Capítulo 18

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Eu não me importo, vá em frente e me despedaceEu não me importo se você fizer issoPorque em um céu, porque em um céu cheio de estrelasEu acho que te vejo

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Eu não me importo, vá em frente e me despedace
Eu não me importo se você fizer isso
Porque em um céu, porque em um céu cheio de estrelas
Eu acho que te vejo

A sky full of stars





O propósito da vida era um paradoxo, e compreende-lo nem sempre libertava. O homem nunca seria bom o suficiente para entender que ás vezes o caminho mais fácil é perder na próxima curva, ou engolir o orgulho para se prostrar diante de uma perda.

Charles convivia com as próprias aflições. Preferindo o silêncio, pois ele estava cheio de palavras que jamais seriam ditas por que o mundo via como um herói. Ele era predestinado a ter aquela vida, então não reclamaria do futuro, pois preferia viver do passado e se lembrar dele pelo resto de sua extraordinária vida.

Um dia diriam o nome dele nos autofalantes e anunciariam seu fim. Ergueriam a bandeira do país em que nasceu e cobririam seu caixão. Seu sorriso estaria por todos os lados nas ruas e avenidas. Falariam sobre suas conquistas com grande orgulho. Visitariam seu tumulo em busca de consolação quando sonhos não fossem concretizados.

Perde-lo não significaria nada para muitos.

Perde-lo seria tão fácil quanto respirar.

Ele ouviria o hino nacional tocar uma última vez.

Não deixaria muito para trás, apenas bens valiosos. Seus familiares não o amariam ao nível de prestar homenagem todos os anos, preferindo relembrar a cada dez anos. Usariam seu sobrenome com frequência e descobririam todos os seus segredos nos lugares menos visitados em Mônaco. Diriam a sua mãe que não conhecia o filho favorito, pois ele guardava segredos obscuros de perdas inimagináveis, e seus sonhos transformaram-se em fumaça ao vento.

Contudo, sabia que Pierre permaneceria ao seu lado nos piores e melhores momentos. Veria o amigo atravessar o Oceano e a forte chuva para lhe trazer flores bonitas. Ouviria a voz de Pierre lamentando por mais uma perda, sentindo o coração dele falhar mais uma batida. Não ficaria sozinho por muito tempo, apenas o necessário para a próxima visita se tornar inesperada e cheia de saudade. Ainda haveria alguém para chorar no seu tumulo vazio.

Ajoelhados no chão molhado pela chuva, Pierre olhou para o céu carregado de nuvens cinzentas. Ele não escondia a própria dor, deixando que as gotas frias seguissem suas lágrimas. Charles deixou suas flores ao lado do buquê que o melhor amigo trouxera.

— Sentimos sua falta. – Pierre murmurou, permitindo que o vento as levasse na direção das nuvens e alcançasse os céus que choravam.

O monegasco encostou a palma da mão no rosto gélido, pressionando os olhos que ardiam pelas lágrimas. Ele ainda ouvia a voz que vinham de lugar nenhum lhe contando piadas e o animando em sábados tediosos. A dor o fez vomitar pelo luto, porque Charles nunca passou pelos estágios necessários para se curar, parando na depressão, o mesmo fez Pierre.

Anti-HeroWhere stories live. Discover now