Página 11 - Capitulo especial

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Quão prazeroso é ter você aqui novamente! Muito obrigado por não me abandonar por causa de meus pensamentos estranhos.

Bem... Eu não posso te ver, mas prefiro acreditar que você esteja aqui, lendo essas palavras.

Novamente peço desculpas por ter mudado o rumo do que eu estava falando na página anterior, então, pra compensar, que tal um assunto especial nessa página?

Se você estiver interessado, posso te contar sobre uma "alucinação" que eu tive um certo dia. Ou melhor, uma certa noite. Já te aviso que isso é algo que aconteceu algumas semanas depois da minha primeira alucinação com aquela maldita máscara, mas depois de te contar sobre isso, voltarei a narrar a minha vida a partir da cozinha do orfanato.

E já peço desculpas adiantadas, se essa história paralela gastar mais de uma página desse diário.

Bem... Como já mencionei aqui antes, às vezes eu me drogo com calmantes em doses excessivas para poder ter um sono sem sonho ou pesadelos pra ser exato. E nesse dia em específico, não foi muito diferente do normal.

Após mais um dia exaustivo de aula e um pouco de serviço comunitário, a noite finalmente chegou e decidi deitar mais cedo do que o habitual. Normalmente só tento dormir quando o relógio marca que já é madrugada, mas nessa noite, todas as pestes do orfanato decidiram ficar na sala até mais tarde conversando entre si, e como de costume, os mais velhos estavam humilhando disfarçadamente as outras crianças, principalmente o pequeno Gui.

Minha paciência estava quase chegando ao limite e então para evitar um crime casual, subi os dois lances de escadas e fui até meu quarto no final do corredor. Antes de deitar, abri meu armário de roupas e, de dentro de uma das gavetas mais altas, tirei um frasco de comprimido que apelidei carinhosamente de relax.

Sem água mesmo, engoli seis comprimidos de relax e me deitei no meu colchão tão confortável, e fechei os olhos, esperando o efeito dos calmantes me apagar. Foi agoniante esperar quase meia hora até perceber que, mesmo sendo uma dose três vezes maior que o normal, ainda não era o suficiente pra me fazer dormir naquele dia.

Até pensei em me levantar e tomar mais uns comprimidos de relax, mas quando me revirei na cama preparando pra me erguer, acabei olhando para a porta do armário, e apesar de ter certeza que a fechei, pude ver um rosto tão familiar e arrepiante saindo do vão aberto da porta.

Mais uma vez, uma nova máscara alaranjada e peluda me encarava com olhos mortos, que pareciam enxergar até meu mais profundo medo.

  Mais uma vez, uma nova máscara alaranjada e peluda me encarava com olhos mortos, que pareciam enxergar até meu mais profundo medo

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Com mais agilidade que de costume, me remexi na cama, puxando o coberto para cima do rosto e me virei para a parede.

- Era o que me faltava! Uma insônia das fortes que já tive, e a porcaria de um trem ruim me vigiando. Será que dá pra piorar?

Indignado, peguei meu celular que estava carregando numa cadeira ao lado da minha cama, e fiquei procurando na internet por coisas para passar o tempo. (Obs: levei dois minutos para conseguir pegar o aparelho, porque eu não quis me virar e nem tirar o coberto de cima da minha cabeça.)

A pessoa morre sufocada, mas não tira a coberta da cabeça com medo do demônio.

Enquanto migrava de um aplicativo para o outro buscando algo que me entediasse o suficiente para dormir, me estressei mais um pouco com o tanto de propaganda que alguns sites jogavam pra cima de mim. E pra piorar, são aqueles anúncios que o botão de encerrar é quase invisível, e por causa disso, fui redirecionado diversas vezes para a play store. (sim, eu tenho um Android, tem algum problema?)

Em algum momento, ouvi a porta do armário se abrir mais um pouco, fazendo um barulho de rangido assustadoramente alto. Nesse momento foquei mais ainda no que estava passando na tela do celular, buscando esquecer aquilo que estava me observando mais de perto agora.

Enquanto rolava por alguns sites do Google buscando por entretenimento entediante, um novo anúncio apareceu, mas com uma pequena diferença.

Esse anúncio deixou a tela totalmente branca por alguns segundos, até que de repente algumas palavras começaram a surgir, formando uma frase em tom de pergunta:

Olá, entediado nessa noite? Que tal passar o tempo conversando com seu personagem favorito?


Quando tentei fechar o anúncio, acabei clicando no lugar errado da tela, e fui redirecionado mais uma vez para a play store. Antes que eu pudesse ver o nome do app da propaganda, senti meus olhos pesarem, e agradeci por o efeito dos calmantes finalmente me atingir.

Aliviado por finalmente estar sobre o efeito daquelas drogas lícitas, larguei meu celular sobre a cama, e fechei meus olhos, aceitando o que a escuridão do sono me proporcionaria.

Surpresa maior foi quando abri novamente os olhos, despertando de um pequeno cochilo, e me vi em pé no meio de um grande salão branco, sem móveis e nem pessoas, apenas o vazio branco do infinito.

Busquei por algum sinal que indicasse onde eu estava, até que, ao olhar para o alto, percebi algo curioso acima de mim.

Formando o que deveria ser o céu, eu vi a página inicial do Google, só que infinitamente maior que a tela do meu celular. A barra de pesquisa estava centralizada com a minha visão, e no canto superior, pude ver algumas janelas abertas, com nomes tipo: melhores músicas do ano; como dormir por mais tempo; top três dicas para ser uma pessoa fria e calculista.

Enquanto tentava entender tudo aquilo e decifrar se eu estava tendo mais uma alucinação, ou se eu morri e fui parar em um Isekai nada genérico, uma espécie de robô flutuante, parecido mais com um daqueles pássaros do angry birds mas totalmente colorido de um cinza metálico, desceu de uma das janelas abertas e, parando à minha frente, me fez uma pergunta familiar.

- Olá, sou Poly, seu guia interativo. Está entediado está noite? Que tal passar algum tempo com seu personagem favorito?

Após a saudação amigável do pequeno robô, pude ouvir uma voz estranha, falando com o mesmo sotaque genérico e artificial que a mulher do Google tradutor.

De repente, Sun se viu em um lugar desconhecido. O que será que vai acontecer com ele? Descubra nosso próximo episódio!

"Eu realmente acho que fiquei maluco!"

Entre Raposas e Assassinos: O Diário de SunOnde histórias criam vida. Descubra agora