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  — Quem é você?

  Kim tomou a frente do grupo, se movendo de maneira a esconder o canivete brilhante na mão de Sara.

  — Oficial Daisy, sargento do quartel estadual da região sul, e fui designada para patrulhar a área ao redor desse colégio aí.

  — Patrulhar? O que exatamente aconteceu?

  Kim olhou para a outra garota, que até então estava calada mais atrás de todo mundo, e essa apenas negou com a cabeça, mostrando que também não sabia de nada.

  — Não é de seu interesse, mocinha. Agora, por favor, vocês podem me explicar o que está acontecendo aqui?

  A mulher realmente parecia está disposta a fazer o seu trabalho corretamente, já que antes de parar por completo e nos encarar atenciosamente a quase três passos de distância de Kim, ela deu um leve tapa no coldre em sua cintura, que estava guardando pacientemente um pequeno revólver negro como o uniforme dela.

  — Você sabe quem eu sou? Já ouviu falar na Santana Construções?

  Ao falar, Kim ajeitou algumas mechas de seu cabelo, como se aquilo a tornasse um pouco mais intimidadora.

  — Sim, e daí?

  Confesso que até eu, fiquei surpreso com a indiferença que ela falou isso.

  — Meu pai é o dono. Isso faz dele um dos homens mais ricos e influentes do país. Então, se não quiser perder o seu "empreguinho" de merda, é melhor sumir daqui!

  Vocês conseguem imaginar o quão arrogante essa garota, é? Sempre que a Kim está prestes a se meter em alguma furada, ela usa a influência que o pai dela construiu ao longo de trinta longos anos, e sempre sai ilesa de qualquer situação. Ou quase sempre né.

  — Já foi presa antes?

  A pergunta da policial me fez levantar uma das sobrancelhas, surpreso.

  — Você escutou o que eu disse um segundo atrás?

  — Sim, mas, diferente das pessoas que você está acostumada a "ameaçar", eu não tô ligando pra quem é, ou deixou de ser, o seu pai!

  Será que essa mulher é nova aqui na cidade? Ou melhor, ela deve ter vindo de algum outro país! Até mesmo as pessoas que já estão com o pé dentro de uma cova, têm medo do nome do senhor Santana. Imagina então da filha dele.

(Você quer saber porquê as pessoas têm mais medo da filha dele? Simples. Todo mundo sabe que ela é uma mimada de merda, que sempre faz tudo pra ter aquilo que quer, e, ao contrário do pai, Kimberly não tem o menor senso de justiça)


  — Já que é a primeira vez, talvez haja uma redução na pena, mas, que tal passar um ou dois dias dentro de uma cela fria?

  Com um movimento elegante, a oficial tirou um pequeno bloco de notas do bolso interno de seu uniforme, e começou a anotar algumas frases com uma caneta preta.

  — E você vai me acusar de quê?

  Kim tentou disfarçar, mas o medo em sua voz era tão visível e claro como a água do rio Tietê. Eu sei que esse que citei não é um rio cristalino, mas a Kimberly também não é uma pessoa moralmente limpa, então acho que ambos combinam muito bem.

  — Atos imorais em local público, ameaçar policial, tentativa de suborno... Será que tem mais algum outro crime pra colocar nas costas? - (bem que você poderia anotar espancamento aí também).

  Com a cabeça, a oficial apontou para Sara, que ainda estava em cima de mim, mas com o canivete escondido agora.

  — Eu sou menor de idade! Todos nós aqui somos!

Entre Raposas e Assassinos: O Diário de SunWhere stories live. Discover now