Capítulo Vinte e Cinco - Frank

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Depois de eu ter me sentido um idiota por ter chorado, e sido reconfortado por Hannah, ela acabou indo embora porque eu pedi. Eu queria um minuto sozinho. Ou apenas algum tempo porque, querendo ou não, eu estou uma bagunça de sentimentos e tudo o que eu quero agora é um tempo para poder respirar e pensar nas coisas.

Era certo que Hannah me fazia sentir coisas que eu não havia sentido ainda com nenhuma outra pessoa e que, quando éramos apenas nós dois – até mesmo com nosso cachorro nos fazendo companhia – eu me sentia em paz.

Apesar de ambos termos concordado com isso, ainda era estranho chamar Banzé de nosso.

Eu já estava me sentindo melhor depois de suas palavras, e ela ficou me mimando tanto o dia inteiro que fiquei com pena de prendê-la aqui.

Eu não queria parecer que estava abusando de sua boa vontade. Ela acabou compreendendo quando pedi para ela sair, mas Hannah não foi embora sem me dar um beijo, o que acabou acarretando em uma sessão de amassos na minha cama.

Para completar, combinamos um encontro dali a dois dias. Se eu estava animado para isso? Imagina!

Falei para Hannah que eu iria programar uma surpresa para a gente e eu não iria falar nada sobre o que era, até porque eu a deixei curiosa e não tinha a mínima ideia do que fazer. Mas, ainda iria pensar em alguma coisa.

Não queria que fosse algo comum, como um almoço ou jantar em um restaurante, ou até mesmo uma simples ida ao cinema. Queria que fosse algo como nosso passeio no rio Tâmisa.

Talvez nós devêssemos repeti-lo, já que, quando estávamos lá, o dia acabou de modo um pouco trágico por causa de sua mãe, que,felizmente, agora estava bem melhor pois aquilo fora apenas um susto.

Tomei um banho e coloquei um pijama limpo. Eu nunca mais vou entrar num lago, piscina, ou o que seja por um bom tempo. Apesar de eu já estar bem melhor da febre, minha cabeça parecia que ia explodir.

O meu celular, que está em cima da minha cama, toca e eu penso que pode ser Hannah. Atendo o mais rápido possível, mas é outra pessoa. É Elena.

— Ei, – Elena fala, assim que atendo a ligação — que demora em atender! Estava dormindo?

— Não, – respondo — terminando de me trocar.

— Vai sair? – pergunta— Aliás, você está bem? Sua voz está um caco.

— Eu sei. Acabei ficando resfriado.

— Que droga! Melhoras, Frank. – ela oferece e eu abro um sorriso pequeno pela sua sinceridade — Os meus pequenos estão perguntando por você novamente. Quando você terá um tempo livre para passar aqui?

— Eu não sei. — respondo — Vou sair em um encontro com Hannah depois de amanhã e eu preciso preparar as coisas ainda.

— ENCONTRO?! – Elena surta— Vocês estão tendo um caso?! O que está acontecendo? Porque não me contou, seu desgraçado?

Eu rio pelo desespero dela, que parecia algo como quando uma criança de cinco anos ganha o melhor presente de aniversário que ela poderia ganhar.

— Não tive tempo. Nós apenas nos beijamos, e acho que foi a tia dela que ajudou tudo acontecer, porque ela me deixou sozinho com Hannah mesmo me odiando...

— O quê? – mesmo de longe, eu posso imaginar Elena levantando a sobrancelha, e é quase possível ver um ponto de interrogação em sua testa. — A gente precisa se encontrar para você me atualizar das novidades. O que acha de eu passar aí com as crianças?

— Seu marido não vai se importar de você passar aqui? – não sei por que, mas eu pergunto.

— Faça-me o favor, Frank. O filho da mãe, que a minha sogra me desculpe pelo xingamento, mas ele chegou tarde ontem à noite e sem me dar nenhuma explicação decente.

— Mas, eu ainda preciso preparar as coisas para meu encontro com Hannah – lembro-a, me lamentando por talvez ter que adiar a visita de Elena.

— Eu te ajudo! – ela oferece — E eu só não quero olhar para a cara daquele idiota do meu marido hoje, e as crianças estão sentindo sua falta.

— As crianças ou você? – pergunto zombando.

— Vá se ferrar, Frank!Eu chego aí em duas horas.

Ela, então, encerra a chamada e eu suspiro. Vou ter que mudar o meu pijama. Não quero que ela me encontre com uma roupa tão largada assim.

Coloco uma calça jeans e uma camiseta de mangas curtas aproveitando que o aquecedor da casa está ligado e vou para a sala assistir televisão.

Não percebo quando adormeço, mas acordo com a campainha tocando. Abro os olhos com preguiça de ir atender. Quando o olho para a TV está passando o mesmo programa que eu estava assistindo antes de pegar no sono.

Estranho.

Olho as horas e ainda não se passou nem meia hora desde a minha ligação com Elena e ela disse que demoraria duas horas. A campainha toca mais uma vez. Talvez Elena tenha vindo mais cedo do que disse que viria.

Eu me levanto do sofá e estico os braços, me espreguiçando.

Arrumo as almofadas do sofá porque algumas caíram no chão quando eu me deitei. Sei que quando as crianças de Elena chegarem aqui elas deixarão o apartamento de cabeça para baixo porque eu não conheço crianças mais elétricas que aqueles dois, e seria bom se eu já não começasse a contribuir com a bagunça das miniaturas de Elena.

Vou até a porta e abro. Quando olho, esperando ser Elena – ou até mesmo Hannah por causa da hora – eu me surpreendo. Minha boca se abre e eu não acredito que ela está parada naquela porta, tanto que eu sou obrigado a piscar os olhos para ter certeza de que não é apenas uma miragem.

— O que você está fazendo aqui? – pergunto sem saber se minha voz falharia.

Para Sempre ElaWhere stories live. Discover now