Capítulo 3

208 14 2
                                    

Eu quero a sua feiura, eu quero a sua doençaEu quero o seu tudo, contanto que seja de graça

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.

Eu quero a sua feiura, eu quero a sua doença
Eu quero o seu tudo, contanto que seja de graça

Bad romance




Maranello era o que se esperava da grandiosa Ferrari. Havia tanta ambição nas paredes vermelhas, que Charles quase se sentia em casa.

Considerando que aquela equipe não estava nos seus melhores momentos, era quase como assistir a queda de um imperador. Havia uma energia pesada quando se passava pelas grandes portas de vidro, encontrando diante de si o grandioso carro que pertenceu a Michael Schumacher, relembrando toda a história do herói por trás do homem que perdera tudo durante um passeio familiar.

Charles respirava a Ferrari porque outros sonharam com aquela grande chance. Não era hipócrita ao ponto de dizer que nunca ansiou fazer parte de uma das maiores equipes, porém o tempo mudou sua mente quase completamente, dando a ele a sensação de estar vivendo o sonho de outras pessoas.

Ao assinar o contrato, pensava nas pessoas que perdeu e como elas se sentiriam caso tivessem uma segunda chance. Era daquela maneira que tudo se encaixava, pois o presente e o futuro não fariam sentido se não houvesse o passado.

O passado importava muito mais. Era mais fácil remexer memórias, do que criar momentos tão bons quanto os anteriores. As pessoas costumavam remoer o passado como ratos famintos, tentando buscar sentido em situações que já passaram, desesperados para entender atitudes de pessoas que não estávamos mais vivas, criando situações que jamais aconteceriam no futuro.

Futuro se construía, mas dependia do presente, caso contrário, tudo desmoronaria. O esforço sendo despejado na primeira lata do lixo. No entanto, o passado era o arranha-céu preparado para ser usado como moradia.

Charles crescia pensando no passado, nunca no futuro. Ele vivia se questionando como se sentiria caso olhasse para trás. O tipo de pessoa que demonstrava ser faria feliz o Charles que se recordaria de tudo? Ele teria orgulho de todos os feitos do passado? Conseguiria viver sabendo o tipo de passado que teve?

As respostas eram todas afirmativas.

Ele amava aquela versão.

Vivia para ter um passado excelente digno de um filme brilhante.

Haveria muitos conhecidos no seu velório apontando o dedo e o odiando por métodos desprezíveis, ainda assim, estaria cheio de visitantes do lado de fora, todos curiosos para dar uma olhada breve no rosto enigmático do monegasco que assombrou Mônaco. Por fim, existiria outro rapaz como ele, disposto a tudo para conquistar o sonho de Charles Leclerc.

— Desculpa te chamar durante as férias.

Fred o cumprimentou com um abraço breve, dando tapas amigáveis em seu ombro.

Anti-HeroWhere stories live. Discover now