Um:

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🌼Bianca Vasconcelos:

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🌼Bianca Vasconcelos:

Estamos nas tão sonhadas férias.
Dormir de madrugada, acordar meio dia, curtir um dia divertido na piscina, ir ao shopping com meus amigos. Uma vida esplêndida. O que poderia ser ainda melhor?

Eu passei todo meu ensino médio, rezando para as férias desse ano chegarem logo. Na minha cabeça, eu pensava assim: " Eu já tenho 18 anos, poderia beber sem se preocupar em tomar um porre, poderia beijar na boca sem censura. Levaria uma vida a doidada."

Como eu ocupei meus neurônios pensando em besteiras como essas? Meu Deus. Eu bateria minha cara na parede se fosse hoje. A antiga Bianca recém chegada no ensino médio, era uma bobona adolescente. Meiga, boazinha, que queria sempre o melhor para as pessoas. Resultado? Fui feita de otária muitas vezes. Aprendi a lição, sentindo na pele.

Agora? Quero que todo mundo se exploda bem longe de mim. Guardo mágoa, e me vingo. Uma nova Bianca, que foi moldada na escola.

Pensam que as patricinhas dos colégios são diferente dos filmes adolescentes? Ela são piores. Andam quase peladas, já que não existe uma exigência de uniforme. Faltam transar por tudo que é canto do colégio. São mesquinhas, malvadas, algumas bonitas e burras como uma porta. Elas adoram transar com os intercambistas, e depois fazê-los passar ridículo. Não é um mar de flores. Uma sujeira sem fim. Há até alunas e alunos que se envolvem com os professores, todo mundo sabe e finge que não vê.

O quê meus pais tinham na cabeça? Quando pensaram em sair do Brasil?

Merda? Titica de galinha? Só pode.

Como eu pude sair de Belo Horizonte para vim morar no Arizona? Estou morando aqui a seis longos anos, em Phoenix, a cidade mais ensolarada de todo país. Ao menos alguma coisa tinha que lembrar meu país de origem. Eu lembro que chorei, fiz um verdadeiro escândalo a caminho do aeroporto Internacional de Guarulhos.

Pensem comigo: Eu deixaria para trás minha família, meus amigos, os vizinhos que eu aprendi a gostar, o clima, a gastronomia, os costumes, minha cultura. Eu tive que deixar tudo para trás. Para viver a vida que meus pais queriam para mim. Eu não tinha nem tenho voz para decidir merda alguma. Eu não trabalho e nem pago as minhas contas, tenho que ficar caladinha na minha e aceitar tudo que vim. É isso.

Eu morro de saudades do Brasil. Depois que me mudei por definitivo, só voltei lá três vezes, e fiquei pouquíssimo dias para o meu gosto. Nem consegui aproveitar direito. Ainda quero ficar mais de um ano se possível, na minha amada BH.

Minha mãe diz que eu não devo me referir ao Brasil como meus país, pois eu não nasci lá e blá blá blá caixinha de fósforo. Mas quem liga? Eu não. Eles foram bem espertinhos, aproveitaram o visto e minha mãe veio quase nas horas de me parir, para que eu nascesse estadunidense e assim eles teriam a liberdade de transitar entre Brasil e Estados Unidos sem problemas. Isso que eu chamo de esperteza. Mas e daí? Eu escolhi a cidadania brasileira e pronto.

Norte-americano só come comida congelada e alimentos mega processados. Vivem de fast-food. É muito barato realmente, os lanches daquelas marquinhas famosas. Mas já viram o plano de saúde? Caríssimo. Tudo relacionado a saúde é caro.

—Garota, vê se acorda antes que eu jogue a minha mala na sua cabeça!—A loira descabelada grita, histérica, enquanto pega os infinitos pares de roupa.—E eu não estou brincando Bianca! Você só anda no mundo da lua ultimamente. O que deu em você? Sua lerda.

—Marlon te dou um fora? Para estar histérica desta maneira, e louca para sair daqui?—Alfineto e desvio rapidamente de um salto.—Ei! Isso podia furar o meu olho sua cabra.

—Era pra furar mesmo.—Solta um grito agudo.—E não toca no nome daquele imprestável. Como eu pude me apaixonar por aquele traste? Deveria ter escutado quando você e a Kate me alertaram.

