Capítulo 1

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Você pode ser bem cruelAcho que ninguém te entende como euEu te conheço muito bem, mas estou sob seu feitiço

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Você pode ser bem cruel
Acho que ninguém te entende como eu
Eu te conheço muito bem, mas estou sob seu feitiço

Pretty vicious




A morte sempre seria indiferente em relação ao sofrimento dos vivos.

A paz que o corpo transmitia não passava de uma mentira.

A reunião que se iniciava era apenas uma maneira gentil de todos comentarem sobre o ocorrido.

Charles manteve-se dentro do carro por um tempo, sabendo que sua família já estava no cemitério ouvindo com atenção as palavras que o padre dizia com grande convicção. Ele comprou as mesmas flores que comprava desde a primeira vez que foi obrigado a comparecer a um velório. Não era mais capaz de contar nos dedos quantas vezes foi convidado para encarar um rosto sem vida.

Respirou fundo, inalando o aroma que vinha das pétalas.

Existia algo muito artístico na morte. Desde o princípio, povos pagãos encaravam a perda de um ente querido de forma muito festiva, tentando eternizar os feitos do passado para a próxima geração. A ideia da vida após a morte fez com que ninguém realmente sofresse pela perda de quem estava sendo exumado, e sim aguardasse seu tempo. Grandes impérios se mantiveram afortunados graças aos homens que pereceram em busca de mais fama e riquezas.

Não que Charles acreditasse que ele reencarnaria em um corpo totalmente diferente do seu, ou teria uma vida miserável como punição, na verdade, ele não conseguia acreditar em nenhum dos livros que passou anos estudando. Tudo era muito fantasioso, criado para amenizar o sofrimento e tornar o luto uma passagem insignificante.

O luto era tão real quanto o sentimento de amor e dor. Totalmente repugnante. Não havia maneiras de fugir da perda, porque a qualquer momento você seria o alvo. Um dia você perderia alguém de grande afeto, fosse por um acidente ou por meio de uma doença. O individuo poderia nascer sem odiar, mas jamais nascer sem perder.

A morte não era um mau presságio. Ela não era ninguém. Sua presença sempre seria inevitável. Bastava respirar, para que sua chegada fosse anunciada.

O grande erro era repetido por quem ficava. Os vivos nunca pensavam no dia de amanhã. Eles apenas empurravam para frente à ideia de ser enterrado antes dos oitenta. Era mais fácil ouvir de um idoso que ele havia pagado por uma sepultara, do que de um jovem abrindo uma cerveja no sábado de manhã.

Era divertido para Charles observar os dominós caindo junto da sanidade.

Naquele dia especifico, uma jovem partira daquele mundo cruel.

O choro era ouvido da entrada do cemitério. A dor era sentida nos ossos de quem realmente era empático. O coveiro tão acostumado, apenas esperava paciente o momento de fechar o buraco. E todas as flores murchariam tão depressa quanto a carne do cadáver. Com pouco mais de três anos, tudo seria cremado e mantido dentro de uma caixa, completamente esquecido.

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