Azul Centaurea

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Eu pensava em mil coisas quando Cadu estava perto, mas não entendia a sensação de quando o olhava eu pegar fogo por dentro, as vezes só o cheiro do Cadu me gerava uma excitação por mais que eu quisesse muito controlar, parece que tudo sai de ordem para mim que eu não conseguia dizer nada, meio fora de órbita, acho que eu estava tendo um mini ataque de pânico, mas Cadu já foi pegando algumas peças de roupa jogadas sob a cama e dobrando – eu sempre fico injuriado em me sentir perdido, quase como se eu tivesse vergonha em ser gay e a verdade é que eu tinha, e era como se Cadu me tirasse do armário sempre, é mais ou menos isso Cadu me torna um baita viadão, eu fico mole – não em todos os sentidos, mas é como se uma sensação me invadisse, eu perco a postura, Cadu olhou com aquele olhar gentil enquanto eu estava paralisado — Cadu pegou uma das camisetas para dobrar, mas antes do processo a cheirou, e fechou os olhos relaxando os ombros, sorriu daquele modo doce, negou a cabeça devolvendo a camisa para a cama e a dobrando de maneira impecável, ele ainda era tão bom no cuidado das coisas quanto eu.

— Ainda tem o mesmo cheiro... — disse Cadu meio ao sorriso

Fiquei ainda mais estático o olhando, paralisei com a mão sob uma de minhas camisas na qual eu mesmo iria dobrar, Cadu dobrou uma peça e empurrou a camisa para minha direção sobre a cama, e eu meio derretido larguei a camisa que iria dobrar olhando para Cadu totalmente fascinado.

— Viu, eu sei dobrar — Mordeu a pontinha do lábio inferior com um sorriso — quê acha? —  perguntou e eu me esforcei para desviar o olhar, olhei para a camisa depois para ele.

Merda! Cara! Imagine se os meus colegas do batalhão souberem que eu sou viado com meu irmão, ou sei la...que sou doido para comer ele com força! Vergonhoso? Ou másculo de mais, tem homens que se sentem o máximo por comer outros, não nego que isso as vezes acontecia no batalhão. Não comigo, mas... havia histórias.

— Eu devia te fazer dobrar todas — ri pegando a mesma peça que nem consegui dobrar — Você ainda é melhor nisso do que eu.

Cadu sorriu.

Na verdade no que Cadu não era bom perante aos meu olhos? É difícil, ele era bom em tudo. Eu odiava jogar vídeo game com ele, por exemplo, mesmo eu sendo um jogador nato e Cadu nunca tendo jogado Cadu  se saia melhor do que eu ou eu ficava tão fascinado assistindo ele jogar que acabava perdendo? Ele era bom na escola, mesmo estando em matérias diferentes das minhas e menos avançada por conta da diferença de idade e ano letivo Cadu sabia tudo, as vezes eu até pagava uns trocados em dinheiro para ele fazer minhas atividades no passado, nos jogos de tabuleiro Cadu sempre vencia, ele era bom em tudo que eu fazia e para mim, Cadu fazia melhor, e não era de modo soberbo, as vezes as coisas mais simples, ele nunca fez nada querendo ser melhor, não era assim que o Cadu era, ele apenas era o melhor.

Eu não conseguia executar a tarefa de dobrar roupas, olhava mais para Cadu  fazer do que tentar fazer, eu estava tão nervoso que não conseguia se concentrar, mas estava tentando. Que estranho sentir isso agora talvez seja por ele estar mais chamativo, mais maduro, um homem já!

Cadu havia feito a barba, deixando o rosto parcialmente liso exceto pelo seu bigode de fios laranjas e estava finos e aparados, os cabelos estavam penteados para trás, mas os cachos fugiam e escapava da simetria, cheirava bem, eu amava esse cheiro que Cadu tinha, um leve frescor, principalmente pós  banho, como desodorante ou perfume que ficasse em sua pele, eucalipto? Alfazemas, rosas talvez? Um frescor, não sabia, mas sabia que era algo que era tão bom, que raramente já senti em outras pessoas que passasse por mim na rua e é horrível sentir o cheiro semelhante da pessoa que você gosta um outro alguém, as vezes perdemos até o sentido, uma vez aconteceu, um rapaz que passou por mim certa manhã tinha um cheiro semelhante, mas não igual, ao de Cadu o suficiente para me dar um nocaute nostálgico, fiquei de cama o dia todo naquele dia em específico.

Amor Azul CentáureaWhere stories live. Discover now