Alfa Na Pista - Pt/Br

Capítulo 22

Uma leve tontura ainda permanecia. Mesmo tendo dormido várias horas, a imagem do novo quarto em que dormia ainda estava um pouco embaçada. Ele teve que piscar os olhos lentamente e dar-lhe tempo para se ajustar, depois de ficar preso na escuridão por tanto tempo.

— É melhor?

Foi o primeiro som que ele ouviu. A voz de Jeff não era alta nem suave. O pequeno Ômega estava sentado no sofá do canto da sala com um livro que provavelmente havia lido enquanto dormia. Vendo que Charlie estava acordado, Jeff puxou a alavanca do livro no quintal e marcou o local onde havia lido pela última vez, depois colocou-o no sofá e levantou-se, caminhando em sua direção.

— Minha garganta dói...

Charlie respondeu em voz baixa antes de lentamente se sentar. Enquanto isso, Jeff serviu o chá preparado pelo tio Reval em uma xícara pequena e entregou ao irmão mais velho.

— Assim que você acordou, o tio mandou você tomar este chá.

— Quantas horas eu dormi?

— Mais de três horas.

— Parece que estou dormindo há três dias. — Disse o jovem alto enquanto tomava seu chá.

O aroma leve e doce o fez se sentir um pouco melhor, mas esse cansaço ainda o fazia sentir que não queria se mexer muito.

— Isso é normal. O tio disse que normalmente dominar apenas uma habilidade especial é muito cansativo, e você faz isso há uma semana seguida. Três horas de sono é muito pouco.

— É cansativo, mas me sinto leve.

— Claro, você jogou tudo fora. — Jeff riu enquanto se sentava na beira da cama. — Como você está se sentindo?

— Estou cansado. Eu te disse.

— Isso significa que você se tornou uma pessoa normal.

Charlie abaixou lentamente a mão que segurava o copo antes de colocá-lo no colo. Ele olhou para a xícara que segurava, como se refletisse sobre seus sentimentos. Ter uma nova vida completamente diferente de antes, era isso que ele queria, mas isso não significava que não se sentiria estranho quando essa habilidade desaparecesse. Ele se sentia como se fosse uma nova pessoa.

— É estranho. — Respondeu o alfa alto com um pequeno sorriso. — Ainda não estou acostumado, mas é confortável.

— Você não precisa mais carregar os bens roubados, certo?

— Sim, é muito mais leve.

— Bom. De agora em diante, sua vida será mais fácil.

— Espero que sim. — Charlie riu suavemente em sua garganta. Ele olhou para fora. Havia gotas de água na vidraça e a luz solar fraca entrava. A visão o fez se sentir mais fresco do que o chá que acabara de beber. — Acabou de chover?

— Sim, estava chovendo muito forte. — Jeff respondeu, olhando para fora. — Mas parou antes de você acordar.

— Eu olho para a chuva e penso em Babe.

— Você sente falta dele o tempo todo.

— Não é assim. — Ele se virou e apontou o nariz para Jeff. — Quando estou com ele, parece que sempre chove quando algo importante acontece na minha vida.

— Fenômeno importante?

— Sim. — O jovem alto assentiu levemente e continuou: — Quando saí para encontrá-lo no café, estava estressado demais para falar com você naquele momento. No caminho para casa, choveu tanto que quase não consegui voltar para o condomínio, mas Babe veio e trouxe um guarda-chuva para me buscar porque estava com medo que eu ficasse doente.