Epílogo - Três

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Desceu as escadas cumprimentou seu pai, olhou o relógio, eram nove da manhã, pegou na estante o protetor solar que trouxera seu pai sempre trazia e deixava ali.

— Cadu passou?

— Bom eu disse para ele passar, mas não sei. — pronunciou Renê.

“Se acalmar.”
Caminhou com o protetor até a piscina, Cadu estava na água, Julia na espreguiçadeira feito uma lady, ela sempre fazia aquilo, outrora junto de Anastácia, poses e carões, era como se em outra vida elas tivessem sido uma celebridade ou perfeitas madames. Usava um chapéu de aba mole cor marrom claro, e um maiô amarelo vibrante, escondia os olhos em um óculos de lentes amarronzadas como sua pele.
José  apareceu tapando o sol que irradiava em sua pele já levemente bronzeada.

— Ei.

— Me desculpa — disse José  sentando à beira da espreguiçadeira ao lado — Peguei pesado ontem.

— Tá de boa grandão.

— Tem um filho? Você disse ontem?

— É, o pequeno Miguel. Ele esta com pai, fugi deles.

— Você é maluquinha.

— Quando fui sã?

Ela se espreguiça com um sorriso. José olha para Cadu e Rodrigo que brincam na água, José não gosta muito de Rodrigo, sempre desde que era criança tinha ciúme de Rodrigo roubar seu irmão, aquilo era uma ideia maluca de mais para se pensar agora, então qual seria o novo motivo que daria ao seu ciúme se não o próprio ciúme?

— Cadu! — gritou José  — Passou o protetor?

— Não, depois passo.

— Depois pode ser tarde. Vai pegar uma insolação — José  disse chacoalhando o protetor.

— Cara você não é meu pai.

— Me preocupar com você não tem haver com isso. Venha logo.

Cadu bufou, mas não queria comprar uma nova briga com José, e dizer não para José era como desafia-lo. Ele odiava NÃOS, não sabia o que significava aquilo. E agora que Cadu e ele eram dois homens os dois estavam brigando mais que o normal por conta disso também.

Cadu nadou a até o beiral e depois saiu da piscina, pegou uma das toalhas na espreguiçadeira vazia e se secou.

— Quer que eu passe?

— Sei me virar — resmungou pegando o protetor da mão de José .

José  deu os ombros e caminhou para dentro, onde tomaria o seu café da manhã um pouco incomodado por não passar o protetor em Cadu. Enquanto enchia a xícara, observou pela janela e Rodrigo estava ajudando Cadu com o protetor solar na região das costas.

Se acalmar.
Fica calmo José  – disse mentalmente a si mesmo. Ele não estava mais conseguindo se controlar desde que aconteceu aquele beijo. Ah o beijo.

Não, não foi aquele beijo estranho que José  deu em Cadu, e sim o beijo que Cadu deu em José no dia da morte de sua mãe.

José após o café se sentou na cadeira de balanço observando sua ex-namorada Julia, depois olhou para Cadu, por fim e com repulsa Rodrigo. Respirou fundo, respirar estava se tornando sua terapia. Em suas mãos estava com uma pequena cumbuca, onde havia o doce de abóbora que a cada colherada saboreava também a infância.
Lembrou de quando ficavam ansiosos esperando pelas férias, ou por um simples feriado prolongado para vir a casa do sitio, ou de descanso como chama Anastácia, lembrou-se da vez em que Anastácia deixou Cadu e José naquela casa sozinhos já na adolescência por duas semanas por conta de uma briga dos dois durante as férias e para que fizessem as pazes.

Amor Azul CentáureaWhere stories live. Discover now