♦ Trentaquattro ♦

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Com cuidado, a tampa de ferro que os prendiam no esgoto foi sendo puxada para o lado o suficiente para que desse para alguém subir, com ajuda de Alev conseguiu subir e em seguida o puxou, foi assim até que todos estivessem no térreo do depósito.

-Esse andar era para onde o gado vinha antes de ser abatido -Lemi falou apontando para as grades retorcidas.

-Esse lugar é um horror -Leyla respondeu -muitos animais devem ter sofrido aqui.

-Estava fora da inspeção sanitária, acredito que não só foram os animais que sofreram aqui -Dante disse apontando para o crânio humano perdido no chão.

O lugar continuava na escuridão e ainda mais frio, todos fizeram uma fila e prosseguiram para uma rampa íngreme e alta por onde os rebanhos passavam a caminho da morte, poderia ser o deles também.

-Ei, esperem. Tem duas rampas -Alev apontou -vamos nos dividir, é melhor caso tenha alguém nos esperando no andar de cima.

-Eu lidero uma parte.

-Dante.

-É melhor assim, vamos nos  encontrar daqui a pouco se não tiver ninguém, boa sorte a todos.

Assim todos se separaram.

O próximo andar era onde aconteciam as carnificinas, havia diversas alças de ferro suspensas por todo o espaço além das máquinas antigas e surradas e o mais perturbador era os esqueletos de bois que se mesclavam com humanos, o chão era coberto de sangue seco e dificilmente dava para se mover sem esbarrar em algo.

Sem sombra de dúvidas aquilo jamais foi apenas um abatedouro comum, mas sim um lugar bem afastado para queima de arquivo, ou melhor, de pessoas que deviam ter motivos para morrer, possivelmente pertencia alguma organização ou até mesmo alguma máfia da região.

Dante ouviu um arrastar de pés e só restou tempo para gritar.

-Atirem!

Ele correu e se apoiou em uma máquina comprida de ferro e apontou a arma para o que quer que estivesse se mexendo e atirando de volta. Havia uma chuva prateada em cima de sua cabeça feita por tiros e mais tiros indo de um lado ao outro.

Ele sentiu uma pressão no abdômen, uma bala o atingiu, mesmo com o colete fez uma pressão o fez cair para trás, Dante teve menos de cinco segundos para rolar para o lado e levantar voltando a atirar.

-Merda! -Ele tateou apressadamente o colete para puxar mais outra munição e recarregar a arma.

Houve um grito atrás dele, mas ele não se virou, voltou a ficar abaixado atento à sua frente e atirando de novo e de novo.

Mas vinha mais uma onda de pessoas altamente armadas. Se ele chegasse perto o suficiente de um corpo poderia pegar a arma ainda mais potente que estava usando e atirar com mais precisão.

Dante se jogou no chão e foi rastejando para frente, a escuridão seria sua amiga naquele momento, ele foi se arranhando e quando tateou um corpo dando seus suspiros finais, ele só precisou tapar o nariz antes de saquear uma fuzil Fireteam 4 SAW sem nem mesmo ter sido usado, o homem foi abatido antes.

O ômega puxou a arma e já engatilhada apoiou na perna e em um simples clique mais uma tempestade de tiros atingiu qualquer coisa adiante. Dante não conseguia nem mesmo ouvir os gritos antes do abraço com a morte daqueles capangas, a melodia das munições saindo e entrando seus corpos de carne eram mais rítmicos.

Quando não percebeu mais movimentação, ele se espreitou pelo espaço e correu. O andar era enorme e conforme mais entrava, mais decrépito ficava. Dante precisava de uma escada. Urgentemente.

Rei de CopasWhere stories live. Discover now