A fuga.

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Quatro anos atrás...

Tudo começou quando decidi mudar minha vida.

Resolvi viajar sem rumo, sem direção, só tentando me encontrar...

                             ***

    
Vocês já foram dormir com uma vontade louca de mudar de vida, de ficar sozinha ou simplesmente sumir por um tempo?

Acredito que a resposta será, sim!
Pois eu também já.

Minha vida nunca foi fácil e já me conformei em saber que nunca será...
Acho que tem pessoas que já nascem predestinadas a sofrer e tem outras que não.

Mas não é por isso que não vou tentar ser feliz...

Então um dia desses levantei com vontade de dar um tempo dos problemas, relaxar, ou quem sabe só começar uma vida nova.

A convivência com minha mãe nunca foi muito boa, mas ela sempre está comigo quando eu preciso de alguém, só que esses últimos dias estão sendo insuportáveis...

Em um momento está tudo bem entre a gente, nós saímos, vamos ao cinema, conversamos, fazemos coisas de mães e filhas, de repente algo muda e já não é a mesma pessoa, ela não pode nem me ver perto dela, se tranca no quarto e só Deus pra me ajudar a tira-la de lá.

Eu amo minha mãe, amo muito, só que desde que meu pai decidiu ser um completo covarde e nos abandonar, tudo mudou.
Ela começou a ter essas mudanças repentinas de humor, eu era muito nova e tive que ser o pilar da minha casa, minha mãe se recusava a trabalhar, então fui obrigada a desistir da tão sonhada faculdade que estava por vir e comecei a fazer uns bicos, para nos manter...

Isso aconteceu há três anos, na época eu tinha dezessete anos, mas agora já estou com vinte, e não aguento mais ficar vivendo minha vida sofrendo com os seus problemas, eu nunca sei como ela vai estar, não tem como saber quando vai ser seu dia bom e isso me assusta, todos os dias é um novo inferno em casa, por causa dos seus distúrbios.

Os médicos me disseram que ela sofre de uma doença chamada Borderline mais conhecida como distúrbio de personalidade, essas alterações de humor podem ter sido provocadas por algum trauma que ela sofreu. Obrigada pai!

No dia em que decidi sair de casa, não foi fácil, me senti uma pessoa horrível por fazer isso, era como se não fosse a coisa certa a fazer, como se a partir daquele momento tudo mudasse para sempre. Mas convenci a mim mesma que não estou a deixando, sei que vou voltar, só preciso de um tempo.

Então tudo se resume naquele momento, em que a gente cruza os dedos, fecha os olhos e pede, implora, que pelo menos dessa vez, só dessa vez de certo...

Deixei um bilhete de despedida para minha mãe, porque sou muito covarde para olhar em seus olhos e dizer que estou indo embora. Estou partindo do mesmo jeito que meu pai fez.

E só em saber disso me sufoca a alma.

O bilhete:

“Mãe quero que saiba que eu te amo muito e que estou tomando essa decisão sem avisar, porque preciso de um tempo sozinha, sinto que estou perdendo o controle da minha vida, não quero que pense que estou fazendo isso por causa de alguma coisa que você tenha feito de errado. Pelo contrario a senhora foi perfeita para mim, saiba que nunca vou poder pagar por todas as coisas que fez por mim... PS: isso não é um Adeus! Te amo”.

Então fui embora...

O primeiro ônibus que peguei, foi para a cidade Salto – SP, os motivos para estar indo ao interior de São Paulo? Sinceramente não sei... Acho que me identifiquei, pois estava mesmo dando um salto na minha vida... E também porque a mocinha simpática da cabine de bilhetes me disse que é uma cidade muito linda e turística.

Apaixonada por um CEOWhere stories live. Discover now