Saída problema

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A caixinha de música estava ligado na radio na cozinha e era possível ouvir ele cantarolar junto do som desci as escadas em passos leves, eu não queria atrapalhar ele, então fui até a cozinha em passos silenciosos e parei em na entrada da porta, ele estava de frente para o fogão com a espátula na mão, cantando bem baixinho de modo soturno e eu achei aquilo bonitinho, mesmo triste ele ainda conseguia cantar. Aquela cena era linda ele era só o pequeno Cadu de sempre, indefeso e frágil, tão doce, de repente me lembrei da infância, minha mãe adorava ouvir rádio também, ela amava cozinhar ouvindo música e Cadu me lembrou isso, ele tinha certas características que herdou dela mesmo não tendo nascido dela, o modo como ele olha para as coisas que não gosta, ou quando ele enruga o nariz ao fazer alguma pergunta que ele não sabe se devia fazer, aquilo era bom de ver, era bom ver que ele tinha características familiares, mas também existia as que eram unicamente dele e essas eram ainda mais apaixonante, ele tinha tudo, tudo que eu gosto, isso parece problemático de pensar pois me faz ver que ele é meu irmão de alguma forma.

Neguei a cabeça, eu não consigo lidar com isso, isso dói, por que ele tem a familiaridade que eu não queria ver nele, queria que ele tivesse sido filho de outra família, ainda sim meu. Engoli seco, a música acabou e o encanto se perdeu, o locutor começou a falar, o cheiro da comida estava bom. Me aproximei e ele notou minha presença.

— Está pronto — disse chupando a ponta dos dedos

Dei um sorriso.
Ambos de nós nos servimos sentamos na mesa, mas distantes, estávamos num clima estranho da porra, acho que foi o sexo, certeza que ele odiou, e eu? Bom eu nem sei o que pensar, mas ao notar que ele não quis sentar perto de mim peguei meu prato e meu copo de suco e cruzei a mesa comprida sentando ao seu lado. Notei ele olhar todo acanhado e sem graça.

— Posso ficar aqui?

— Sim — respondeu ele

— Você está estranho.

— Acha que estou diferente? — disse ele baixinho.

— Diferente?

— Agora que... fizemos aquilo.

— Como assim?

— É que, bom você parece diferente para mim. — disse ele

— Isso é bom ou ruim?

— É muito bom, só que estou com medo — disse acrescentou ele entre uma garfada e outra em seu prato.

— Do quê?

— De nos machucarmos com isso tudo.

— Acho que se fosse no passado talvez, por conta da nossa imaturidade, mas agora... agora sabemos o que queremos. — falei não acreditando no que eu dizia.

Ele sorriu sutilmente.

— Não, isso não se trata da decorrência da indecisão, e sim da decisão...

— Onde quer chegar?

— Que se nós for ficar juntos, todo mundo vai saber de um jeito ou de outro e isso está me assustado para caralho então estou com medo. — disse ele

Segurei sua mão sob a mesa.

— Eu também estou inseguro — disse a ele.

Acho que não dava para me fazer de forte.

— Tenho medo da nossa família, medo da empresa... tem funcionário lá que nós viu crescer naquela empresa, imagina só como ficaríamos falados.

— Por que é tão difícil ligar o foda-se? — murmurou ele

Ambos de nós apenas respiramos fundo, segurei sua mão acariciando a mesma.

— Terminou?

Ele fez que sim abaixando a cabeça sob o braço na mesa.
Prontamente coloquei meu prato em cima do dele retirando a mesa, peguei os pratos e os copos e levei até a cozinha rapidamente colocando tudo na pia e voltei abrindo os braços.

Amor Azul CentáureaOnde histórias criam vida. Descubra agora