Capítulo Vinte e Um - Frank

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Primeiro dia, do primeiro ano do Ensino Médio. Estava com meus amigos na quadra de basquete assim como todos os outros alunos e alunas do primeiro ano.

— Será que ela mudou de escola? Caleb perguntou. — Não quero ter que trocar de alvoele fez uma careta, — foi tão bom zoá-la por esse tempo que serão mais divertidos esses próximos anos se ela continuar aqui.

— Depois da humilhação que a Palmito passou, eu duvido que ela continue disse Zac.

Meu olhar passou pela porta do auditório, onde o tema da nossa conversa chegava para dentro da quadra. Alguns alunos muitos, na verdade estavam na nossa frente atrapalhando minha visão sobre ela, mas eu a reconheci com seus cabelos loiros e cabeça baixa.

— Olhem ela ali apontei para Hannah. Caleb abriu a boca em um "O" totalmente surpreso, assim como Zac, Tom e Andrew.

— Vamos dar boas-vindas disse Tom, me puxando pela gola da camiseta para ir ao encontro dela, que estava o mais afastada possível de todo o resto dos alunos. Encostada na coluna da cesta de basquete.

— Hei, branquela! Disse Caleb, segurando uma gargalhada, e mesmo assim Hannah não levantou a cabeça. — Bem-vinda de volta!

Não continuamos a atormentá-la porque a voz do diretor atravessou as caixas de som, que se encontravam em pontos estratégicos na quadra.

— Queridos alunos, estamos nesta quadra para cantarmos o hino nacional, como costumamos fazer todo início de ano. Por favor, fiquem em suas posições.

♥ ♥ ♥

Abro os olhos imediatamente quando acordo.

Sinto um peso a mais na minha cama e respiro fundo, tentando normalizar minha respiração que está agitada devido à lembrança que me perseguiu durante o meu sono.

Hannah está deitada do meu lado, usando uma camiseta larga e calça de moletom, que ficou duas vezes maior do que ela porque eram minhas.

Era o terceiro dia de Banzé aqui em casa e ele fez tanta bagunça que Hannah novamente usou o banheiro aqui em casa. Mas, desta vez, não precisei oferecer; ela sabia que poderia usar quando quisesse, coisa que eu já havia deixado bem claro - "Minha casa é sua casa."

Nós estamos deitados na minha cama porque decidimos usar a televisão maior que tenho no meu quarto, e acabamos por pegar no sono, logo após uma maratona de filmes de terror, que acabei descobrindo ser o gênero favorito de Hannah.

Observo-a mais uma vez e, diferente do meu sono, o de Hannah parece estar tranquilo.

Porque aquelas malditas lembranças queriam me irritar agora? Sinto meu coração se apertar por todo o tempo que observo Hannah dormir, até ela acordar duas horas depois de mim.

— Oi! – Ela diz com a voz rouca, e mesmo estando acordada, ela não abre os olhos. — Você está me encarando. Isso é feio.

— Como sabe? Você está de olhos fechados! – Pergunto, soltando uma curta gargalhada, e ela abre os olhos.

— Simplesmente sei. – Ela responde e abre um sorriso. Infelizmente, não consigo deixar de pensar no meu sonho.

— O que foi? — Pergunta. – Está tudo bem?

— Sim – minto e suspiro logo em seguida. Será que essa culpa não irá embora nunca? Estou condenado a me sentir mal por aquela atitude para sempre?

Hannah estica sua mão em direção ao meu cabelo e faz um carinho ali. Fecho os meus olhos, aproveitando a sensação que aquele gesto me causa.

— Não acredito em você – ela retruca. — Sério, Frank, o que há de errado? Está me assustando....

"Bem-vinda a mais um ano, magrela". As lembranças estão tão frescas em minha mente como se eu tivesse vivido tudo aquilo no dia anterior. Porque a culpa resolveu me atingir hoje? Sou obrigado a engolir o choro. Hannah demonstra preocupação e esse é o momento em que eu mais me odeio. Não quero preocupá-la com besteiras.

— Ei, está tudo bem – ela se joga para cima de mim e me abraça.

Escondo minha cabeça em seu pescoço, sentindo o cheiro maravilhoso que só ela tem e que tem o poder de me acalmar. Mas, infelizmente, não sou capaz de segurar as lágrimas por mais alguns minutos. Tudo o que fiz ela passar volta como um borrão em minha mente e me volto a perguntar se eu realmente mereço o seu perdão.

Hannah percebe quando eu começo a chorar porque estou molhando sua camiseta com minhas lágrimas.

— Ei, Frank... – ela continua sussurrando palavras de conforto em meu ouvido e quando ela me beija, para tentar me acalmar por ter feito tanta burrada durante anos, com essa pessoa maravilhosa que está fazendo de tudo para me reconfortar.

E a noite passou assim. Quando viu que eu não falaria nada, apenas começou a fazer carinho em meus cabelos e depois de meia hora, o choro cessou, e eu pude voltar a dormir abraçado à ela, temendo que quando acordasse no dia seguinte, Hannah percebesse que tudo não passou de um erro e que ainda me odeia.

♥ ♥ ♥

Há cinco minutos, eu estou estacionado na frente da casa de Hannah, com Banzé no banco detrás abanando o rabo, completamente alegre e alheio a qualquer problema.

Nós dois havíamos combinado de ir visitar a casa de tia Holly e, para a minha sorte, descobri que ela não estaria em casa já que o seu trabalho está exigindo mais dela nestes últimos dias.

Seria a primeira vez de Banzé na casa e fiquei ainda mais animado quando Hannah me explicou melhor o espaço. Pelo que imagino, é realmente grande e espero que minha imaginação esteja certa.

Uma semana se passou desde o dia em que compramos o beagle-uma das melhores que eu poderia ter.

Apesar do meu surto de culpa naquele dia, Hannah não me exigiu falar em nenhum momento.Ela apenas me reconfortou. Ela sabia que caso eu quisesse conversar, eu mesmo falaria algo.

Mas as coisas só pareciam melhorar já que nos encontramos todos os dias para levar Banzé para um passeio e o melhor era que, em todas as vezes, não havia uma em que não trocávamos beijos. E desta vez não iria ser diferente.

Hannah demorou um pouco para sair, mas ao sair da portaria de seu apartamento, está vestida com um sobretudo vermelho e seus cabelos loiros só a deixam mais linda!

— Oi!— ela me diz assim que abre a porta do carro do lado de passageiro. Banzé late animado com a presença dela. Hannah dá uma risada leve e se senta no banco, virando-se de costas para fazer carinho no filhote que se agita ainda mais.

— Deixe para animá-lo quando chegarmos, ok? Se não o caminho até lá será insuportável! — Peço e Hannah ri, concordando comigo.

Ela vira a cabeça e se estica para mim. Ajudo-a, indo um pouco mais para frente também, e dou um selinho em seus lábios, o que rapidamente evolui para um beijo que logo é cortado porque precisávamos de ar e pelos latidos de euforia de Banzé.

— Ok, você pode me dizer o caminho da casa de Holly? – Pergunto, já ligando o carro para sairmos de sua rua. Ela balança a cabeça, num sinal afirmativo e me passa o endereço.

Ligo o rádio e, entre sorrisos, cantorias e latidos de cachorro no banco traseiro, seguimos para a casa de tia Holly.



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