Capítulo 63

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Athena

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O sofrimento havia acabado, eu estava livre.

Não somente livre de Kaio e Lya, mas livre de Melissa, das inseguranças, incertezas, e medos. Quando mergulhei de cabeça nesse jogo perigoso eu sabia que poderia me machucar, um arranhão ou dois, mas foi bem pior do que eu pensava. Nosso amor foi colocado a toda prova, e acho que se eu fizer uma retrospectiva de tudo que aconteceu nesses últimos meses, tenho quase certeza de que irei esquecer de alguma coisa.

Bom, começando pela minha formatura, a bendita — ou não — vaga que Jéssica conseguiu para mim na empresa, o festival que fomos e daí surgiu uma das maiores batalhas já existentes por um amor duradouro. Nossas separações que se pararmos para contar nos dedos, perdemos as contas. Nossa rápida viagem a Amsterdã que guardo recordações incríveis, a festa do nosso pequeno, que acabamos dentro de um chafariz antes mesmo que o salão pudesse ficar vazio.

Não podemos esquecer da suposta traição de Theodoro, e que só aconteceu porque uma louca o atacou. Minha viagem para Las Vegas, que tinha tudo para dar errado e deu super certo, não estava nos meus planos virar uma stripper, mas eu sempre gostei de um desafio.

Ser comprada pelo meu ex namorado e ao invés de estar trabalhando formalmente para ele, eu apenas dançava. Aliás, todo o dinheiro que recebi durante esse tempo trabalhando para ele, doei para a instituição da qual ele e Gregory eram responsáveis.

A minha grande volta a cidade e o que eu achava que não poderia ficar pior, me fez entender que sempre a situação pode piorar. Uma guerra que eu achei que tivesse perdido a nove anos atrás contra minha mãe, estava mais do que vencida, eu só precisava acreditar em mim mesma.

Essa parte pode entrar para a pasta "Traumas de Athena", ela ficaria guardada sempre em minha memória e meu corpo, cicatrizes, pequenas marcas, a tatuagem que pouco tempo depois que recebi alta, elas estariam ali para me lembrar que eu sou forte, e que estou vida.

O período de recuperação não é fácil, ele leva tempo, e eu não digo sobre os machucados, e sim do nosso interior. Se me perguntassem a dois meses atrás se eu gostava da vida que levava, a resposta seria não. Eu tinha amigos que me amavam, um namorado que me colocava em um pedestal, um trabalho foda, mas faltava algo, eu sentia.

Eu estava rodeada por todos, mas me sentia sozinha, a maioria dos problemas causados em minha vida, a única pessoa que poderia consertar era eu. Precisei apanhar muito para aprender, e foi de uma forma tão dolorosa.

Agora, eu estava cheia de mim, não preciso de um namorado para entender que sou incrível, ou me amar incondicionalmente. Se eu estivesse sozinha, não era mais um problema, porque eu sei me cuidar, na verdade, eu sempre soube.

Me cuidei quando sofri os abusos e ninguém estava lá para me defender, quando era agredida constantemente por minha mãe, quando precisei me afastar de pessoas que eu mais amava no mundo por motivos inconsequentes.

Eu sou a Athena, a garota que gosta de livros de romance como "Orgulho e Preconceito", que adora assistir animes, séries, documentários, filmes de todos os gêneros, menos terror por não ter coragem o suficiente para assistir sozinha. Que vive com roxos espalhados pelo corpo por bater ou cair em vários lugares da casa, apaixonada por qualquer tipo de animal, desde que não me mordam ou tentem me matar, ama conhecer lugares novos, e principalmente passar um tempo com a minha família.

— Vamos ? — a voz que conheço a bastante tempo adentra em meus ouvidos

Theodoro Montteli.

Estávamos no museu de Anne Frank, sim, ele me trouxe a Amsterdã assim como havia prometido.

O Que Não Disse A Você Where stories live. Discover now