Capítulo Vinte e Nove - Frank

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— Porque você está fazendo isso, Rebecca? Porque, depois de anos, veio me procurar?

— O garoto quer saber quem é o pai – ela responde sem elevar o tom de voz. Nós estamos sentados numa mesa afastada, no segundo andar da cafeteria — e é direito dele. Eu escondi dele todos esses anos e quando ele me perguntou, não pude ficar sem falar nada e disse que você foi embora porque quis. O que não deixa de ser verdade. Sei que isso não foi justo com você,mas entenda, é meu filho, ele vive comigo e não pode ter raiva de mim...

Minha boca se abre por causa da surpresa. Como ela tem a coragem de fazer e dizer isso? Fico pensando o que o menino acharia se ele soubesse de toda a verdade.

— Nossa, Rebecca, – eu falo com tanto nojo na voz que chego a me surpreender, nem eu imaginei que sinto tanta repulsa dela assim — você se superou dessa vez! – respiro fundo tentando me acalmar — Você tem uma foto dele?

Ela tenta ser gentil e abre um sorriso, mas não vou mudar minha opinião sobre ela apenas por causa de um sorriso. Ela pega o celular do bolso e me mostra a foto que usa como papel de parede. Chego a me surpreender. O garoto tem dez anos e aquele ar infantil me lembra dos filhos de Elena. E ele étão parecido com Rebecca que chega a assustar.

Definitivamente ela é a mãe dele...

— Onde vocês estão? – pergunto. Se Hannah conseguiu me perdoar por anos de humilhação, será que eu consigo perdoar Rebecca? Apesar de tudo, eu espero que sim.

— Nós estamos hospedados na casa de sua mãe. – Eu seguro a vontade enorme que tenho de fazer cara feia — Ela insistiu quando eu disse que estava vindo para ver você. Ela está mimando Jack mais do que qualquer coisa...

Eu imagino a cena de minha mãe indo comprar tudo o que Jack pedir. Exatamente como ela fazia comigo quando eu era criança... E acho que foi graças ao meu pai que não virei um pirralho irritante e mimado. Eu posso ter sido irritante em vários outros pontos – como com Hannah – mas nunca fui mimado.

— Ok, – eu falo — ele quer me conhecer, então? Que tal se ele passar o dia comigo amanhã?

Com a minha pergunta um sorriso se abre no rosto de Rebecca e eu quase – quase – esqueço que ela é uma vadia e que me traiu durante o nosso casamento, na nossa própria casa, e na nossa própria cama.

— Ótimo – ela concorda. — Ele vai ficar animado.

— Rebecca, – eu pergunto depois que ficamos alguns minutos em silêncio — ele ficou com essa curiosidade sobre mim... tipo, de repente?

— Não, – ela responde — ele já perguntava pra mim quase sempre de você e eu, bem... não respondia nada. Porém ele achou fotos nossas que eu guardo no meu computador e não adiantou mais esconder.

— E você ainda está escondendo – eu acuso. — Você foi a vilã da história e quem ficou manchado fui eu!

— Elemora comigo, Frank! Se por acaso Jack descobrir, ele nunca mais vai olhar na minha cara... E eu sou a mãe dele.

— Fiz isso porque ele não teria para onde ir se quisesse ir para longe. Ele tem dez anos, Frank.

— E porque ele quer me conhecer? Já que ele me odeia... Ele deveria me querer bem longe dele, certo?

— Jack quer entender porque você foi embora e aí é outra coisa que eu preciso que você faça.

— Eu não vou mentir! – respondo nervoso — Se Jack me perguntar sobre o porquê eu ter ido embora, eu vou responder a verdade para ele.

— Ótimo! – ela também se irrita — Então, se ele quiser ir morar com você, aceite! Ele não pode ficar sozinho enquanto é apenas uma criança.

— Sabe que eu acho que é melhor ele ficar comigo do que ter você de exemplo. – respondo frio e rude. Não encontro nenhuma forma de perdoar Rebecca já que ela não se arrependeu do que fez.

Ela revira os olhos.

— Você não vai ter tempo pra ele por causa do hospital – ela diz como se fosse óbvio e eu fico com vontade de rir. Agora com Hannah em minha vida eu já tinha pensado em ajustar meus horários de trabalho de uma forma decente.

— Eu estou mudando meus horários. Acha que estou aqui porquê? Estou de férias e em breve terei que voltar, mas Jack sempre será bem-vindo à minha casa.

Ela morde os lábios, vejo que está nervosa.

— Jack é meu filho, Frank, ele vai ficar comigo!

— E, de acordo com o que você diz, ele é meu filho também, então estamos quites. Vou buscá-lo na casa da minha mãe amanhã, às 10 horas. Espero que ele esteja pronto e que você não tenha enfiado mais mentiras na cabeça dele.

Rebecca de fato está nervosa, mas ela não fala mais nada. Como eu não fiz nenhum pedido, nem mesmo um café, levanto-me com a intenção de ir embora.

— Até mais, Rebecca. E eu vou conversar com Jack sim... E veremos como tudo vai se resolver. E nem se atreva a sair da cidade com ele antes que tudo seja resolvido!– É melhor garantir, porque do jeito que Rebecca é, quando as coisas começarem a ficar feias para seu lado, é capaz dela sair da cidade com o nosso filho.

É estranho falar "nosso" a alguém relacionado a mim e a Rebecca. Faz muito mais sentido quando o "nosso" se encaixa comigo e com Hannah.

Durante a minha volta pra casa depois daquele encontro nada amigável que havia sido feito em um dos milhares parques de Londres, não consigo evitar de pensar em Hannah.

Como será que ela está?E, por quanto tempo ela está disposta a me esperar? Eu só espero que eu consiga organizar toda essa bagunça o mais rápido possível. 




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