—Você é mulher demais para ele.—Tento soar reconfortante. —Ele não merece você. Já se olhou no espelho garota? Aquele ruivo metido a besta, deveria levar um soco ultra forte meu. Aí ia aprender a não se meter com minha amiga.

—Ele não precisa de mais alguém que queira bater nele.—Joga a mala brilhante, no meio do quarto. A coitada já não aguenta de tanta roupa. Mais uma peça e ela explode levando todo o quarteirão junto.—O Jason quase mata ele de tanta porrada. Ele veio aqui só pra isso.

—Nada de diferente vindo dele.—Digo. Ele parece amar violência.

—Neste ponto, ele merece palmas.—Kate diz.—Aquele idiota merecia uma surra ainda pior. Jason o mostrou direitinho, a não brincar com a irmãzinha dele.

Ou Tocantins inteiro. Só neste quesito.

—Fiquem caladinhas.—Beth continua a arrumar a mala.

Nota mental: Não se meta com Jason, não olhe para ele por tempo demais e muito menos tente puxar assunto. É o mesmo que pedir a morte. Nem se quer pense no nome dele.

O cara é mal encarado, tatuado, e não exala nada bom. Andando sempre com roupas de couro e com a picape tocando rock e cheia de mulheres. Ele vive para as festas e para as mulheres. É estranho, e me odeia com todas as forças. Eu nunca vi um ódio tão intenso quanto o dele por mim. Tenho medo que ele me mate durante a viagem.

Eu não sei o que eu fiz, para alguém me odiar tanto sem nem me conhecer. Eu nem nunca troquei uma dúzia de palavras com aquele ser. Ele me viu, e decidiu que seria meu maior inimigo na terra. Me olha sempre com ódio, com uma expressão de raiva. Eu me tremo de medo, e fico sempre perto das meninas.

—Será que ele ainda me odeia Beth? —Faço um bico.—Não seria bom ficar no mesmo ambiente que uma pessoa que se pudesse me matava e dissolvia meu corpo em solda cáustica .

—Ele não odeia você. E não exagere. Ele não quer te matar.—Revira os olhos, começando a pular encima da mala, para abaixar um pouco e aparentar ter menos volume.—Ele é só fechado. É o jeito dele. Você se acostuma. Nós nos acostumamos.

—Será que ele ainda lembra daquele dia que eu atrapalhei a foda dele com aquela mulher? Eu pedi mil desculpas, e foi totalmente sem querer.—Talvez seja por isso que ele me odeie ainda mais.—Se bem que antes daquele episódio traumatizante, ele já me queria morta.

—Eu acho que o Jason nem se quer lembra disso. Apenas esqueça, Bi.

Estará sempre na minha mente. Eles estavam quase transando, pelados, e eu apareci. Eu não esperava que aquele quarto poderia ter alguém. Foi uma vergonha master, que eu senti.

—É meio impossível. Quando eu sei que ele estará durante todo o tempo que eu também estiver.—Puxo alguns fios dos meus cabelos.—Isso dará mesmo certo? Estou quase me arrependendo de ter aceitado ir.

—Claro que sim, Bi. E nem pense em voltar atrás agora.—Me olha feio, ofegante, depois dos pulos sobre a pobre mal.—Eu te levo a força garota. E não duvide de mim.

—Não duvido muito. Do jeito que você é louca.

—Cala a boca e só coloque na sua cabeça: será o melhor verão de todos!—Grita quando começa a pular, bagunçando ainda mais os cabelos.—A melhor viagem de todos os tempos! Iremos a loucura, garota!

—Eu mal posso esperar, urrul!—Finjo animação.

Ao menos minha mudança para cá me trouxe algo bom.
Meus novos amigos.

Por favor, Jason, que você esteja de bom humor quando eu chegar. Podemos até ser amigos.

Ou talvez não.

🌼•☆•🌼

Primeiro capítulo de mais uma obra, pessoal.
Foi o mais votado na enquete que eu fiz. Um capítulo por dia, e a depender do número de estrelas e comentários, eu posso postar até dois por dia.

Espero que gostem.

O irmão das minhas amigas.(Concluída)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora