Capítulo 57

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Athena

Dizem que três horas da manhã é a "hora do Diabo" e que é necessário pedir proteção contra os demônios que podem tentar fazer o mal. Mas, ao meu ver, esse horário é perfeito para pensar nas decisões que você tomou ou precisa, na vida. O silêncio das ruas fazem com que ouvimos apenas o ruído dos ventos, podem achar que estou delirando, porém, ás vezes eu acredito que a cada sopro eles tentam me falar algo.
Quando fecho meus olhos, tenho a impressão de que estou viajando para outro lugar, onde não há falatórios, e pessoas tentando me ferir apenas para inflar seu próprio ego.

Nessa madrugada fico me torturando com meus próprios pensamentos, eu precisava me libertar, mesmo sabendo que isso estava longe de acontecer. Eu não via minha mãe a exatos cinco meses, nenhuma mensagem, ligação ou sinal de fumaça, não havia nada. Nesse período consegui entrar em contato com meu pai, mas, nem ele sabia da localização de Melissa.

Eu precisava vê-la, olhar em seus olhos e encontrar nem que seja uma gota de arrependimento por ter fodido a minha vida durante todos esses anos. Todas as agressões, humilhações, e transtornos psicológicos que me causou, ela tinha que se sentir um lixo e tão podre quanto eu me sentia por dentro.

— Como você está linda, aonde vai ? — Maya pergunta, me oferecendo torradas

— Preciso resolver uma coisa, me encontrem na Start To Play mais tarde.

Eu estava decidida a colocar um ponto final nessa história, nem que eu perdesse pessoas importantes pelo caminho. Aprendi com a vida que se alguém quer permanecer ao seu lado, não precisa ser implorado para isso.

O relógio marcava onze da manhã no momento em que sai do táxi, estou parada em frente ao Starbucks tomando coragem para entrar. A neve cobria as calçadas cinzentas e bancos enferrujados, enquanto o cheiro de biscoitos assados vindo da loja, adentrava minhas narinas. Ás decorações de Natal estavam sendo colocadas em outdoors, vitrines, janelas de apartamentos, alguns carros passavam tocando músicas natalinas e havia uma sacola enorme do papai-noel pendurada em um dos postes na esquina.

O pequeno sino toca quando abro a porta e pessoas notam minha presença, algumas cochicham, outras continuam suas vidas, e as consideradas mais irritantes são às que ficam rindo de mim.

Vou em direção a uma mesa nos fundos da loja, onde vejo o cabelo loiro com fios brancos de Melissa, ela estava de costas e não percebeu que eu tinha chego, pois, está focada em seu celular. Ela usava roupas muito maiores do que de costume, o batom vermelho que tomava seus lábios não existia mais, e todo o botox que havia em seu rosto foi retirado.

Melissa parecia ter mais de 55 anos, e pelo que me recordo, sua idade é 46.

— Oi, Melissa.

— Filha, quanto tempo! — ela me abraça, mas, não retribuo

Apesar de parecer quase dez anos mais velha do que aparentava, Melissa continuava com o mesmo olhar vazio e frio.

— Imagino que tenha me chamado aqui para fazermos as pazes. — ela começa

— Se arrepende de alguma coisa na sua vida ?

Ela fica receosa em responder, e vejo que engole seco duas vezes.

— Bom, acredito que ter sido uma prostituta é o maior arrependimento de todos, estive com muitos ho...

— Não estou falando disso. — a corto antes que continue o papo-furado

— Está querendo saber se eu me arrependo de algo que fiz por você ?

Eu devo estar participando de alguma pegadinha.

O Que Não Disse A Você Dove le storie prendono vita. Scoprilo ora