Capítulo 8

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Então, me diga que o mundo não gira ao meu redor, mas e se girar?Então me diga que eles não tinham a intenção de me ferir, mas e se tinham?Eu quero rosnar e te mostrar o quão perturbada isso me deixouVocê não duraria uma hora no hospício em que eu...

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Então, me diga que o mundo não gira ao meu redor, mas e se girar?
Então me diga que eles não tinham a intenção de me ferir, mas e se tinham?
Eu quero rosnar e te mostrar o quão perturbada isso me deixou
Você não duraria uma hora no hospício em que eu fui criada

Who's afraid of little old me?



O tempo não o tornava sábio. Poderia passar anos, que sua mente continuava engessada no passado, criando raízes capazes de prender o futuro e torna-lo infrutífero. Os fantasmas o observavam na sala de jantar vazia, todos pendurados no piano brilhante, uma plateia silenciosa que aguardava paciente um show. Era mais fácil desviar o olhar quando seus olhos encontravam seu reflexo, incapaz de se enfrentar na realidade de um pesadelo mal interpretado por sua versão infantil.

Não havia amadurecimento dentro de uma pessoa que evitava olhar para além das altas janelas ou pensar no próximo uma única vez. A paisagem continuava tropical e impecável, com ondas depressivas, chuva afiada e nuvens que traziam as lágrimas amargas.

Charles queria ter tido boas notícias.

Qualquer uma.

Não parecia certo ouvir apenas palavras sombrias.

— Ela não tomou nenhum dos comprimidos que trouxe. Não encontramos nada. – o médico contou a ele, referindo-se ao exame sanguíneo – Seja quem for que recebeu os transplantes, não foi a paciente. O pouco que localizamos na corrente sanguínea é referente a contraceptivos, inicio de anemia, e fracos rastros de toxinas deixadas pelo antidepressivo. Fora tudo isso, ela está saudável.

— Mas os pais dela não são transplantados. – Charles murmurou franzindo o cenho – E não vi nenhum anticoncepcional.

— Bom, não posso responder essas perguntas, apenas a paciente.

— É claro...

Ele precisava encontrar uma maneira de descobrir o que realmente estava acontecendo, sem chamar muita atenção.

Saíra da clínica estreitando os olhos na direção do forte Sol. Apertando as pálpebras com força, andou na direção do estacionamento. Piscou rapidamente, tentando acostumar-se com a claridade. Tirou o sensor do bolso, apertando o botão e ouvindo o carro apitar e destravar.

Faltavam poucos dias para Suzuka.

Não podia fugir por mais tempo.

Charles continuou visitando Judith, ainda que ela negasse sua ilustre presença. Não que sua mãe pudesse fazer muito para salvar sua única filha, porém era nítida a maneira com que lutava durante o sono para despertar e encarar o homem que invadia sua residência todas as noites. Era difícil compreender porque uma mãe deixava que o marido tivesse liberdades com a própria filha dormindo no quarto ao lado, porém, ele jamais conseguiu compreender a raça humana.

Anti-HeroWhere stories live. Discover now