Capítulo Oito - Hannah

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Eu resmungo:

— Não vou até lá.

— Vai sim. – Beth insiste. Eu olho para o espelho mais uma vez. De fato, não quero ir encontrar-me com Frank, e descobrir que ele está aqui só me fez sentir mais nervosa. O que, raios, ele queria aqui?

— Por que quer tanto que eu vá?

— Porque sim; não discute comigo, e move suas pernas até o garoto. Vai me agradecer por isso depois.

— Não entendo porque está fazendo isso – falo porque, pelo que me lembro, Beth não queria que eu ficasse tanto assim com Frank. Sendo sincera, nem sei direito o que ela acha deste assunto.

— Minha intuição está mandando você ir lá. Então, você vai.

Reviro os olhos. Não tinha como discutir com Beth.

— Ok. Posso ter um tempo de dez minutos antes? – pergunto. Quero me preparar mentalmente pra encontrar com Frank porque eu, definitivamente, não estava esperando-o aqui hoje... Nem hoje, nem nunca.

— Cinco minutos – Beth responde e sai do banheiro, me deixando sozinha, encarando meu próprio reflexo no espelho.

Ela tem razão. É melhor que eu vá falar com Frank, nem que seja pra mandá-lo ir embora. Tudo bem que não posso fazer isso aqui, e seria falta de consideração da minha parte se eu parar pra pensar. Ele tirou uma bala do meu corpo.

Respiro fundo e saio do banheiro. Avisto um bebedouro e vou até lá para me refrescar um pouco.

O meu coração está batendo rápido e parece que vai sair pela minha boca quando eu o vejo na primeira fileira do camarote.

Ele está cabisbaixo. Isso causa um aperto no meu coração e eu não tento identificar o motivo disso porque sei que não vou gostar das respostas que encontrarei.

Frank está na primeira cadeira do lado direito da primeira fileira e, quando chego perto dele, coloco delicadamente a mão em seu ombro.

— Aproveitando o show? – pergunto.

Ele vira a cabeça e me dá o sorriso mais bonito que já vi em muito tempo.

Sinto meu coração continuar a bater rápido, sinal de que estou nervosa, e se eu chegar mais perto, tenho a sensação de que Frank é capaz de ouvi-lo.

— Sim. – sorrio constrangida e sinto que estou corando.

E, pela primeira vez em muito tempo, não quero que Frank cause esse tipo de efeito em mim.

Não quero ceder aos seus encantos novamente, porque mesmo que ele tenha salvado minha vida, o nosso passado não foi justo. E acabamos entrando em um silêncio constrangedor. Apenas fico encarando-o enquanto ele faz o mesmo. Até que eu resolvo inverter a situação.

— Então, não sabia que gostava de música. – Uma péssima frase para começar uma conversa, mas, poxa, eu estou sem assunto. Ele que deveria ter começado uma conversa entre nós dois; já fiz minha parte vindo até aqui.

— Pois eu gosto. – ele diz. — E eu tirei umas férias do hospital.

Não sei por que ele está me contando isso, mas resolvo continuar com a conversa.

— Por quanto tempo vai ficar de férias? – pergunto, mesmo sem estar realmente muito interessada em suas férias, e sim no que ele está fazendo aqui.

Sei que ele não está aqui por causa da música. Seu olhar em mim o entrega. Ele veio me ver. Não sei se fico feliz ou triste por isso e por ele não admitir a verdade para mim.

Para Sempre ElaOnde histórias criam vida. Descubra agora