Capítulo Trinta e Dois - Hannah

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Acordo com uma dor de cabeça infernal. Não abro os olhos, mas assim que o faço percebo que não estou na minha casa.

Eu olho ao redor, tentando identificar o local, e as memórias da noite passada me invadem. Pera... eu estou no apartamento de Frank!

Levanto-me rapidamente da cama e sinto uma leve vertigem, o que me faz sentar. Percebo que não estou vestindo as roupas com que eu tinha ido para a balada e sim roupas de Frank.

A gente fez alguma coisa na noite passada?!! Que inferno, porque se nós fizemos, eu não consigo me lembrar de absolutamente de nada. Aproveito que Frank não está no quarto para pensar uns minutos no que eu irei fazer até que eu escuto o barulho de alguém mexendo na cozinha...

Deve ser Frank.

Eu não quero saber como eu vim parar aqui, eu quero apenas saber o motivo de eu não estar com as minhas roupas e sim com roupas dele.

Respiro fundo e crio coragem para sair do quarto e ir em direção à cozinha.

Quando vou até o cômodo, um cheiro de ovo mexido me atinge e minha barriga ronca, chamando a atenção de Frank, que se vira e me encara com um pequeno sorriso no canto dos lábios.

E eu apenas coro e sorrio envergonhada e toda a coragem que eu tinha para perguntar sobre a noite passada, simplesmente evaporou.

— Bom dia – ele disse – está com fome? E com dor de cabeça, provavelmente.

Acertou em cheio, Frank. Minha cabeça está quase explodindo.

Frank para o que está fazendo e me arruma um remédio para dor de cabeça, eu agradeço com um sorriso que é prontamente retribuído.

Em seguida, ele desliga o fogo e pega um prato grande do armário, coloca toda a omelete lá e pega dois garfos na gaveta. Eu ainda estou encostada na porta da cozinha enquanto eu o observo colocar o prato na mesa de dois únicos lugares.

— Você quer um suco? – ele pergunta antes de se sentar e eu faço que sim com a cabeça e em questões de segundos nós dois estamos dividindo a mesma omelete.

Eu estou com mais fome do que curiosidade e, portanto, espero nosso café da manhã passar antes de começar a perguntar sobre ontem.

— Não sabia que você sabe fazer omeletes – eu disse para tentar descontrair – eu nem sabia que você sabe cozinhar.

Ele fez uma careta engraçada que me faz soltar uma pequena risada.

— Não é porque sou médico que sou um alienado na cozinha. – meu sorriso aumenta e sei que o dele só aparece em seus lábios por consequência do meu. Não posso deixar de admirá-lo por alguns segundos.

— Frank, – eu digo quando sinto a coragem que eu tinha antes voltar – o que aconteceu ontem?

— Nós nos encontramos na balada... Você estava bêbada e Beth não, aí eu me ofereci para te deixar em casa, mas você acabou dormindo no caminho e eu não lembrava exatamente onde você mora e daí te trouxe pra cá.

Respiro fundo, eu também estava curiosa sobre isso, mas, por que estou com as roupas de Frank? Quero dizer, de acordo com ele, eu apaguei durante o caminho até aqui.

— E por que estou com suas roupas? – ir direto ao ponto não faz mal para ninguém, muito pelo contrário.

Frank parece envergonhado ao responder.

— Eu vesti você porque achei que ficaria mais confortável. Desculpe-me se invadi alguma privacidade e...

— Está tudo bem – corto sua frase antes que ele comece a gaguejar por conta do nervosismo.

— Obrigada, por ter feito isso — falo sincera pela preocupação que ele teve comigo. Ele sorri amarelo.

— E aí? Como foi com... Você sabe. Desculpe-me se estou sendo invasiva — pergunto tentando achar uma forma de não parecer intrometida.

— Ok – ele diz – eu conheci meu filho – ele sorri. — e, teoricamente, pelas coisas que Rebeca disse a ele, era para o garoto ter raiva de mim... Mas, pelo contrário. Nós conversamos muito ontem e, apesar de ter dez anos, é um garoto que parece que tem inteligência de um adolescente. Estou impressionado.

— Fico feliz que tenham se dado bem — e eu estou realmente, apenas quero que ele veja o que vai fazer da vida dele para poder voltar comigo.

— Hannah... — ele diz, mas hesita um pouco — sobre ontem, você ficou com alguém na boate?

Tento me lembrar, mas tudo o que eu consigo são memórias de estar conversando com um rapaz enquanto me embebedava.

— Eu não lembro – respondo e me surpreendo pelo meu tom de voz ter saído arrependido. – eu sinto muito se te magoei de alguma forma, mas Frank, o que você estava fazendo lá também?

— Zac tinha me convidado. Eu queria apenas beber um pouco, mas mudei meu rumo quando encontrei você.

Por algum motivo, mesmo que seja apenas coincidência, aquela frase tem um duplo sentido.

— Frank, eu estou com uma pulga atrás da orelha – falo fazendo-o rir. Aquela risada gostosa preenche meus ouvidos, tornando-se um dos meus sons preferidos e eu seria eternamente grata se pudesse ouvi-la todos os dias.

— Fale – ele pede.

— E nós dois? Nós estamos dando um tempo, mas isso significa que eu posso ficar com quem eu quiser, assim como você? Enquanto você não se resolve porque...

— Eu andei pensando – ele disse, me interrompendo – eu gostaria que você estivesse do meu lado.

— Como assim? – pergunto, mesmo entendendo claramente o que ele quis dizer.

— Eu quero você do meu lado – ele reafirma, com a mesma certeza que tinha dito de que havia me escolhido. – eu quero compartilhar meus momentos com você e para a sua pergunta, a resposta é não, não acho que devemos nos envolver com outros enquanto estamos separados para que eu tente resolver isso. Nós poderíamos terminar com esse tempo agora e voltarmos, mas eu não acho justo trazer você para essa confusão.

— Isso é lindo – eu digo – mas querer me afastar é idiotice. Eu agradeço mesmo por isso, Frank, por querer me manter longe dos seus problemas, mas você sempre foi um problema meu e acho que isso nunca vai mudar... E incrivelmente, é um problema de que eu gosto de ter e posso ajudá-lo. – tenho que controlar a minha boca, antes que eu diga mais do que deveria – e eu agradeço a você por isso, e eu só estou concordando porque no momento, eu também estou confusa.

— Confusa sobre o que sente por mim? – ele pergunta preocupado.

— Frank, não estou confusa sobre isso. Estou certa, mas veja bem, alguma vez nós dois tomamos coragem para dizer o que sentimos um pelo o outro? O que sentimos de verdade?

Silêncio.

— O que você quer dizer é que...

— Não quero esse tempo para ficar afastada dos seus problemas – eu falo porque agora realmente o tempo que demos está fazendo mais sentido do que parece – e sim para ver se estou preparada para entrar num relacionamento desse porte.

— Tudo bem – ele diz. – mas nós, de alguma forma, estaremos juntos no final, certo? – ele ainda está inseguro e eu não o culpo por isso.

— Frank, nós sempre estamos juntos de qualquer maneira – eu respondo com um sorriso – não podemos evitar alguma coisa se seu coração sempre acaba me escolhendo, e, acredite, é retribuído aqui — termino de falar, fazendo um gesto com a mão em cima do meu coração.

Agora eu só preciso tomar coragem para falar as três palavrinhas mágicas em voz alta.

Eu te amo.



Para Sempre ElaOnde histórias criam vida. Descubra agora