Saindo com estranho.

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Encontro um hotel não muito longe de onde desci.
É um bom começo, já que não sei quanto tempo pretendo ficar aqui, assim será mais fácil quando eu decidir ir embora.

O quarto não é muito grande, mas bem aconchegante e o aspecto desse lugar de algum modo me faz sentir em casa.
Imediatamente penso em minha mãe, será que ela já viu meu bilhete?

Como ela deve ter acordado hoje? Está decepcionada comigo ou me odiando por ter ido embora? São tantas perguntas.
Porque mesmo eu não querendo, mesmo dizendo pra mim mesma que vou voltar, que é só por um tempo, no fundo eu sei que fiz a mesma coisa que meu pai e isso me torna tão covarde quanto ele.

Já não sei se estou fazendo a coisa certa.

Talvez eu devesse voltar para casa! O que eu penso que estou fazendo ?
Estou sendo uma idiota, que nem espírito aventureiro tem para se enfiar em uma cidade desconhecida dessas.

Sem querer meu pensamento se volta para o cara do ônibus e no que ele me disse, para não pensar demais, talvez ele tenha razão.
Eu já dei o primeiro passo, agora é só continuar caminhando, aos poucos eu vou descobrindo o que fazer. Um passo de cada vez...

As horas passam e eu não consigo tirar a imagem daquele homem da minha cabeça, por mais que eu tente aquele olhar tão intenso e pensativo insiste em ficar gravado na minha mente. Tive a leve impressão que o modo como ele me olhava, o trazia lembranças de alguém ou de alguma coisa.

Mais enfim, bola pra frente, até porque o motivo da minha fuga foi outro, vida nova pra mim e ficar babando pelo primeiro homem que encontro não é a melhor estratégia. Então nada de ficar pensando em homens estranhos!

Guardo minhas roupas numa cômoda não tenho tanta coisa, quando sai de casa não pensei em trazer muito, só o necessário.

Quero andar pela cidade, conhecer um pouco daqui, mas primeiro vou para o chuveiro, deixo a agua lavar todas as minhas inseguranças e preocupações, pela primeira vez no dia consigo relaxar um pouco.

Saio do hotel já era umas 19h30min, um pouco tarde para conhecer a cidade, não sei se vou conseguir ver muita coisa esse horário.
Então estou meio que vagando, nem presto muito atenção na cidade, só ando sem rumo.

Lembro-me quantas vezes já me imaginei fazendo uma coisa dessas, simplesmente sair de casa, andar sem rumo, sem lugar certo, nem hora pra voltar só deixar o tempo passar... Acho que todo mundo já teve vontade de fazer isso né?

Só que não fazem, porque a maior parte do tempo estão muito ocupadas, preocupadas demais com o que vão fazer da vida delas ou talvez tenham tantos problemas que se esquecem de tirar um tempo para si mesmas. Até porque não precisa de muito, a felicidade está nas pequenas coisas que às vezes passa despercebido por nós e quando percebemos já é tarde demais.

Estou tão distraída e absorta em meus pensamentos que não percebo o que estou fazendo, até que esbarro em alguém.

-Oh por favor, me desculp... - Não consigo terminar a frase, pois fico presa naqueles olhos que estive pensando boa parte da noite.

Não pode ser, que de todas as pessoas que eu poderia ter esbarrado e é logo com ele que isso acontece.
Quais as chances?

O pior de tudo é que estava ainda mais lindo, com terno e tudo! O cabelo antes bagunçado, agora estava perfeita arrumado penteado para traz com gel. Nem parece a mesma pessoa do ônibus, se não fosse por aqueles olhos, nem o reconheceria. E que olhos!

Está com o rosto sério, mas quando o reconhecimento o bate, sua expressão muda imediatamente.

-Gatinha! Ele me puxa para um abraço longo e apertado...

Apaixonada por um CEOWhere stories live. Discover now