Fifty One | 51.

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CALÍOPE MARINO

Entramos no quarto, onde a penumbra acolhedora contrastava com a intensidade dos acontecimentos recentes. Ajudei Killian a deitar-se na cama, e seu olhar perdido encontrou o meu, buscando algo que talvez nem ele mesmo soubesse descrever.

— Calíope... — murmurou, sua voz um sussurro carregado de emoções.

— Estou aqui. — Sentando-me ao seu lado, ofereci a segurança do meu toque, uma conexão silenciosa que ultrapassava as barreiras das palavras.

Killian permanecia mergulhado em seus pensamentos, e eu respeitava o silêncio que reinava entre nós. Às vezes, as feridas mais profundas precisam de tempo para cicatrizar, e eu estava disposta a caminhar ao lado dele nesse processo.

Killian estendeu a mão, buscando a minha, e nossos dedos se entrelaçaram, formando uma ligação que transcendia as palavras. Era um gesto simples, mas cheio de significado, uma promessa silenciosa de apoio mútuo.

— Seu rosto está bem machucado...— toquei levemente com a ponta dos meus dedos, nos seus cortes do rosto e mãos. — Vamos cuidar disso.

Levantei indo até o banheiro do quarto. Abrir a porta do armário em baixo do lavabo, pegando uma maleta de primeiros socorros.

Voltei para perto de Killian, sentando-me em sua frente.

Abrir a maleta, pegando álcool e alguns curativos. Molhei o algodão com o álcool, colocando delicadamente sobre seus ferimentos. Killian recuou um pouco pelo ardor do momento, mas resistiu.

— Desculpe por isso, é necessário para evitar infecções. — Comentei enquanto continuava a limpar os ferimentos com cuidado, minha expressão refletindo uma mistura de determinação e preocupação.

Os cortes no rosto e nas mãos de Killian eram uma representação visível das batalhas que ele travava, não apenas nas pistas, mas na complexidade de sua própria história. Enquanto eu trabalhava nos curativos, permanecíamos envolvidos em um silêncio respeitoso, cada gesto carregado de uma compreensão mútua.

— Calíope... — Killian começou, sua voz suavizando à medida que o álcool evaporava, e os curativos encontravam seus lugares.

— Sim, Killian? — Olhei nos olhos dele, buscando entender as palavras não ditas que pairavam no ar.

Ele hesitou por um momento, como se estivesse pesando cada palavra.

— Obrigado por estar aqui, por aguentar tudo isso... — Killian finalmente expressou, seus olhos transmitindo uma gratidão sincera.

— Você não precisa agradecer. Estou aqui porque quero estar. — Sorri gentilmente, terminando de cuidar dos ferimentos. — Afinal, é para isso que estamos aqui, certo? Para apoiar uns aos outros nos momentos difíceis.

Killian assentiu, a gratidão ecoando em seu olhar.

Depois de terminar os curativos, fechei a maleta de primeiros socorros e a coloquei de lado. Meus dedos acariciaram suavemente a pele ao redor dos curativos recém-colocados, transmitindo um toque de carinho.

— Agora, você precisa descansar. — Sugerindo, dei um leve beijo na testa de Killian.

Acomodei-o melhor nos travesseiros, observando como a tensão gradualmente deixava seu corpo.

Sentando-me ao lado da cama, esperei em silêncio, sabendo que, por enquanto, palavras eram desnecessárias. Às vezes, a presença silenciosa e a certeza de que não se está sozinho são remédios mais poderosos do que qualquer discurso reconfortante.

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