foi então que notei a janela aberta e uma brisa suave movendo as cortinas. O quarto parecia mais sombrio do que nunca, como se absorvesse a escuridão que o envolvia.

Decidi ligar as luzes para iluminar o ambiente. Meus passos ecoaram pelo quarto enquanto eu procurava por algum indício do que poderia estar acontecendo. A cama estava vazia, as sombras dançavam nas paredes, e uma sensação de vazio preenchia o ar.

Killian, onde você está? — Sussurrei para o silêncio, recebendo apenas o eco das minhas próprias palavras.

A inquietação se intensificava, e a atmosfera do quarto parecia carregada de mistério e angústia. Foi então que meu olhar se fixou na escrivaninha, onde uma fotografia antiga de Killian com um garoto ao seu lado estava exposta.

Decidi tentar ligar para ele mais uma vez enquanto permanecia no quarto. Sentei-me na beira da cama, observando a tela do telefone enquanto discava, mas as chamadas continuavam sem resposta.

A exaustão gradualmente tomava conta de mim, e a preocupação misturava-se com a frustração. Decidi esperar mais um pouco, mesmo sabendo que a ansiedade dificilmente me deixaria descansar.

Horas se passaram, e o cansaço começou a pesar em meus olhos. Liguei para ele mais uma vez, decidida a não desistir. Entretanto, a sonolência começava a vencer a batalha contra a minha determinação.

Cedi ao sono, o telefone ainda em minha mão. Minha mente vagueava entre a realidade e os sonhos, enquanto eu tentava encontrar uma explicação para o comportamento misterioso de Killian.

Foi quando algo suave tocou meu rosto. Um gesto delicado, quase imperceptível, mas suficiente para me acordar sobressaltada. Ao abrir os olhos, me deparei com Killian, com uma expressão que misturava tristeza e cuidado.

— Desculpe, Calíope. Eu não queria te assustar. — Sua voz soou baixa, carregada de emoção.

— Killian... é você mesmo? Onde estava? — Perguntei, observando seus olhos que pareciam carregar um peso.

Ele hesitou por um momento antes de responder.

— Eu... Eu precisei resolver uma coisa muito importante.... — Ele murmurou, tocando suavemente meu rosto.

A confusão e a preocupação aumentaram dentro de mim, mas antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, ele se afastou. Seu olhar encontrou o retrato na escrivaninha por um instante antes de desviar novamente para mim.

— Vai descansar, Callie. Eu... eu vou ficar bem. — Ele tentou sorrir, mas havia uma tristeza profunda em seus olhos.

Eu queria entender, queria ajudar, mas Killian estava imerso em suas próprias sombras. Enquanto ele se afastava silenciosamente, eu fiquei ali, no quarto impregnado de mistério, tentando decifrar os enigmas que envolviam aquele homem atormentado pelo seus pensamentos.

— Você não tá bem, Killian... é nítido isso. — Levantei, aproximando-me dele.

— Eu já disse que estou bem. — Ele respondeu, afastando-se, como se quisesse manter uma distância segura.

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