Capítulo 32

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O medo é descrito no dicionário como estado afetivo suscitado pela consciência do perigo ou que, ao contrário, suscita essa consciência; temor, ansiedade irracional ou fundamentada; receio.

Já na química do cérebro o medo é uma reação involuntária fundamental na sobrevivência do ser humano, a partir do estímulo externo, ocorre uma reação em cadeia que provoca efeitos no corpo, como a aceleração do batimento cardíaco por exemplo.

Era esse sentimento tão pouco experimentado por Sasuke que o tomava por completo. Quase 48h depois do encontro com Gaara, e o gatilho para seu medo havia sido despertado pelo ruivo. Poucas coisas nessa vida o amedrontavam, mas nenhuma nunca o amedrontou tanto como Sakura.

Ou melhor, a noção de perde-la. Perder de qualquer forma, dessa vida ou de sua vida. E agora, estava convivendo com as duas possibilidades tão intensamente que mal era possível suportar.

Sua reação natural ao medo era a defesa, a violência nata a ele, mas neste caso ele não podia abraçar essa possibilidade. Primeiro, porque ainda não haviam descoberto quem atentou contra a vida da mulher, e segundo, porque nada podia fazer se Gaara contasse a ela o que havia descoberto; não existia brecha que o inocentasse da morte violenta de Gaara.

Na verdade, existia uma única. Mas era como um beco sem saída. Se Sakura fosse alguma coisa para ele, oficialmente, ele poderia estraçalhar Gaara com os dedos e ninguém levantaria uma pena contra; o porém era que dado a descoberta de Gaara, como ele poderia ser alguma coisa de Sakura? Ela jamais iria querer vê-lo novamente quando soubesse tudo o que ele fez.

Se amaldiçoou mil vezes pelo dia em que ela esteve naquela sala com ele e ele não falou sobre esse detalhe crucial de suas atitudes. Na época, pareceu o certo esconder e evitar a fúria maior ainda da mulher, mas depois, ficara tarde demais para contar e ter que lidar com um segundo ato de desconfiança.

Não agora. Ele não estava pronto para isso. Para vê-la se afastar de novo impondo aquela distância horrorosa entre eles, não quando ela havia dito "sim" com tanta vontade no dia anterior. Estava tão perto, não poderia se deixar morrer na praia.

E pior, ter que encarar a realidade de que qualquer falha sua seria recebida de braços abertos pelo escorpião do deserto que era Gaara.

Bateu com força no parapeito de sua varanda.

Ele estava tremendo, em ansiedade e angústia. Em outros momentos essa sensação seria facilmente acobertada pela liberação voraz de seu monstro interior; mas agora, só havia um tipo de liberação que seu monstro implorava. E ela estava a caminho.

Deu uma tragada no cigarro em seus dedos.

Atendendo seu pedido desesperado prontamente, sem nem hesitar; vindo ao encontro dele simplesmente porque ele pediu. Era a única coisa que amaciava seus nervos, saber que ela estava ali ainda dizendo-o "sim", como no dia anterior.

Sua vontade era trancar todas as portas e janelas depois que ela entrasse, impedindo-a de sair novamente, fazê-la jurar que não daria ouvidos a Gaara ou a qualquer outro, fazê-la prometer que os únicos sim's que sairiam de seus lábios seriam para ele e somente para ele.

Uma vontade tão instintiva de agir como um animal por Sakura o dominava muito rápido e em qualquer situação, ele esquecia que era um ser humano, que devia agir de acordo com as normas da sociedade. Ele queria ser um homem das cavernas e assumir esse papel para todos.

Era fácil demais se perder em tais anseios, cometer verdadeiras loucuras por eles, e com toda sinceridade que tinha, ele não sabia mesmo responder como ainda não havia sucumbido a nenhuma loucura. O que o segurava na realidade era de seu completo desconhecimento.

L'interditWhere stories live. Discover now